O corpo angustiado em Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane

Autores

  • Fernanda Oliveira da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Maria Teresa Salgado Guimarães da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i27p37-53

Palavras-chave:

Corpo feminino, Angústia, Deslocamento, Estereótipos, Ficção moçambicana, Paulina Chiziane

Resumo

Este artigo apresenta uma leitura do corpo feminino, em Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane. Tal corpo, impulsionado pela angústia, se desloca e entra em contato com diversos espaços, levando-nos a conhecer Moçambique de Norte a Sul. Nesse sentido, buscou-se analisar como as marcas de subalternidade e os estereótipos refletem-se no corpo da protagonista e também discutir o próprio olhar da personagem a respeito de seu corpo, que é influenciado pela cultura e práticas sociais do local em que está inserido. Para tais discussões, utilizaremos O segundo sexo de Simone de Beauvoir, que analisa como o corpo da mulher é moldado desde a infância para ser visto como objeto e como o destino da mulher é ligado ao seu corpo. Cultura e representação de Stuart Hall nos auxiliará na análise dos estereótipos que são impostos aos corpos femininos. O livro Não serei eu mulher?, de bell hooks traz a imagem do corpo negro feminino no período colonial e relata como a mulher negra escravizada teve seu corpo sexualizado e explorado em tantos aspectos.  

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Biografia do Autor

  • Fernanda Oliveira da Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Possui graduação em Letras - Língua Portuguesa e Literatura - ABEU Centro Universitário (2016), especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas - UFRJ (2018). Atualmente, cursa Mestrado em Letras Vernáculas, área de Literaturas Africanas e é integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas Escritas do Corpo Feminino nas Literaturas de Língua Portuguesa (UFRJ/UNILAB). Pesquisadora bolsista FAPERJ. 

  • Maria Teresa Salgado Guimarães da Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Maria Teresa Salgado possui graduação em Letras (Inglês), pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1982); mestrado em Literatura Brasileira, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1988); doutorado em Literaturas Africanas, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1997) e desenvolveu pesquisa de pós-doutorado, em Literaturas de língua portuguesa, em Paris IV (Sorbonne), com ênfase na escrita feminina (2016). Atualmente, é professora-associada de Literaturas Africanas na Universidade Federal do Rio de Janeiro, universidade onde trabalha desde 2006. Tem experiência na área de Letras, voltando-se para Literaturas de língua portuguesa (Literaturas Africanas, Afro brasileiras e Portuguesa) e atuando principalmente nos seguintes temas: literaturas africanas e literatura comparada. Desenvolve pesquisa em literaturas de língua portuguesa e interessa-se, sobretudo, por imagens ligadas ao universo do riso, da busca de felicidade e das questões de gênero. É pesquisadora associada do CRIMIC (Centre de Recherches Interdisciplinaires sur les Mondes Ibériques Contemporains).

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Publicado

2020-11-11

Como Citar

Silva, F. O. da, & Silva, M. T. S. G. da. (2020). O corpo angustiado em Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane. Revista Criação & Crítica, 27, 37-53. https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i27p37-53