Pier Della Vigna x Catão de Útica
dois suicidas da Divina Comédia dantesca
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v23i23p15-27Palavras-chave:
suicídio, Divina Comédia, Dante Alighieri, Pier Della Vigna, Catão de ÚticaResumo
Por meio da análise de dois casos da Divina Comédia de Dante Alighieri ( 1998): o de Pier Della Vigna (canto XIII do Inferno) e o de Catão de Útica (de- signado a ser guardião do Purgatório, canto I), o presente estudo visa verificar de que maneira e a partir de quais preceitos filosófico - teológicos, esses do is per- sonagens suicidas são representados por uma das obras - primas da literatura universal. No primeiro caso, segundo o dantólogo Vittorio Sermonti (2018), o poeta é coerente com os ensinamentos de São Tomás de Aquino, expoente má- ximo do período da filosof ia Escolástica, em que os que se auto - aniquilam traem a Deus, pois Este, no momento da criação, concederia ao homem a graça de lhe confiar, em primeiríssima instância, a própria vida. Daí por que os suicidas se- jam condenados à cisão corpo - alma, no círculo dos violentos da tortuosa selva infernal. No segundo, Erich Auerbach (1989), observa que Catão – embora sui- cida e pagão – tenha sido absolvido por Dante, sendo designado ao Purgatório, porque reuniria todas as características capazes de fazer dele uma extr aordiná- ria “figura” de Cristo, já que sua morte voluntária seria heroica, ao escolher o martírio para resgatar Roma da escravidão de César.
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