Futurismo: entre a carnavalização e a reedificação

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DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v13i26p128-146

Palavras-chave:

Futurismo português, Futurismo italiano, Multidiscursividade, Carnavalização, Reconfiguração

Resumo

Procuraremos refletir sobre algumas das figurações literárias, estéticas e artísticas que configuraram o gesto vanguardista futurista (italiano e português): um forte sentido de carnavalização e de transcensão; a intensificação da desumanização do sujeito; a categorização pluridiscursiva do discurso e gesto futuristas; a configuração de uma atitude de revolta, que passa, em primeira instância, por uma reconfiguração da relação entre o indivíduo futurista e a coletividade e, em última instância, pela reconfiguração da identidade dessa coletividade. Nesse sentido, recorreremos a um corpus de trabalho delimitado essencialmente pelos manifestos literários do Futurismo Italiano e do Futurismo Português, neles acentuando a relação entre o indivíduo e a coletividade, entre o eu, ou o nós, futurista e o outro coletivo — procurando, então, justificar até que ponto essa relação conjuga a atitude de confronto aberto, o desacordo com a coletividade, com a modificação da consciência coletiva e a construção de um novo estádio histórico e de uma nova identidade.

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Publicado

2021-12-30

Como Citar

Vila Maior, D. (2021). Futurismo: entre a carnavalização e a reedificação. Revista Desassossego, 13(26), 128-146. https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v13i26p128-146