O Gótico Feminino e o Papel da Mulher nos Contos 'Sob as Estrelas' e 'A Neurose da Cor', de Júlia Lopes de Almeida
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i39p130-158Palavras-chave:
Almeida, Autoria, Feminina, Gótico, PerspectivaResumo
O presente trabalho compreende a constituição do gótico feminino nos contos “Sob as estrelas” e “A neurose da cor”, ambos presentes na coletânea de contos Ânsia eterna (1903), da escritora brasileira Júlia Lopes de Almeida. Nesse sentido, apresenta-se a hipótese de que os aspectos dessa vertente estão alinhados a uma perspectiva feminina, que é expressa pelo papel das personagens mulheres nas narrativas. Com isso, objetivou-se investigar os aspectos do gótico feminino nos contos da autora, além de analisar o papel das protagonistas com relação a esta perspectiva feminina que, por vezes, expressa a angústia do ser mulher, o que resulta na presença de uma narrativa identitária. Desse modo, a pesquisa que sucedeu neste artigo é de caráter bibliográfico, descritivo e analítico, utilizando-se para aporte teórico os estudos propostos por Beauvoir (1949), Woolf (1929), Zolin (2009), Moers (1976) e Williams (1995), os quais têm como enfoque o estudo dos aspectos da ficção literária escrita por mulheres. Com a constatação do papel desempenhado pelas protagonistas dos contos em função dessa perspectiva de gênero, característica recorrente na autoria de mulheres, é possível concluir que a produção de Almeida impacta o cenário da historiografia literária feminina brasileira, pois verbaliza nos seus textos, o desafio e o peso da experiência feminina na conjuntura patriarcal enquanto “o segundo sexo”, tornando-se uma referência na representação do desejo de inúmeras mulheres por liberdade de expressão.
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