PROJETOS DE VIDA DE ADOLESCENTES E JOVENS DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO VALE DO MUCURI/MG*

Autores

  • Eva Aparecida da Silva Universidade Estadual Paulista

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2595-2536.v26i2p88-103

Palavras-chave:

Comunidades remanescentes de quilombo. Projetos de vida. Adolescentes e jovens.

Resumo

Este artigo traz informações sobre a pesquisa “Projetos de vida de jovens quilombolas”, financiada pela Fapemig, no período de 2012 a 2014, realizada com adolescentes e jovens das comunidades remanescentes de quilombo Cama Alta, Córrego Novo e São Julião, situadas no município de Teófilo Otoni, pertencente à mesorregião do Vale do Mucuri, Minas Gerais. Nesse estudo pudemos apreender, por meio de três instrumentos de coleta de dados (questionário, entrevista e roda de conversa) a educação enquanto o principal componente na construção dos projetos de vida desses sujeitos adolescentes-jovens. Eles atribuem a ela papel importante na conquista de uma profissão que venha a possibilitar melhores condições de vida para sua família (a dos pais ou parentes mais próximos e aquela que poderão constituir). Muitos deles desejam se tornar professores, veterinários, engenheiros e, para isso, consideram que devem se dedicar aos estudos. O apoio da família também se mostra imprescindível para a efetivação desse desejo. Embora desejem algumas das profissões que conferem status social, especialmente nos grandes centros urbanos, alguns jovens não veem como alcançá-las e, por isso, visualizam atividades que os mantenham no rural, mas com certos privilégios, tais como vaqueiro e fazendeiro. Muitos deles expressam a vontade de, por meio dos estudos e do exercício da profissão escolhida, viver fora da comunidade. Se, por um lado, a educação escolar é tida pelos jovens como meio de obter melhores condições de vida, com o exercício de uma profissão e de saída da comunidade, por outro lado, ela também se mostra um obstáculo à concretização de seus projetos de vida. Essa contradição é percebida na descrição acerca da falta de estrutura das escolas frequentadas, física e de recursos humanos. Eles não têm clareza acerca da possibilidade de uma educação escolar quilombola (Parecer CNE/CEB 16/2012) que articule saberes tidos como universais e saberes que dão ênfase à identidade étnico-racial, à história e cultura da África e afro-brasileira (Lei 10639/2003) e às questões que envolvem território e territorialidade, próprios à condição de negro, rural e quilombola, mas a percepção acerca do descompasso entre o conhecimento escolar e aquele que emerge das experiências cotidianas dessas comunidades.

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Biografia do Autor

  • Eva Aparecida da Silva, Universidade Estadual Paulista
    Graduada em Ciências Sociais (UNESP); Mestre e Doutora em Educação – Área Ciências Sociais Aplicadas à Educação (FE/UNICAMP); Professora Adjunta da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), no período de 2007 a 2014; Professora Assistente Doutora da UNESP, Campus de Araraquara, a partir de 2014

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Publicado

2016-07-07

Edição

Seção

Dossiê Amazônia

Como Citar

PROJETOS DE VIDA DE ADOLESCENTES E JOVENS DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO VALE DO MUCURI/MG*. (2016). Cadernos CERU, 26(2), 88-103. https://doi.org/10.11606/issn.2595-2536.v26i2p88-103