CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO CARACOL N°27

2023-01-02

Crítica literária: voltas, reconfigurações e expansões na América Latina

No início dos anos 1980, a revista New Literary History pubicou “Literary Theory in the University: a Survey”, o resultado de uma entrevista realizada com reconhecidos críticos e teóricos da literatura de origem euro-americanos, na qual lhes perguntava para que serve a Teoria da Literatura, o que é a Teoria Literária e como a Teoria Literária funciona na universidade. As questões apontavam para a necessidade de uma reflexão acerca da constituição do nosso campo disciplinar e de suas (im)possibilidades no contexto das diversas transformações e renovações ocorridas tanto nos Estudos Culturais quanto nas Ciências Sociais em geral, que alteravam sensivelmente as posições das peças do jogo nos estudos literários. A ausência de concepções em comum capazes de aproximar as respostas dos entrevistados, bem como a dificuldade de diferenciar entre crítica e teoria, assinalavam não só as disputas internas ao próprio campo, mas também a ausência de uma base terminológica comum ou, ainda, o crescente relativismo nos estudos literários, que não se podia mais ignorar. Enquanto, por um lado, se tinha a impressão de que tal situação poderia arruinar os estudos literários (ou, ao menos, suas vertentes mais visitadas), por outro, o que vimos desde então foi o crescimento de formas, práticas e expansões dos discursos a respeito da literatura – seu estatuto, suas expressões, suas relações com outros âmbitos estéticos e disciplinares, as indefinições entre a literatura e os discursos teóricos e críticos, etc. –, a tal ponto que hoje essas indeterminações praticamente se afirmam como um aspecto fundamental da crítica literária.

Na América Latina, em meio ao diálogo heterogêneo com teorias e noções importadas da Europa e dos EUA – os estudos de gênero, os debates pós-modernos, a decolonialidade, a pós-colonialidade, os novos marxistas, a Global Literature, entre outras –, tanto sobrevivem perspectivas críticas de fôlego, como aquelas que se perguntam sobre as relações entre nossa produção estética e cultural, a história latino-americana e seus trânsitos pelo (ou no) contexto global (de Cornejo Polar a Mabel Moraña, Nelly Richard e Canclini, por exemplo), quanto aquelas que, num diálogo crítico mantido com as correntes estruturalistas e pós-estruturalistas (especialmente francesas) continuam mostrando-se relevantes para a leitura literária e para a prática crítica como ato, singularidade, subjetividade (Barthes, Blanchot, Deleuze, Derrida).

Por sua vez, certa crítica mais recente, apesar de diversificada e, por vezes, em tensão (Ludmer, Garramuño, Link, Laddaga, Giordano, Panesi, Santiago, Sussekind, Antelo), participa de um processo relevante de experimentação no campo crítico – tanto na forma e nos gêneros mobilizados quanto nas ideias visitadas e postuladas –, o que nos permite vislumbrar algumas mudanças no próprio lugar desses discursos e práticas latino-americanos, no âmbito expandido dos estudos literários, não como simples emprego e difusão de teorias estrangeiras, mas como produtores de discursos e dispositivos de leitura que transtornam nossas relações históricas com a prática da crítica literária, redefinindo-as, reconfigurando-as e convidando-nos a repensar não apenas o papel do discurso e da prática crítica nos estudos literários atuais, mas também as estratégias e políticas (institucionais, literárias) à nossa disposição nesse exercício. Essas experiências de leitura também demonstram a urgência de se voltar a atenção ao detalhe, à singularidade, talvez como única via por meio da qual a crítica atual poderá recuperar (ou sustentar) uma relação crítica com seu objeto (o literário), assim como com as questões (teóricas, éticas, estéticas) de nosso tempo.

A partir de tais questões, este dossiê propõe pensar e discutir os discursos, as formas e as práticas da crítica literária e do pensamento teórico latino-americanos, bem como seus debates mais recentes, procurando refletir sobre os processos de continuidade e descontinuidade que os marcam, seus referenciais simbólicos, filosóficos e temporais, além do rol de possibilidades que suas expansões atuais oferecem aos estudos literários e às artes na América Latina. Entre os eixos possíveis para o desenvolvimento desta proposta, destacamos os seguintes:

  • História e pensamento da crítica na América Latina (momentos e pontos de destaque, nomes, problemáticas).
  • Adesões e recusas teóricas e filosóficas da crítica latino-americana.
  • Polêmicas da crítica no meio acadêmico e na mídia.
  • Políticas da crítica latino-americana das últimas décadas.
  • Modos de ler e leitura como ato ou experiência na crítica latino-americana.
  • Formas da crítica contemporânea (ensaio, ficção, pós-crítica, experimentalismos, hibridismos e expansões).
  • Performance e escritura na crítica contemporânea.
  • Cartografias recentes da crítica da/sobre a literatura latino-americana.

Organizadores do dossiê: Wanderlan Alves (UEPB/CNPq) e Rafael Gutiérrez (UFRJ)

Os artigos devem ser submetidos por meio da plataforma da revista Caracol, usando-se o link a seguir: https://www.revistas.usp.br/caracol/about/submissions. Os textos deverão obedecer às normas estabelecidas pela revista, em suas diretrizes para autores disponíveis na mesma página web.

Data-limite para a submissão de artigos: 15/06/2023.

