O martírio do padre e dos cavaleiros: perspectivas do "morrer pela fé" em Gil Vicente e em José de Anchieta

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DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v12i23p117-132

Palavras-chave:

Gil Vicente, José de Anchieta, Salvação, Morte, Teatro religioso

Resumo

O tema da morte – e o que acontece depois dela – é recorrente na arte medieval europeia. O teatro português do período, tendo encontrado seu apogeu em Gil Vicente, encontra também no mestre uma discussão sobre diferentes tipos de almas, de mortes e de destinos. Poucas décadas depois, do outro lado do Oceano Atlântico, a colônia portuguesa na América viu o padre jesuíta José de Anchieta encenar, com a ajuda de outros padres e também de nativos, peças que também discutiam o tema. Este artigo lança o olhar sobre as consequências eternas do martírio religioso. Morrer pela fé católica parece garantir não só a entrada no Paraíso, como também um certo prestígio diante de representantes divinos. Pretendemos analisar de duas peças: o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, em que quatro Cavaleiros Templários são recebidos com honrarias pelo Anjo barqueiro, e o Diálogo de Pero Dias mártir, de José de Anchieta, em que um jesuíta martirizado em alto-mar conversa com o próprio Cristo. O que propomos é perceber as relações dialógicas entre os textos: a inserção em uma mesma tradição teatral e o estabelecimento de uma mesma moral cristã católica quinhentista.

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Biografia do Autor

  • Marina Gialluca Domene, Universidade de São Paulo

    Mestre em Literatura Portuguesa e Graduada em Letras (Português-Inglês) pela Universidade de São Paulo.

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Publicado

2020-12-29

Como Citar

O martírio do padre e dos cavaleiros: perspectivas do "morrer pela fé" em Gil Vicente e em José de Anchieta. (2020). Revista Desassossego, 12(23), 117-132. https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v12i23p117-132