Os toreros em Belo Horizonte: construindo caminhos na contramão das ruas da cidade
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2595-2536.v29i2p%25pResumo
Os toreros são vendedores ambulantes de Belo Horizonte que não possuem licença ou salvaguardas legais de qualquer tipo e elaboram suas táticas de circulação e venda com base em brechas que encontram em meio à operacionalização da fiscalização, entre negociações, esquivas e conflitos diários. São figurados e, por isso, definem-se, relacionalmente, como um dos principais adversários do ordenamento urbano em Belo Horizonte. Neste artigo discuto o tema das coletividades em torno do trabalho destes ambulantes contemporaneamente, debatendo as decorrências da hipótese da “crise das identidades” no mundo do trabalho, tendo em vista a forma como foram pensadas e constituídas convencionalmente. Em seguida, mobilizo o tema das identidades sociais e memória coletiva, conceitos que proporcionam uma reflexão sobre os sentidos de coletividade e pertença produzidos pela experiência de classe mas que, muitas vezes, ficam subsumidos pelas narrativas das histórias oficiais elaboradas pelos grupos dominantes representados pelo Poder Público, grande mídia etc. Os dados debatidos são fruto de pesquisa de cunho qualitativo: levantamento documental, observação de campo e entrevistas semi-estruturadas.