“Pois por quem David santo se condena?"

Imagem e representação do poeta bíblico entre poetas de expressão medieval

Autores

  • Alessandra Conde da Silva Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-8051.cllh.2019.178689

Palavras-chave:

Rei David, Literatura medieval e renascentista, Pictografia

Resumo

Na pictografia do período medieval, é frequente a presença de personagens bíblicos. Estudos iconográficos e iconológicos revelam que os motivos davídicos se adaptaram tanto à pictografia, quanto à literatura. Se, nas imagens, o rei David não deixou de ser retratado sem a posse de uma harpa, coroa ou em companhia de um leão ou de um urso, por exemplo, na literatura, o rei é representado como profeta e como antepassado de Cristo, constituindo-se como topos. Nas Cantigas de Santa Maria, de Alfonso X e em A demanda do Santo Graal a menção a David é explícita. Sobretudo em relação ao temário, percebe-se que a imagem davídica é compreendida tanto como representante do humano, como do divino. Na construção da personagem, tanto na arte quanto na literatura, é possível perceber o sentido sagrado e profano que se interpenetram. Esse é um aspecto que se destaca principalmente no final da Idade Média e no Renascimento. Curiosamente, em uma ocorrência fortuita, um possível David perdido, no Museu de Arte Sacra na cidade de Bragança, no Pará, encontra correspondência na pictografia davídica. Tendo tais considerações como parâmetro, este artigo pretende refletir sobre a presença do rei David em textos da literatura, considerando a pictografia medieval sobre o monarca. Para este estudo, os apontamentos de Dominique Ponnau, José Alberto Morán, Francisco de Asís García, Manuel Pedro Ferreira, Márcia Mongelli, Mário Martins, Jean-Michel Roessli, Erwin Panofsky entre outros, serão tomados por auxílio teórico.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

A DEMANDA do Santo Graal. Edição de Irene Freire Nunes. Lisboa: Imprensa Nacional/Cada da Moeda, 1995.

ALFONSO X, el Sabio. Cantigas de Santa María. Disponível em: https://cipm.fcsh.unl.pt/corpus/edicao.jsp?id=1310.

ARISTÓTELES. Retórica. Trad. Manuel Alexandre Jr. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2005.

AUERBACH, Erich. Figura. Trad. Duda Machado. São Paulo: Ática. 1997.

BIBLIA HEBRAICA. Baseada no Hebraico e à luz do Talmud e das Fontes Judaicas. Trad. David Gorodovits e Jairo Fridlin. São Paulo: Editora & Livraria Sêfer, 2006.

CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. São Paulo: Martin Claret, 2009.

CEIA, Carlos; LOPES, Ana Cristina M. Dicionário de teoria da narrativa. São Paulo: Ática. 1988.

FERREIRA, Manuel Pedro. Recordando o rei David: vivência coral e criatividade musical na Europa pós-carolíngia". Medievalista. N 8, Julho, 2010. Disponível em http://www2.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/MEDIEVALISTA8ferreira8005.html. Acesso em setembro de 2014.

GARCÍA, Francisco de Asís García. David músico. Revista digital de iconografia medieval. Volumem IV. n 8. 2012. p. 11-25.

LEVY, Yasmin. Hallelujah. Trad. Leonard Cohen. In: Sentir. Israel: World Village. 2009.

MONGELLI, Lênia Márcia de Medeiros. A Demanda do Santo Graal. In: A Literatura Portuguesa em perspectiva: Trovadorismo/Humanismo. São Paulo: Atlas, 1992. v. 1, p. 55-78.

MORÁN, José Alberto Moráis. La efigie esculpida del Rey David en su contexto iconográfico. Uma poética musical para la APOTHEOSIS celestial en la portada del Cordero de Santo Isidoro de León. In: Imágenes del poder en la Edad Media. Tomo II, Estudios "in Memoriam" del prof. Dr. Femando Galván Freile / coordinacién, Etelvina Fernández González. -- [León]: Universidad de Leén, Área de Publicaciones, 20ll.

PANOFSKY, E. Iconografia e Iconologia: Uma introdução ao estudo da arte da Renascença. In: Significado nas Artes Visuais. Trad. Maria Clara F. Kneese e J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2ª ed., 1986, p. 47-65.

PETRARCA, Francesco. I Trionfi. Milano: Edizione Rizzole. 1997.

PONNAU, Dominique. Figuras de Deus: a Bíblia na Arte. Trad. João Moura Júnior. São Paulo: Editora UNESP. 2006.

ROESLLI, Jean-Michel Roessli. Imágenes de Orfeo en el arte y Judío Cristiano. In: Orfeo y la tradición órfica. Un reencuentro. Madrid: A. Bernabé & F. Casadesus, 2000. p. 179-226.

VASCONCELOS. Yuri. Por que personagens bíblicos, como Moisés, não são santos? Superinteressante. 2020. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/por-que-personagens-biblicos-importantes-como-moises-nao-sao-santos/. Acesso em 17 de novembro de 2020.

VIRGÍLIO. Bucólicas: edição bilíngue. Tradução de Raimundo Carvalho. Belo Horizonte: Crisálida, 2005.

Downloads

Publicado

2019-12-31

Edição

Seção

BÍBLIA HEBRAICA

Como Citar

Silva, A. C. da. (2019). “Pois por quem David santo se condena?" : Imagem e representação do poeta bíblico entre poetas de expressão medieval. Cadernos De Língua E Literatura Hebraica, 17, 64-74. https://doi.org/10.11606/issn.2317-8051.cllh.2019.178689