Idosos e mulheres imigrantes à margem: o caso das badanti na Itália
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v17ispe1p65-74Palavras-chave:
Badanti, Velho, Idoso, Aposentado, Condição de domesticidade, Servidão, Distância necessária, Humilhação, Ressentimento.Resumo
Na Itália, há alguns anos, uma nova profissão nasceu como resposta adaptativa ao envelhecimento da população: a das badanti. Esse termo popular designa as mulheres imigrantes trabalhadoras no domicílio de pessoas idosas. Esse fenômeno de sociedade diz respeito a quatro milhões de pessoas, contando os assistidos e as trabalhadoras. Essas pessoas se encontram à margem da sociedade e são desconsideradas. A desqualificação é implícita, inscrita na própria denominação. Badanti vem do verbo “badare”, que significa “vigiar de perto”, “guardar”: a empatia inscrita no termo “care” ou “ajuda” não está presente. Esse welfare feito em casa, que se revelou um recurso diante da carência de serviços públicos, fez explodir as numerosas contradições que constituirão o objeto de nossa análise. A crônica dos jornais diários sobre incidentes fez vir à tona delitos, abandonos e litígios no momento de heranças, e também contradições nos grupos intermediários. O sindicato, por exemplo, é levado a gerir as guerras entre pobres: as badanti e os idosos aposentados. Todavia, a contradição mais saliente se encontra no cerne da atividade. A profissão apresenta várias facetas e, ao lado da identificação da badante com o assistido, encontramos a humilhação e o ressentimento que resultam das condições de exercício da atividade: a “domesticidade” e a “servidão”.
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