Documento versus monumento: uma história para ser preservada e uma obra para ser destruída
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v19i38p91-111Palavras-chave:
Monumento histórico, Patrimônio arquitetônico, Processo de tombamentoResumo
Assistimos na atualidade, principalmente no cenário paulista, a uma série de concessões direcionadas à iniciativa privada para o gerenciamento de obras consideradas importantes marcos referenciais da cidade. Sem nenhum tipo de contrapartida do Estado que garanta o cuidado com a preservação, tais obras ficam à mercê do senso de empresas que muitas vezes não consideram o valor cultural relevante nas suas intervenções, resultando em perdas irreparáveis. O texto se propõe a, partindo do exemplo do Parque Anhembi, relatar alguns pontos específicos do caso, mas que mostram a urgência de se colocar em pauta tal conduta do ponto de vista teórico e prático. Tal revisão recoloca as narrativas usadas, sugerindo a premência de uma discussão mais qualificada nas decisões oficiais, o que passa necessariamente pelo entendimento de três questões: pela diferença entre valor
cultural e valor de uso, pelos valores em jogo na definição de monumento e monumento histórico, e finalmente, pelo entendimento do que significam os termos “documento” e “monumento”. Espera-se que minimamente seja possível fortalecer o papel da arquitetura enquanto documento material capaz de trazer à luz do presente alguns caminhos percorridos no passado e, consequentemente, alimentar novas possibilidades futuras.
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