MEMÓRIA, EMIGRAÇÃO, FESTA E RETORNO A PARTIR DO INTERIOR NORDESTE PORTUGUÊS
Resumo
Este trabalho é uma reflexão teórico-metodológica sobre o estudo das migrações com base na revisitação e recorte da etnografia multilocalizada (MARCUS, 1996) que desenvolvi entre 2011 e 2013. O estudo enfoca uma aldeia no interior nordeste de Portugal que é intensamente marcada pela emigração. Os censos decenais comprovam o progressivo e regular esvaziamento das aldeias de modo geral, e de Vilas Boas especificamente. No entanto, a pergunta primeira que move a pesquisa não é a comum “por que partem?” (embora seja também relevante), mas sobretudo “por que continuam voltando?”. A mobilidade como centro da problemática aponta para a temporalidade cíclica da migração. Procurarei destacar os significados êmicos do regresso anual nos períodos festivos, observando os modos pelos quais a vida nos contextos de destino se articula à temporalidade propriamente local das celebrações (que são para as aldeias eventos altamente ansiados, momento em que culmina todo o processo social aqui enfocado). Por meio do retorno, cidade e aldeia passam a constituir um mesmo sistema social em que a experiência do emigrante está sempre atravessada por suas estratégias de ascensão social. Desse modo, buscarei analisar os modos pelos quais a migração e os migrantes continuam produzindo a aldeia por meio de uma economia do retorno.
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