Na sala do teatro, “É de Diadorim que você deve de me chamar”

Autores

  • Luana Alves dos Santos Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v39i2p266-277

Palavras-chave:

Diadorim, Beauvoir, Butler, Performance, Gênero

Resumo

Num primeiro plano, partindo do fato de que Diadorim é uma subjetividade atravessada pelo olhar do outro – ou seja, não se trata de uma subjetividade que narra a si mesma, mas de uma subjetividade cujo “ser” se põe, face a um narrador em primeira pessoa, como “ser-para-outro” – é preciso indagar em que medida a revelação de seu corpo como sendo corpo-de-mulher contribui, na maneira pela qual Riobaldo-narrador tece os fios do passado, para o acorde entre feminino e alteridade. Trata-se, portanto, de investigar o ajuste firmado, no romance de Rosa, entre o feminino e a condição de “Outro absoluto” que lhe é atribuída e sobre a qual discorre Simone de Beauvoir. Num segundo plano, para além do exame sobre o que o romance fala (seus ajustes e pactos), é preciso deslindar o que o romance dissimula. Em outras palavras, mais do que capturar Diadorim em uma identidade de gênero, ainda que provisória – visto que Diadorim parece não performar os padrões de masculinidade impostos por seus pares e daí receber o epíteto de “o delicado”; tampouco Diadorim “torna-se mulher”, mas é, discursivamente, “tornada” mulher, no advento de sua morte – pretendemos demonstrar que o que o romance dissimula é o escândalo, manifesto já no nome “Diadorim”, da desorganização das normas de inteligibilidade de gênero; a essa altura, tomaremos como pressupostos teóricos os estudos de Judith Butler sobre o tema.

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Biografia do Autor

  • Luana Alves dos Santos, Universidade de São Paulo

    Doutoranda em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), sob orientação da Profa. Dra. Silvana de Souza Ramos. E-mail: luana.santos@usp.br.

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Publicado

2021-12-21

Como Citar

Na sala do teatro, “É de Diadorim que você deve de me chamar”. (2021). Cadernos De Ética E Filosofia Política, 39(2), 266-277. https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v39i2p266-277