Perspectivas feministas sobre a perseguição de bruxaria em "O crime de Aldeia Velha", de Bernardo Santareno
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v12i23p63-79Palavras-chave:
Bernardo Santareno, Bruxa, FeminismoResumo
Inspirada no caso verídico da queimada-viva de Soalhães, a peça O crime de Aldeia Velha (1959), de Bernardo Santareno, encena a perseguição de uma jovem pelas mulheres da comunidade rural em que vive. Acusada de ser uma bruxa possessa do diabo, Joana acabará por morrer numa fogueira supostamente acendida na esperança de a livrar do mal. No presente estudo, objetiva-se analisar essa obra à luz de teorias feministas levantadas sobretudo a partir dos anos 60 do século passado acerca da perseguição das bruxas, a fim de identificar tanto pontos de contato entre estas últimas e a peça de Santareno, quanto particularidades na visão do dramaturgo português no que toca às questões de gênero que subjazem a supostos casos de bruxaria. Especial atenção será concedida às implicações específicas do cenário da peça de Santareno – uma aldeia portuguesa nos meados do século XX – no sentido em que diverge sensivelmente do foco das teorias mencionadas acima, que, na maior parte, foram desenvolvidas na Europa do norte e nos Estudos Unidos, e que incidem prioritariamente sobre a proliferação de processos de bruxas nessas regiões nos primeiros séculos da Idade Moderna.
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