Notas sobre Chernobyl: análise de alguns aspectos relacionados às situações de trabalho da usina nuclear de Pripyat

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v23i2p143-156

Palavras-chave:

Acidente de trabalho, Saúde do trabalhador, Ergonomia, Psicodinâmica do trabalho

Resumo

A partir da série televisiva Chernobyl e dos relatos do livro de Svetlana Aleksiévitch, Vozes de Tchernóbyl, que tratam do acidente nuclear em Pripyat, em 1986, este artigo discute os aspectos relacionados às condições e às relações de trabalho que as cenas evocam. A tragédia de Chernobyl pode ser vista como um acidente de trabalho, tendo ocasionado entre
4.000 e 93.000 mortes. Os aspectos que se pretende examinar dizem respeito às relações de poder, à relação entre o trabalho prescrito e o trabalho real e demais fatores. Na análise proposta, serão usadas as contribuições da psicodinâmica do trabalho, da saúde do trabalhador, da ergonomia francófona e de discussões teóricas acerca do mundo do trabalho. Ainda que as reflexões aqui levantadas sejam suscitadas a partir de adaptações constituídas de doses variáveis de ficção, elas podem ser úteis à discussão de aspectos que podem levar ao adoecimento no trabalho.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Abramides, M. B. C. & Cabral, M. S. R. (2003). Regime de acumulação flexível e saúde do trabalhador. Saúde em

Perspectiva, 17(1), 3-10.

Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. São Paulo: Companhia das Letras.

Antunes, R. (2005). O caracol e sua concha: ensaios sobre a nova morfologia do trabalho. São Paulo: Boitempo.

Areosa, J. (2012). O contributo das ciências sociais para a análise de acidentes maiores: dois modelos em confronto.

Análise Social, (204), 558-584.

Areosa, J. & Dwyer, T. (2010). Acidentes de trabalho: uma abordagem sociológica. Configurações, (7), 107-128.

Bandazhevsky, Y. (2013). Danos causados pelas radiações ionizantes sobre órgãos e sistemas vitais de fetos e crianças

pequenas. Estudos Avançados, 27(77), 201-206.

Baruki, L. V. (2018). Riscos psicossociais e saúde mental do trabalhador: por um regime jurídico preventivo. São Paulo: LTr.

Batista, A. G., Santana, V. S. & Ferrite, S. (2019). Registro de dados sobre acidentes de trabalho fatais em sistemas de

informação no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 24(3), 693-704.

Baverstock, K. & Williams, D. (2007). The Chernobyl accident 20 years on: an assessment of the health consequences

and the international response. Ciência & Saúde Coletiva, 12(3), 689-698.

Brito, J. (2011). A ergologia como perspectiva de análise: a saúde do trabalhador e o trabalho em saúde. In C. Minayo-

Gomes (Org.), Saúde do trabalhador na sociedade brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.

Chanlat, J. F. (2011). O desafio social da gestão: a contribuição das ciências sociais. In P. F. Bendassolli & L. A. P. Soboll

(Orgs.), Clínicas do trabalho: novas perspectivas para compreensão do trabalho na atualidade. São Paulo: Atlas.

Comissão Nacional de Energia Nuclear. (1997). Segurança na operação de usinas nucleoelétricas. Recuperado de

http://antigo.cnen.gov.br/normas-tecnicas

Daniellou, F., Laville, A. & Teiger, C. (1989). Ficção e realidade do trabalho operário. Revista Brasileira de Saúde

Ocupacional, 17(68), 7-13.

Dejours, C. (2006). A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: FGV.

Dupuy, J. P. (2007). A catástrofe de Chernobyl vinte anos depois. Estudo Avançados, 21(59), 243-252.

Dwyer, T. (1989). Acidentes do trabalho: em busca de uma nova abordagem. Revista de Administração de

Empresas, 29(2), 19-31.

Federeci, S. (2017). Calibã e as bruxas: mulher, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante.

Ferreira, J. B. (2013). O real do trabalho. In F. Vieira, A. M. Mendes & A. R. C. Merlo, (Orgs.), Dicionário crítico de gestão

e psicodinâmica do trabalho. Curitiba: Juruá.

