Identidade, Estado-nação e patrimônio: o tombamento do Parc National Historique no Haiti (1940-1990)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v16i31p39-68

Palavras-chave:

Identidade nacional, Monumento histórico, Patrimônio mundial

Resumo

Sabendo que o Haiti liderou a única revolução levada a cabo por negros escravizados que pôs fim ao sistema colonial escravocrata e racista na ilha, dando lugar à primeira República negra do mundo, nos perguntamos sobre a constituição da sua identidade nacional e sua  materialização nos patrimônios históricos. Assim, este artigo analisa os processos de preservação do patrimônio haitiano entre as décadas de 1940 e 1990 – período de  institucionalização e tombamento dos primeiros monumentos históricos nacionais – identificando as circunstâncias que levaram ao surgimento e à implantação da questão como tema politicamente relevante. Analisaremos o período pós-independência relacionado à edificação das fortalezas que constituem o Parc National Historique – Citadelle Laferrière, Sans-Souci, Ramiers (PNH-CSSR), patrimônio cultural da humanidade e patrimônio nacional, – na tentativa de descobrir uma possível difusão de uma consciência do patrimônio nacional e desvendar as bases sobre as quais se ergueu a identidade nacional e como foram constituídas as políticas culturais no Haiti independente.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Loudmia Amicia Pierre Louis, Universidade Federal da Integração Latino-Americana

    Bacharel em História - América-Latina pela ILAACH e mestranda do PPGHIS – UNILA.

  • Ana Rita Uhle, Universidade Federal da Integração Latino-Americana

    Professora da Universidade Federal da Integração Latino-Americana – UNILA; Doutora em História pelo IFCH – Unicamp.

Referências

ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

BABELON, Jean-Pierre; CHASTEL, André. La notion de patrimoine. Paris: Liana Levi, 1994.

BARRAU, Sebastian. Citadelle Laferrière – Haiti. Instagram, 2019. 1 fotografia. Disponível em: https://www.instagram.com/s3bastienb_/.

BÉCHACQ, Dimitri. L’ethnologie et les troupes folkloriques haïtiennes. Politique culturelle, tourisme et émigration (1941-1986). In: BYRON PICARD, Jhon (Org.). Production du savoir et construction sociale. L’ethnologie en Haïti. Canada: Presses de l›université d›état d›Haïti; Presses de l›université Laval, 2014. p. 121-150. Disponível em: https://hal.archives-ouvertes.fr/ hal-01924447. Acesso em: 15 ago. 2019.

BULAMAH, Rodrigo Charafeddine. Ruínas circulares: vida e história no norte do Haiti. 2018. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, École des Hautes Études en Sciences Sociales, Campinas, 2018. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/333454. Acesso em: 15 fev. 2020.

CASIMIR, Jean. Une lecture décoloniale de l’histoire des Haïtiens: Du traité de Ryswick à l’occupation américaine 1697-1915. Port-au-Prince: L’imprimeur, 2018.

CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da “invenção do outro”. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 80-87

CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Estação Liberdade/Ed. UNESP, 2001.

CORRÊA, Alexandre Fernandes. A coleção museu de magia negra do Rio de Janeiro: o primeiro patrimônio etnográfico do Brasil. Mneme – Revista de Humanidades, Rio Grande do Norte, v. 7, n. 18, p. 404-438, out/nov. 2005. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/mneme/article/view/330. Acesso em: 20 jun. 2018.

DUSSEL, Enrique. 1492. El encubrimiento del outro: hacia el origen del mito de la modernidad. La Paz: Plural Editores, 1994.

DUSSEL, Enrique. Europa, Modernidade e Eurocentrismo. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 24-32

ESCOBAR, Arturo. Mundos y conocimientos de otro modo. El programa de investigación demodernidad/colonialidad latino-american. Tabula Rasa, Bogotá, n.1, p. 51-86, enero/dic., 2003.Disponível em: https://www.revistatabularasa.org/numero01/mundos-y-conocimientos- de-otro-modo-el-programa-de-investigacion-de-modernidadcolonialidad-latinoamericano/. Acesso em: 28 out. 2019.

FANON, Frantz. Peles negras, máscaras brancas. Salvador: Editora da UFBA, 2008.

FONSECA, Maria Cecília Londres. Da Modernização à participação: a política federal de preservação nos anos 70 e 80. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro, n. 24, p. 153-165, 1996.

FONSECA, Maria Cecília Londres. O patrimônio histórico na sociedade contemporânea: discurso de posse. RIHGB, Rio de Janeiro, ano 166, n. 428, p. 165-175, jul./set. 2005.

GEARY, Patrick J. O mito das nações: a invenção do nacionalismo. São Paulo: Conrad, 2005.

GOMEZ, E. Alejandro. Le syndrome de Saint-Domingue: perceptions et représentations de la révolution haïtienne dans le monde atlantique, 1790-1886. Thèse (Doctorat en Histoire) – École des Hautes Études em Sciences Sociales, Paris. 2010. Disponível em: https://tel.archives-ouvertes.fr/tel-00555007v2. Acesso em: 20 jun. 2019.

GONÇALVES, José Reginaldo Santos. A retórica da perda. Rio de Janeiro: UFRJ/Ministério da Cultura, 1996.

GROSFOGUEL, Ramón. Giro decolonial, teoría crítica y pensamiento heterárquico. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón (compiladores). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre, 2007.

HAÏTI. Loi du 8 juillet 1921. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 55, 27 juil. 1921.

