Zoneamento e preservação do patrimônio cultural em São Paulo: antecedentes e condicionantes da Z8-200 nos anos 1970

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v16i31p95-122

Palavras-chave:

Patrimônio arquitetônico, Zoneamento urbano, Políticas públicas

Resumo

A trajetória municipal de preservação do patrimônio cultural edificado em São Paulo teve início nos anos 1970 e possui uma ligação histórica com o setor de planejamento urbano, mais precisamente com o instrumento do zoneamento. A decisão de iniciar essa trajetória por meio do zoneamento não é, no entanto, isenta de discordâncias ou tentativas divergentes, mas é lastreada por uma série de fatores que se relacionam com o contexto de discussões e experiências preservacionistas do período, levando em consideração as circunstâncias políticas e a posição privilegiada que esse instrumento havia conquistado perante a administração municipal. O presente artigo busca apontar esses fatores e discutir as circunstâncias que antecederam e possibilitaram a criação do primeiro instrumento de
preservação do patrimônio cultural na cidade: a zona especial Z8-200, criada em 1975. Implementada antes mesmo da instituição do tombamento municipal, a Z8-200 foi fundamental para a proteção de uma série de edificações em São Paulo, sendo extinta em 2002, quando foi incorporada pela atual Zona Especial de Preservação Cultural (ZEPEC).

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Biografia do Autor

  • Mariana Cavalcanti Pessoa Tonasso, Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

    Doutoranda em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), mestra e graduada pela mesma instituição.

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Publicado

2021-06-06

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Artigos

Como Citar

Tonasso, M. C. P. (2021). Zoneamento e preservação do patrimônio cultural em São Paulo: antecedentes e condicionantes da Z8-200 nos anos 1970. Revista CPC, 16(31), 95-122. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v16i31p95-122