Lugares de sociabilidade LGBTQIAP+ na cidade de São Paulo entre as décadas de 1930 e 2010
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v18i35p39-68Palavras-chave:
Território, Memória social, Grupos sociais, GêneroResumo
O século XXI tem intensificado a busca pelo resgate e valorização da reconstrução da memória de grupos sociais silenciados frente aos valores dominantes da sociedade de períodos anteriores, a fim de que as suas vivências sejam reconhecidas enquanto narrativas que compõem a história social. A pesquisa apresentada neste artigo buscou, nessa direção, identificar espaços de sociabilidade das identidades LGBTQIAP+ na cidade de São Paulo, no período compreendido entre o início do século XX e meados da década de 2010. Essa identificação fundamentou-se nas indicações espaciais constantes em referências bibliográficas sobre o tema, bem como em relatos de mídias diversas, que revelam a ocupação de áreas públicas e a apropriação de estabelecimentos de entretenimento noturno pelas referidas identidades. A partir disso, foram realizados os mapeamentos de lugares e deslocamentos espaciais das sociabilidades LGBTQIAP+, organizados por períodos históricos, sobre foto aérea do Google Earth, para a criação de uma base única de comparação. Foi possível constatar, então, uma concentração persistente de lugares de sociabilidade no chamado centro histórico, com uma expansão a sudoeste, considerando o seu fácil acesso e a construção, no tempo, de um espaço simbólico de diversidade social e de resistência, contrapondo-se a uma quase inexistente apropriação de espaço nas regiões periféricas. Fica evidente, assim, a dicotomia de dinâmicas de ocupação entre essas regiões devido às suas diferentes atividades, usos e tipo de usuários.
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