Apátridas: percursos da memória em sob céus estranhos, de Ilse Losa
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-8051.cllh.2023.197126Palavras-chave:
Literatura, Memória, Língua, Exílio, Ilse LosaResumo
Propomos no presente estudo analisar questões relacionadas à memória de expatriados. O fio que conduz nossa discussão está centrado na obra Sob céus estranhos (1962), de Ilse Losa, que relata o testemunho de sobreviventes judeus que resistiram ao sofrimento que lhes impôs os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. A literatura tem apresentado questões que elucidam e documentam momentos específicos na história, com significativa participação no processo de resgate de memórias, como se deu com obras de autores que testemunharam tragédias, perseguições e massacres por parte dos mais fortes sobre os mais fracos. Trazer ao lume reflexões sobre o passado, seja por meio da ficção, do testemunho ou da historiografia, possibilita uma reorganização da sociedade e, sobretudo, da memória. Significa apoderar-se de uma lembrança tal como ela transparece em momentos ameaçadores, como ocorreu num determinado momento histórico o extermínio massificado dos judeus. O problema, em particular, foi adensado pelo antissemitismo, que daí desencadeou as diásporas forçadas e as dificuldades na busca por territórios que servissem de exílio. Tais fatos levaram os judeus a se afastarem de suas origens. A saída para terras desconhecidas se deu mesmo sem saber, de antemão, sobre as possibilidades de sobrevivência em outros territórios que não estivessem sob o domínio da Alemanha. Nesse novo território, o expatriado sobrevive, principalmente, através de memórias de um passado em que pertencera a uma pátria.
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