Entre prazeres e sofrimentos
vivências subjetivas de trabalhadoras sexuais em São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v21i2p181-195Palavras-chave:
Trabalho sexual, Psicologia sócio-histórica, Psicodinâmica do trabalhoResumo
A pesquisa, fundamentada na articulação da psicologia sócio-histórica e da psicodinâmica do trabalho, buscou compreender aspectos da subjetividade de trabalhadoras sexuais na cidade de São Paulo. Trata-se de pesquisa qualitativa que utilizou, para obtenção de dados, entrevistas semidirigidas. Participaram quatro trabalhadoras sexuais e uma extrabalhadora sexual que lidera uma ONG de acolhimento a trabalhadoras sexuais. A análise do material se deu por meio da identificação de núcleos de significação. Buscou-se contextualizar os aspectos subjetivos obtidos pelas entrevistas com uma perspectiva histórica, social e cultural. A articulação entre significados e sentidos aponta para aspectos de prazer e sofrimento no trabalho sexual. Os resultados indicaram que as trabalhadoras sexuais são socialmente subalternizadas e alvo de diferentes preconceitos. Permanecem, assim, à margem da sociedade. As trabalhadoras apontaram que as vivências de prazer e sofrimento não se associam unicamente à prática sexual, mas, também, ao relacionamento com os colegas, ao ambiente em que a atividade é exercida e a diversas situações relacionadas à organização do trabalho sexual.
Downloads
Referências
Aguiar, W. M. J. & Ozella, S. (2013). Apreensão dos sentidos: aprimorando a proposta dos núcleos de significação. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 94 (236), 299-322.
Barreto, L. C. (2008). Prostituição, gênero e sexualidade: hierarquias sociais e enfrentamento no contexto de Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
Bock, A. M. (2015). A psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia. In A. M. Bock, M. G. M. Gonçalves & O. Furtado (Orgs.), Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em Psicologia (6a ed., pp. 21-46). São Paulo: Cortez.
Bozon, M. (2004). Sociologia da sexualidade. Rio de Janeiro: FGV.
Chapkis, W. (1997). Live sex acts: women performing erotic labor. New York: Routledge
Couto, M. T. & Schraiber, L. B. (2013). Machismo hoje no Brasil: uma análise de gênero das percepções dos homens e das mulheres. In G. Venturi & T. Godinho (Orgs.), Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado: uma década de mudanças na opinião pública (pp. 47-61). São Paulo: Fundação Perseu Abramo.
Crenshaw, K. (2002). Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, 10 (1), 171-188.
Decreto-Lei n. 2.848. (1940, 7 de dezembro). Código Penal. Brasília: Presidência da República. Recuperado de https://bit.ly/1kR39ir
Dejours, C. (2015). A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho (6a ed.). São Paulo: Cortez.
Dejours, C., Jayet, C. & Abdoucheli, E. (1994). Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da relação de prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas.
Despentes, V. (2016). Teoria King Kong. São Paulo: n-1 Edições.
Federici, S. (2017). Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante.
Guimarães, R. M. (2007). Prostituição: patologia, trabalho, prazer? O discurso de mulheres prostitutas. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
Hirata, H. (2011). Tendências recentes da precarização social e do trabalho: Brasil, França e Japão. Caderno CRH, 24 (1), 15-22.
Leite, G. (2009). Filha, mãe, avó e puta: a história de uma mulher que decidiu ser prostituta. Rio de Janeiro: Objetiva.
Moira, A. (2018) Prostituindo saberes. In M. Prada, Putafeminista (pp. 11-15). São Paulo: Veneta.
Oliveira, M. Q. (2008). Prostituição e trabalho no baixo meretrício de Belo Horizonte: o trabalho na vida nada fácil. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
Pasini, E. (2005). Sexo para quase todos: a prostituição feminina na Vila Mimosa. Cadernos Pagu, (25), 185-216.
Pateman, C. (1993). O contrato sexual. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Piscitelli, A. (2005). Apresentação: gênero no mercado do sexo. Cadernos Pagu, (25). Recuperado de https://bit.ly/2KmfvAK
Prada, M. (2018). Putafeminista. São Paulo: Veneta.
Projeto de Lei n. 3.436. (1997, 24 de julho). Dispõe sobre a regulamentação das atividades exercidas por pessoas que praticam a prostituição em desacordo com os costumes morais e atentatórios ao pudor. Brasília: Câmara dos Deputados. Recuperado de https://bit.ly/2Ky5DCP
Projeto de Lei n. 98. (2003, 19 de fevereiro). Dispõe sobre a exigibilidade de pagamento por serviço de natureza sexual e suprime os arts. 228, 229 e 231 do Código Penal. Brasília: Câmara dos Deputados. Recuperado de https://bit.ly/2MKGnw0
Projeto de Lei n. 4.244. (2004, 7 de outubro). Institui a profissão de trabalhadores da sexualidade e dá outras providências. Brasília: Câmara dos deputados. Recuperado de https://bit.ly/2YNBngC
Projeto de Lei n. 377. (2011, 10 de fevereiro). Acrescenta artigo ao Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal –, para dispor sobre o crime de contratação de serviços sexuais, e dá outras providências. Brasília: Câmara dos Deputados. Recuperado de https://bit.ly/33iOgyl
Projeto de Lei n. 4.211. (2012, 12 de julho). Regulamenta a atividade dos profissionais do sexo. Brasília: Câmara dos Deputados. Recuperado de https://bit.ly/2KyHZGs
Przybysz, J. & Silva, J. M. (2017). Espacialidades e interseccionalidades na vivência de mulheres prostitutas mães na cidade de Ponta Grossa-PR. Geousp Espaço e Tempo, 21 (2), 570-585.
Rago, M. (1985). Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar e a resistência anarquista – Brasil (1890-1930). Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Roberts, N. (1996). A prostituição através dos tempos na sociedade ocidental. Lisboa: Editorial Presença.
Russo, G. (2007). No labirinto da prostituição: o dinheiro e seus aspectos simbólicos. Caderno CRH, 20 (51), 497-514.
Silva, A. P. & Blanchette, T. G. (2017). Por amor, por dinheiro? Trabalho (re)produtivo, trabalho sexual e a transformação da mão de obra feminina. Cadernos Pagu, (50). Recuperado de https://bit.ly/2Kjg5zg
Sousa, F. I. (1998). O cliente: o outro lado da prostituição. São Paulo: Annablume.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e da publicação inicial nesta revista. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicado nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e da publicação inicial nesta revista. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.