As vivências do desemprego entre trabalhadores no interior do Rio Grande do Norte
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v22i1p99-115Palavras-chave:
Desemprego, Vivências, Enfrentamento ao desemprego, Sentido do trabalhoResumo
O desemprego tem se tornado foco constante de estudos desenvolvidos pela psicologia, mas o contexto interiorano é pouco explorado. Objetivou-se analisar a vivência do desemprego por trabalhadores em um município interiorano, considerando os significados atribuídos ao trabalho e desemprego, crenças, sentimentos e estratégias de enfrentamento. Foram realizadas entrevistadas semiestruturadas com sete mulheres e três homens, com idade entre 20 e 55 anos e tempo de desemprego entre um mês e 20 anos. Foi possível identificar que a crença do desemprego pode ser atribuída às causalidades externas e o trabalho significado como sobrevivência. Os afetos são ambíguos e as principais estratégias de sobrevivência são a realização de trabalhos informais e dependência do auxílio financeiro da família. Para superar o desemprego, os entrevistados distribuem currículos e realizam capacitação. Conclui-se que há semelhanças entre aspectos das vivências do desemprego interioranos, identificados neste estudo, e outros que focalizaram trabalhadores em grandes centros, se diferenciando no pouco recurso às políticas públicas e aos círculos sociais como forma de superar o desemprego.
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