O marinheiro: "Navegar é preciso, viver não é preciso"
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v12i23p156-165Palavras-chave:
Fernando Pessoa, Heteronímia, Drama estático, SimbolismoResumo
O Marinheiro (1913) antecipa motivos que Fernando Pessoa desenvolverá na obra ortônima e heterônima ─ o desdobramento do ser; a incapacidade de sentir sem estar a pensar-se sentir; o mistério do ser o médium de si mesmo, ser só o que tinha possibilidades. A peça corresponde ao primeiro grande passo no sentido da despersonalização máxima a que objetivava sua obra: a realização da heteronímia. Este artigo, portanto, examinará a dissociação aparência/essência que se desdobra em dois espaços, o do palco e o da palavra poética, para concluirmos que O Marinheiro acaba sendo o verdadeiro manifesto do Orpheu, na medida em que concretiza o encantamento órfico da palavra poética, impondo-a como realidade única e absoluta ─ espaço inteligível gerador do plano sensível, essa sombra enganosa da verdadeira realidade. Demiurgo platônico, o marinheiro pessoano sonha as sombras de nossa realidade. Enfim, veladoras da realidade, não passamos de meras sombras e reminiscências ─ simulacros da verdadeira realidade de que nos exilamos.
Downloads
Referências
LOURENÇO, Eduardo. “Orpheu ou a Poesia como Realidade”. Tetracórnio, fev. 1955.
PESSOA, Fernando. Obra Poética, Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar Editora, 1969.
PESSOA, Fernando. “O Marinheiro”. In Orpheu. Lisboa: Ática, 1971.
PESSOA, Fernando. Obras em Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Francisco Maciel Silveira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
O(s) autor(es) declara(m) automaticamente ao enviar um texto para publicação na revista Desassossego que o trabalho é de sua(s) autoria(s), assumindo total responsabilidade perante a lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, no caso de plágio ou difamação, obrigando-se a responder pela originalidade do trabalho, inclusive por citações, transcrições, uso de nomes de pessoas e lugares, referências histórias e bibliográficas e tudo o mais que tiver sido incorporado ao seu texto, eximindo, desde já a equipe da Revista, bem como os organismos editoriais a ela vinculados de quaisquer prejuízos ou danos.
O(s) autor(s) permanece(m) sendo o(s) detentor(es) dos direitos autorais de seu(s) texto(s), mas autoriza(m) a equipe da Revista Desassossego a revisar, editar e publicar o texto, podendo esta sugerir alterações sempre que necessário.
O autor(s) declara(m) que sobre o seu texto não recai ônus de qualquer espécie, assim como a inexistência de contratos editoriais vigentes que impeçam sua publicação na Revista Desassossego, responsabilizando-se por reivindicações futuras e eventuais perdas e danos. Os originais enviados devem ser inéditos e não devem ser submetidos à outra(s) revista(s) durante o processo de avaliação.
Em casos de coautoria com respectivos orientadores e outros, faz-se necessária uma declaração do coautor autorizando a publicação do texto.
Entende-se, portanto, com o ato de submissão de qualquer material à Revista Desassossego, a plena concordância com estes termos e com as Normas para elaboração e submissão de trabalhos. O não cumprimento desses itens ou o não enquadramento às normas editoriais resultará na recusa do material.