Gernet, I. & Dejours, C. (2011). Avaliação do trabalho e reconhecimento. In P. F. Bendassolli & L. A. P. Soboll (Orgs.),

Clínicas do trabalho: novas perspectivas para compreensão do trabalho na atualidade (pp. 61-70). São Paulo: Atlas.

Chernobyl: the true scale of the accident. (2005, 5 de setembro). Recuperado de https://www.iaea.org/newscenter/

pressreleases/chernobyl-true-scale-accident

Lacaz, F. (1996). Saúde do trabalhador: um estudo sobre as formações discursivas da academia, dos serviços e do movimento

sindical. Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil.

Laurell, A. C. & Noriega, M. (1989). Processo de produção de saúde: trabalho e desgaste operário. São Paulo: Hucitec.

Lhuilier, D. (2012). A invisibilidade do trabalho real e a opacidade das relações saúde trabalho. Trabalho e

Educação, 21(1), 13-38.

Minayo-Gomez, C. (2011). Campo de saúde do trabalhador: trajetória, configuração e transformações. In C. Minayo-

Gomes (Org.), Saúde do trabalhador na sociedade brasileira contemporânea (pp. 23-34). Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.

Minayo-Gomez, C. & Thedim-Costa, S. M. F. (1997). A construção do campo de saúde do trabalhador: percurso e

dilemas. Cadernos de Saúde Pública, 13(Supl. 2), 21-32.

Pereira, A., Mendes, D. & Moraes, G. (2017). Do prescrito ao real: a imprevisibilidade e a importância do trabalho

coletivo em um centro de usinagem de uma empresa metal-mecânica do interior do Estado de Minas

Gerais. Laboreal, 13(1), 24-38.

Rodrigues, A. B. & Santana, V. S. (2019). Acidentes de trabalho fatais em Palmas, Tocantins, Brasil: oportunidades perdidas

de informação. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 44, 1-10.

Santana, V., Nobre, L. & Waldvogel, B. C. (2005). Acidentes de trabalho no Brasil entre 1994-2004: uma revisão.

Ciência & Saúde Coletiva, 10(4), 841-855.

Schwartz, Y. (2011). Manifesto por um ergoengajamento. In P. F. Bendassolli & L. A. P. Soboll (Orgs.), Clínicas do

trabalho: novas perspectivas para compreensão do trabalho na atualidade (pp. 132-166). São Paulo: Atlas.

Seligmann-Silva, E. (1994). Desgaste mental no trabalho dominado. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; Cortez Editora.

Sennett, R. (2005). A corrosão do caráter: as consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record.

Shramocych, V. & Chornous, H. (2019, 11 de junho). O que é fato e o que é ficção na série Chernobyl nas palavras de

um ex-funcionário da usina. Recuperado de https://www.bbc.com/portuguese/geral-48589563

Suguimoto, D. Y. L. & Castilho, M. A. (2014). Chernobyl – A Catástrofe. Revista da Universidade Vale do Rio Verde,

(2), 316-322.

Valverde, C. (2007). Instrumentos conceptuais e metodológicos na análise de riscos e nos processos de prevenção:

a abordagem de Véronique de Keyser. Laboreal, 3(1), 1-30.

Vasconcelos, A. C. L. (2013). Sofrimento ético. In F. Vieira, A. M. Mendes & A. R. V. Merlo (Orgs.), Dicionário crítico

de gestão e psicodinâmica do trabalho. Curitiba: Juruá.

Xavier, A. M., Lima, A. G., Vigna, C. R. M., Verbi, F. M., Bortoleto, G. G., Goraieb, K., Collins, C. H. & Bueno, M. I.

M. S. Marcos da história da radioatividade e tendências atuais. Química Nova, 30(1), 83-91.

Downloads

Publicado

2020-12-23

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Notas sobre Chernobyl: análise de alguns aspectos relacionados às situações de trabalho da usina nuclear de Pripyat. (2020). Cadernos De Psicologia Social Do Trabalho, 23(2), 143-156. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v23i2p143-156