HAÏTI. Loi du 26 juillet 1927. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 63-64, 8/11 août 1927.

HAÏTI. Décret-loi du 5 septembre 1935. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 77, 12 sept. 1935.

HAÏTI. Loi du 23 avril 1940. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 34, 25 avril 1940.

HAÏTI. Décret-loi du 31 octobre. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 94, 10 nov. 1941.

HAÏTI. Constitution de la République d’Haïti 1946. Le Moniteur, Port-au-Prince, 23 déc. 1946.

HAÏTI. Constitution de de la République d’Haïti 1957. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 144, 22 déc. 1957.

HAÏTI. Loi du 31 juillet 1961. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 76, 7 août 1961.

HAÏTI. Constitution de la République d›Haïti 1964. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 62A, 22 juin 1964.

HAÏTI. Décret du 18 mars 1968. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 23, 18 mars 1968.

HAÏTI. Constitution de la République d’Haïti amendée 1971. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 16, 25 févr. 1971.

HAÏTI. Arrêté du 29 août 1978. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 73A du 26 oct. 1978.

HAÏTI. Loi du 18 septembre 1979. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 90, 19 nov. 1979.

HAÏTI. Décret du 30 mars 1982. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 27, 5 avril 1982.

HAÏTI. Constitution de de la République d’Haïti le 10 mars 1987. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 36, 28 avril 1987.

HAÏTI. Décret du 08 mai 1989. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 42 du 05 juin 1989.

HAÏTI. Arrêté du 23 août 1995. Le Moniteur, Port-au-Prince, n. 68 du 28 août 1995a.

HAÏTI. Proposition de loi portant création du Parc National Historique–Sans Souci–Citadelle–Ramiers. Septembre 1995b.

HARTOG, François. Regimes de historicidades: presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

HERNÁNDEZ, Juan Antonio. Hacia una história de lo imposible: la revolución haitiana y el “Libro de pinturas” de José Antonio Aponte. 2005. 285 f. Tese (Doutorado em Filosofia) – Arts and Sciences, University of Pittsburgh, Pittsburgh, 2005.

HOBSBAWM, Eric. Nações e nacionalismo desde 1780. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.

HOBSBAWM, Eric; RANGER, Terence. La invención de la tradición. Espanha: Editorial Crítica, 2002.

HURBON Laënnec. Culture et dictature en Haïti: l’imaginaire sous contrôle. Paris: Les Éditions L’Harmattan, 1979.

HURBON Laënnec. Le statut du vodou et l’histoire de l’anthropologie. Gradhiva, Revue d’anthropologie et d’histoire des arts, Paris, no 1, p. 153-163, 2005. Disponível em: http://gradhiva.revues.org/336. Acesso em: 3 ago. 2019.

LA CITADELLE Henry: un monument qui le mit debout. BULLETIN DE L’ISPAN, Port-au-Prince, n. 28, 1 sept. 2011.

MADIOU FILS, Thomas. Histoire d’Haïti. Tome 3. Port-au-Prince: impr. Jh. Courtois, 1848. Disponível em: https://babel.hathitrust.org/cgi/pt?id=hvd.32044074319252&view=1up&seq=9. Acesso em: 10 ago. 2019.

MATHELIER, Richard. Une analyse économique du flux touristique du Parc National Historique. Projet PNUD/UNESCO/ISPAN, avril 1990.

MIGNOLO, Walter D. El pensamiento decolonial: desprendimiento y apertura de un manifiesto. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón (compiladores). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007. p. 25-46

MIGNOLO, Walter D. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Rio de Janeiro: PUCRio, 2017.

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História: revistado Programa de Estudos Pós-Graduados de História, [S.l.], v. 10, out. 2012. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/revph/article/view/12101. Acesso em: 30 mar. 2019.

PÉRARD, Jean-Herold. Henry Christophe: un grand méconnu. Canada: Protech LP, 2018.

POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro v. 5, n. 10, p.200-212, 1992.

POULOT, Dominique. Um ecossistema do patrimônio. In: RODRIGUES, C. S. de C. et al. Um olhar contemporâneo sobre a preservação do patrimônio cultural material. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2008. p. 26-43

QUIJANO, Anibal; WALLERSTEIN Immanuel. La americanidad como concepto, o América en el moderno sistema mundial. Revista Internacional de Ciências Sociais, v.XLIV, n.4, p. 583-593, 1992.

QUIJANO, Anibal. A colonialidade do poder: eurocentrismo e ciências sociais. In: LANDER, Edgardo (Org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina: CLACSO, 2005. p. 107-130

QUIJANO, Anibal. Colonialidad del poder y clasificación social. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón (compiladores). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007. p. 93-127

RENÉ, Jean Alix. Formation de l’État et culture politique populaire (1804-1846). Haiti: Le Natal, 2019.

RIEGL, Alois. Le culte moderne des monuments: son essence et sa genèse. Paris: Éditions du Seuil, 1984.

TROUILLOT, M.-R. Silenciando o passado: poder e a produção da história. Curitiba: Huya, 2016. 263p.

VOLTAIRE, Frantz. Mourir pour Haïti: la résistance à la dictature en 1964. Montréal: Éditions du CIDIHCA, 2015.

Downloads

Publicado

2021-06-06

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Louis, L. A. P., & Uhle, A. R. (2021). Identidade, Estado-nação e patrimônio: o tombamento do Parc National Historique no Haiti (1940-1990). Revista CPC, 16(31), 39-68. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v16i31p39-68