RAZÃO E SENTIMENTO NA TEORIA MORAL DE HUME
Palavras-chave:
Hume, razão, sentimento, moral, filosofia escocesaResumo
Os papéis desempenhados pela razão e pelo sentimento na teoria moral de Hume têm gerado algumas controvérsias entre os comentadores da obra do filósofo escocês. Alguns, como David Fate Norton, vêem com certo estranhamento o fato de o tom do texto de Hume buscar desqualificar a influência da razão nas distinções morais realizadas pelos homens quando, na verdade, a argumentação do filósofo parece atribuir um papel a ela. Outros comentadores defendem a tese de que o termo razão, nos textos morais de Hume, não deve ser entendido da maneira como geralmente o fazemos. Defendo, ao longo deste artigo, que a leitura dos textos morais de Hume no contexto do debate sobre os fundamentos da moral no século XVIII leva a crer que, ao falar em razão, Hume tem em mente um sentido não tão diferente do que usualmente lhe é atribuído. Ainda assim, apesar do tom empregado pelo filósofo, esse fato não deve causar surpresa. Isso porque a retórica de que o autor faz uso não tem como alvo a razão em si mesma, mas uma certa maneira de conceber a moralidade que via na razão o fundamento último das distinções morais.