Quem é mulher de verdade? – corpo feminino e sexualidade em A via crucis do corpo, de Clarice Lispector
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i29p39-54Palavras-chave:
Clarice Lispector, Literatura, Corpo feminino, Sexualidade, ErotismoResumo
O presente trabalho pretende investigar de que modo o corpo feminino e a sexualidade se configuram nos contos Ele me bebeu e Praça mauá do livro A via crucis do corpo (1991), de Clarice Lispector (1920- 1977). Nessa coletânea de contos, o corpo feminino adquire contornos mais complexos ao vir atravessado por questões, como travestilidade e condição feminina. Tentaremos analisar como os discursos de gênero e sexualidade operam na formação identitária das personagens, reafirmando ou negando concepções hegemônicas do que vem a ser mulher. Como aporte teórico, adotamos a crítica literária feminista (ZOLIN, 2009), a noção de abjeto e performatividade de gênero de Butler (2003), e as contribuições sobre corpo, erotismo e sexualidade de Foucault (2015) e Paz (1994). As análises dos contos apontam para o caráter ficcional das categorias de sexo e gênero, na medida em que um sexo (corpo biologicamente diferenciado), sem o gênero que lhe atribui culturalmente um significado, é um corpo vazio. Assim, se não são naturais, propomos a sua subversão, como fazem até certo ponto as personagens das narrativas, adotando performatividades que cruzem as fronteiras binárias em direção à libertação dos corpos e suas potencialidades.
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