Maquiavel e a Política do Desejo

Autores

  • Silvana de Souza Ramos Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v1i24p40-61

Palavras-chave:

Lefort, Maquiavel, La Boétie, Montaigne, Liberdade, Desejo

Resumo

O artigo leva em conta as diferentes leituras da obra de Maquiavel – as quais tentam explicar a dualidade do autor (ao mesmo tempo republicano e conselheiro de Lorenzo de Médici) – e traz para o primeiro plano de análise a defesa da liberdade e a articulação desta com a dinâmica dos humores da cidade a fim de pôr em relevo a decisiva contribuição de C. Lefort para a discussão do caráter democrático dos ensinamentos do pensador florentino. Em seguida, trata-se de encontrar no Discurso da servidão voluntária, de La Boétie, e nos Ensaios, de Montaigne, isto é, na recepção francesa da filosofia política de Maquiavel orquestrada no século XVI, novas evidências da articulação entre desejo e liberdade. Tais elementos não apenas se mostram consoantes a interpretação fornecida por C. Lefort, mas também promovem desdobramentos importantes no que se refere à reflexão sobre a institucionalização do desejo do povo e sobre o poder deste para salvaguardar a liberdade da república frente à ambição dos grandes.

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Publicado

2014-10-18

Como Citar

Ramos, S. de S. (2014). Maquiavel e a Política do Desejo. Cadernos De Ética E Filosofia Política, 1(24), 40-61. https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v1i24p40-61