Consciência e sentimento no 'Emílio' de Rousseau

Autores

  • Thomaz Kawauche Universidade Federal de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.2020.171578

Palavras-chave:

Empirismo, Fisiologia, Inatismo, Mecanicismo, Religião

Resumo

Este artigo examina a ideia de consciência no Emílio de J.-J. Rousseau a partir de uma perspectiva que combina história da filosofia e história lexical. A análise é contextualizada tanto em relação a outros escritos do autor, sobretudo o Discurso sobre a origem da desigualdade, quanto no interior do quadro histórico das ciências nos séculos XVII e XVIII, com atenção para a teoria empirista de John Locke. Busca-se investigar o processo de constituição semântica de “conscience” e “sentiment intérieur” em língua francesa à luz de certos debates envolvendo o inatismo e o mecanicismo, destacando-se a contribuição do médico cartesiano Louis de la Forge. O objetivo do trabalho é mostrar as vias pelas quais a ideia de consciência no Emílio, combinada a uma interpretação do sentimento interior associada à fisiologia cartesiana, estabelece pilares significativos das estruturas mentais e institucionais que tornaram possível a emergência daquilo que passou a ser denominado subjetividade moderna.

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Publicado

2020-06-28

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Kawauche, T. (2020). Consciência e sentimento no ’Emílio’ de Rousseau. Discurso, 50(1), 201–218. https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.2020.171578