A política nos limites do juízo meramente reflexionante: Arendt, leitora de Kant

Autores

  • Antonio Ianni Segatto Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v2i37p161-175

Palavras-chave:

Juízo político, espectador, reflexão, Arendt

Resumo

Comentadores frequentemente apontaram um conflito entre a concepção tardia de Arendt acerca do juízo como uma capacidade espiritual e sua concepção inicial, segundo a qual o juízo político estaria vinculado à ação. Haveria, pois, uma contradição entre o ponto de vista do espectador, assumido na concepção tardia, e ponto de vista do ator, que caracteriza a concepção inicial. Neste artigo, procuro mostrar que a origem de tal inconsistência reside no fato de que, desde seus comentários à filosofia kantiana da década de 1950, Arendt separava de maneira estrita juízos determinantes e juízos reflexionantes e, baseando-me em comentários recentes, apresento a possibilidade de uma leitura alternativa da filosofia kantiana que privilegia a unidade do sistema crítico.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ARENDT, Hannah. A condição humana. 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

ARENDT, Hannah. A vida do espírito: o pensar, o querer, o julgar. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2002.

ARENDT, Hannah. Denktagebuch (1950 bis 1973), Erster Band. München: Piper, 2002.

ARENDT, Hannah. O que é política?. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

ARENDT, Hannah. Lições sobre a filosofia política de Kant. 2ª edição revista e ampliada. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.

ARENDT, Hannah. “Freedom and politics”. In: HUNOLD, A. (org.). Freedom and serfdom: an anthology of western thought. Dordrecht: D. Reidel Publishing Company, 1961.

ARENDT, Hannah; JASPERS, Karl. Correspondence 1926-1969. New York: Harcourt Brace, 1993.

BEINER, Ronald. “Hannah Arendt sobre ‘O Julgar’”. In: ARENDT, Hannah. Lições sobre a filosofia política de Kant. 2ª ed. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.

BEINER, Ronald. Political Judgment. London: Methuen, 1983.

BENHABIB, Seyla. The reluctant modernism of Hannah Arendt. Thousand Oaks, California: Sage, 1996.

BERNSTEIN, Richard J. “Judging – The actor and the spectator”. In: Philosophical profiles: essays in a pragmatic mode. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1986.

D’ALLONNES, Myriam Revault. “Kant, Arendt et la faculté de juger politique”. In: KERVÉGAN, Jean-François (org.). Raison pratique et normativité chez Kant: droit, politique et cosmopolitique. Lyon: ENS Édition, 2010.

D’ALLONNES, Myriam Revault. “Le courage de juger”. In: ARENDT, Hannah. Juger: sur la philosophie politique de Kant. Paris: Éditions de Seuil, 1991.

DEGRYSE, Annelies. “Sensus communis as a foundation for men as political beings: Arendt’s reading of Kant’s Critique of Judgment”. Philosophy and Social Criticism, vol. 37, nº 3, 2011.

DUARTE, André. O pensamento à sombra da ruptura: política e filosofia em Hannah Arendt. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

GRANDJEAN, Antoine. “Jugement moral en situation et exception chez Kant”. Philosophie, n° 81, 2004.

KANT, Immanuel. Crítica da faculdade de julgar. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2016.

KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2016.

KANT, Immanuel. Prolegômenos a qualquer metafísica futura que possa apresentar-se como ciência. São Paulo: Estação Liberdade, 2014.

KANT, Immanuel. Lógica. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1992.

KEINERT, Maurício Cardoso. “Critique of practical reason: Moral law and autonomy”. In: ROHDEN, Valério; TERRA, Ricardo; ALMEIDA, Guido Aantonio de; RUFFING, Margit (orgs.). Recht und Frieden in der Philosophie Kants: Akten des X. Internationales Kant-Kongresses, Band 3. Berlin: Walter de Gruyter, 2008.

LONGUENESSE, Béatrice. “Kant’s leading thread in the Analytic of the Beautiful”. In: Kant on the human standpoint. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

LONGUENESSE, Béatrice. Kant on the human standpoint. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

LONGUENESSE, Béatrice. Kant et le pouvoir de juger. Paris: Presses Universitaires de France, 1993.

NOUR, Soraya. À paz perpétua de Kant. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

PERES, Daniel Tourinho. Kant: metafísica e política. Salvador: EDUFBA; São Paulo: Ed. Unesp, 2004.

TERRA, Ricardo. “Determinação e reflexão em À paz perpétua”. In: Passagens: estudos sobre a filosofia de Kant. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2003.

TORRES FILHO, Rubens Rodrigues. “A terceira margem da filosofia de Kant”. In: PERES, Daniel Tourinho et al. (orgs.) Tensões e passagens: filosofia crítica e modernidade. São Paulo: Singular/Esfera Pública, 2008.

WELLMER, Albrecht. “Hannah Arendt on judgment: the unwritten doctrine of reason”. In: Endgames: the irreconcilable nature of modernity. Cambridge, Mass.: The MIT Press, 1998.

Downloads

Publicado

2020-12-28

Como Citar

A política nos limites do juízo meramente reflexionante: Arendt, leitora de Kant. (2020). Cadernos De Ética E Filosofia Política, 2(37), 161-175. https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v2i37p161-175