 

Crítica literaria: vueltas, reconfiguraciones y expansiones en América Latina

A comienzos de los años 1980, New Literary History publicó “Literary Theory in the University: a Survey”, el resultado de una encuesta hecha con destacados críticos y teóricos de la literatura de origen euroamericano, en la que les preguntaba para qué sirve la Teoría Literaria, qué es la Teoría Literaria, y cómo la Teoría Literaria funciona en la universidad. Las cuestiones apuntaban a la necesidad de una reflexión sobre la conformación de nuestro campo disciplinario y sus (im)posibilidades en el contexto de diversos cambios y renovaciones surgidas tanto en los Estudios Culturales como en las Ciencias Sociales en general, que movían sensiblemente las piezas del juego en los estudios literarios. La ausencia de concepciones comunes capaces de aunar las respuestas de los entrevistados, así como la dificultad de distinguir entre la crítica y la teoría, señalaban no sólo las disputas internas al propio campo, sino la ausencia de un marco terminológico común o, aún, el lugar creciente del relativismo en los estudios literarios que, ya en la época, no se podía soslayar. Si bien quedaba la impresión de que dicha situación podría provocar la ruina de los estudios literarios (o por lo menos de sus senderos entonces más frecuentados), lo que se ha visto desde entonces ha sido el crecimiento de formas, prácticas y expansiones de los discursos en torno a la literatura –su estatuto, sus expresiones, sus relaciones con otros entornos estéticos y disciplinarios, las indefiniciones entre la literatura y los discursos teóricos y críticos, etc.–, a tal punto que hoy estas indeterminaciones casi logran afirmarse como aspecto fundamental de la crítica literaria.

En América Latina, en medio del diálogo heterogéneo con teorías y nociones importadas de Europa y los Estados Unidos –los estudios de género, los debates posmodernos, la decolonialidad, la poscolonialidad, los nuevos marxistas, la Global Literature, entre otras–, perviven perspectivas críticas de largo aliento, como las que se interrogan sobre las relaciones entre nuestra producción estética y cultural, la historia latinoamericana y sus tránsitos por (o en) el contexto global (de Cornejo Polar a Mabel Moraña, Nelly Richard y Canclini, por ejemplo), tanto como aquellas que, en un diálogo sostenido y crítico con los aportes estructuralistas y posestructuralistas, especialmente el francés, siguen siendo relevantes para la lectura de la literatura y la práctica crítica como acto, singularidad, subjetividad (Barthes, Blanchot, Deleuze, Derrida).

A su vez, cierta crítica más reciente, aunque diversa entre sí y a veces en tensión (Ludmer, Garramuño, Link, Laddaga, Giordano, Panesi, Santiago, Sussekind, Antelo), ha dado muestras de un proceso relevante de experimentación en el campo crítico –tanto en la forma y los géneros practicados como en las ideas que manejan y plantean–, lo cual nos permite divisar algunos cambios en el propio lugar de dichos discursos y prácticas latinoamericanas en el marco ampliado de los estudios literarios, ya no en tanto simple movilización y difusión de teorías extranjeras, sino como productores de discursos y dispositivos de lectura que trastocan nuestras relaciones históricas con la práctica de la crítica literaria, redefiniéndolas, reconfigurándolas e invitándonos a replantear no sólo el rol del discurso y de la práctica crítica en los estudios literarios actuales, sino las estrategias y políticas (institucionales, literarias) a nuestra disposición en este ejercicio. Estas experiencias de lectura demuestran, asimismo, la urgencia de una vuelta a la atención al detalle, a lo singular, quizás la única manera a través de la cual la crítica actual puede recobrar (o sostener) una relación crítica con su objeto (lo literario) tanto como con las cuestiones (teóricas, éticas, estéticas) de nuestro tiempo.

A partir de dichas cuestiones, este dossier propone pensar y discutir los discursos, las formas y las prácticas de la crítica literaria y el pensamiento teórico latinoamericanos, así como sus debates más recientes, buscando reflexionar sobre los procesos de continuidad y discontinuidad que los caracterizan, sus marcos simbólicos, filosóficos y temporales, así como el abanico de posibilidades que sus expansiones actuales aportan a los estudios sobre las literaturas y las artes en América Latina. Entre los ejes de desarrollo posibles para esta convocatoria, destacamos los siguientes:

  • Historia y pensamiento de la crítica en América Latina (hitos, nombres, problemáticas).
  • Adhesiones y rechazos teóricos y filosóficos en la crítica latinoamericana.
  • Polémicas de la crítica en la academia y en los medios.
  • Políticas de la crítica latinoamericana de las últimas décadas.
  • Modos de leer y lectura como acto o experiencia en la crítica latinoamericana.
  • Formas de la crítica contemporánea (ensayo, ficción, post-crítica, experimentaciones, hibridaciones y expansiones)
  • Performance y escritura en la crítica contemporánea.
  • Cartografías recientes de la crítica de/sobre la literatura latinoamericana.

Organizan este dossier: Wanderlan Alves (UEPB/CNPq) y Rafael Gutiérrez (UFRJ)

Los artículos serán enviados a la revista Caracol a través de su plataforma de publicación por el siguiente enlace:  https://www.revistas.usp.br/caracol/about/submissions. Los textos seguirán las directrices de la revista disponibles en su sitio web.

Fecha-límite para envío de artículos: 15/06/2023.