n. 30 (2022): Dossiê n. 30: Lésbicas nas Literaturas de Língua Portuguesa
Por que nos perguntam se existimos? Esta inquietante pergunta é também o título de uma conferência ministrada pela escritora Marina Colasanti, em 1996, na Universidade de Illinois, em um evento sobre literatura de autoria feminina.
A inquietante pergunta e a conferência não falam sobre lesbianidades. Nem tampouco falam sobre lesbianidades as outras 11 conferências do referido evento, mas poderiam. A constante pergunta se existe autoria e literatura feminina é sempre complexa. Afirmar com veemência é um risco que se corre diante das fáceis respostas essencialistas, negá-la, porém, é se colocar diante do abismo do neutro universal, de onde emergem apenas as ideias da norma heterossexual, branca, cisgênera, entre outras. Neste caso, como em outros espaços voltados ao feminino na literatura, ainda pairam certos silêncios, estagnados ou reflexivos.
Nos convém perguntar, como já o fizera Beatriz Suares Briones, em torno da obra de Monique Wittig: As lésbicas não são mulheres? (2013). Se sim, onde elas estão nos estudos sobre a autoria feminina ou na análise das personagens na literatura? Se não, onde estão as análises literárias que expliquem suas divergências, diferenças e oposições enquanto autoria e representação?
Visto que tais perguntas não simplificam, pelo contrário, são multifacetadas e parecem agregar complexidades que se interseccionam, a edição de número 30 da Revista Crioula recebe artigos e ensaios, de autoria de mestrandas/os, mestras/es, doutorandas/os e doutoras/es, que discutam as produções de autoria e/ou com representações lésbica nas Literaturas de Língua Portuguesa.