Você não entendeu nada: perverformativos e cenas do ensino na Universidade de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i35p74-99Palavras-chave:
Jacques Derrida, Gayatri Spivak, Paulo Eduardo Arantes, Leyla Perrone-Moisés, Crítica uspianaResumo
o artigo tenta demonstrar como teorias surgidas nos anos 1960 e 1990 foram recebidas na USP. Tendo como foco a desconstrução (mais especificamente o nome próprio Jacques Derrida), teorias feministas e pós-coloniais (traduzidas pelo guarda-chuva Estudos Culturais), tenta-se construir, a partir de textos produzidos pela academia uspiana, o quadro de rejeição observado através da exclusão da diferença. O foco se torna o papel da instituição enquanto aquela que ensina o/a aluno/a a reproduzir uma forma genérica de leitura em volta dessas teorias, ao se notar que o que passa a ser ali reproduzido é uma repetição da repetição advinda de outras leituras de leituras, na medida na qual o que se busca fazer é impedir algo já em curso: a chegada de tais teorias dentro da academia. A partir de textos de Paulo Eduardo Arantes e Leyla Perrone-Moisés, investiga-se qual face/imagem a respeito da desconstrução e dos Estudos Culturais se formou na USP e qual é o papel do humor e do professor dentro de tais cenas de ensino, quando se pensa tanto o humor quanto a ameaça como ferramentas de dominação, ora sim, ora não, implícitas.
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