Entre ficção e história: a organização estética no romance de José Saramago
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v14i28p22-46Palavras-chave:
Ficção e história, Discurso historiográfico, Formas arquitetônicas e composicionais, Narrativa saramaguianaResumo
O presente artigo tem como objetivo compreender a discussão do papel da História de Portugal no modo da organização estética no romance de José Saramago que gera a materialização do objeto estético. Para fins de análise utilizar-se-á como objeto artístico de análise o romance "História do Cerco de Lisboa", pois crê-se que a organização do objeto estético saramaguiano se dá através do jogo entre ficção e história, cumprindo uma função estética composicional determinada pela organização arquitetônica pensada pelo autor criador. Entrar em contato com essa forma de organização específica de Saramago, é entrar também contato com a imagem da tradição que a História tem no país e como isso está relacionado com os sujeitos que ali transitam. Assim como, neste artigo, o estudo sobre o romance, postulado por Mikhail Bakhtin (2014), ajuda a visualizar essa constituição desse objeto estético contemporâneo, os estudos de Eduardo Lourenço e da Profª Dra. Teresa Cristina Cerdeira auxiliam a entender a relação dos portugueses com a História, e o conceito desenvolvido por Hayden White (2014) guiam o olhar para a forma de constituição de um discurso histórico, bem como a sua relação quase que direta com o discurso artístico-literário. Pretende-se concluir que o romance de José Saramago é constituído por meio da relação estabelecida entre ficção e história, sendo que essa relação é determinada pela valoração posta no plano arquitetônico elaborado pelo autor-criador.
Downloads
Referências
ARISTÓTELES. Poética. Edição bilingue. Tradução, introdução e notas de Paulo Pinheiro. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2017.
BAKHTIN, Mikhail. O Problema do Conteúdo, do Material e da Forma na Criação Literária (1924). In: BAKHTIN, Mikhail. Questões de Literatura e de Estética: A teoria do Romance. 7. ed. São Paulo: Editora Hucitec, 2014.
BAKHTIN, Mikhail. Teoria do romance III: O romance como gênero literário. Tradução e posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2019.
BRANDÃO, Frei António. Terceira Parte da Monarquia Lusitana: que contém a História de Portugal desdo Conde Dom Henrique, até todo reinado delrey Dom Afonso Henriques. Impressa em Lisboa em o Mosteiro de S. Bernardo, 1632.
CERDEIRA, Teresa Cristina. José Saramago entre a história e a ficção: uma saga de portugueses. Belo Horizonte, MG: Moinhos, 2018.
GARRETT, Almeida. Viagens na minha terra (1846). 4. ed. São Paulo: Martin Claret, 2012.
HERCULANO, Alexandre. O Bobo (1843). Prefácio de Vitorino Nemésio. São Paulo: Difel, 1967.
LOURENÇO, Eduardo. Psicanálise mítica do destino português. In: LOURENCO, Eduardo. O labirinto da saudade. Rio de Janeiro: Tinta-da-china Brasil, 2016.
LUKÁCS, György. A forma clássica do romance histórico. In: LUKÁCS, György. O romance histórico. Trad. Rubens Enderle; apresentação Arlenice Almeida da Silva. São Paulo: Boitempo, 2011.
QUEIRÓS, Eça de. A Ilustre Casa de Ramires (1900). Apresentação e notas de Marise Hansen. 2. ed. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2014.
SARAMAGO, José. História do cerco de Lisboa (1989). 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
SARAMAGO, José. Memorial do Convento (1982). 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
WHITE, Hayden. O Texto Histórico como Artefato Literário. In: WHITE, Hayden. Trópicos do Discurso: Ensaios sobre a Crítica da Cultura. Trad. de Alípio Correia de Franca Neto. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Iago Nunes dos Santos

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
O(s) autor(es) declara(m) automaticamente ao enviar um texto para publicação na revista Desassossego que o trabalho é de sua(s) autoria(s), assumindo total responsabilidade perante a lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, no caso de plágio ou difamação, obrigando-se a responder pela originalidade do trabalho, inclusive por citações, transcrições, uso de nomes de pessoas e lugares, referências histórias e bibliográficas e tudo o mais que tiver sido incorporado ao seu texto, eximindo, desde já a equipe da Revista, bem como os organismos editoriais a ela vinculados de quaisquer prejuízos ou danos.
O(s) autor(s) permanece(m) sendo o(s) detentor(es) dos direitos autorais de seu(s) texto(s), mas autoriza(m) a equipe da Revista Desassossego a revisar, editar e publicar o texto, podendo esta sugerir alterações sempre que necessário.
O autor(s) declara(m) que sobre o seu texto não recai ônus de qualquer espécie, assim como a inexistência de contratos editoriais vigentes que impeçam sua publicação na Revista Desassossego, responsabilizando-se por reivindicações futuras e eventuais perdas e danos. Os originais enviados devem ser inéditos e não devem ser submetidos à outra(s) revista(s) durante o processo de avaliação.
Em casos de coautoria com respectivos orientadores e outros, faz-se necessária uma declaração do coautor autorizando a publicação do texto.
Entende-se, portanto, com o ato de submissão de qualquer material à Revista Desassossego, a plena concordância com estes termos e com as Normas para elaboração e submissão de trabalhos. O não cumprimento desses itens ou o não enquadramento às normas editoriais resultará na recusa do material.