De Diderot a Freud: o tear como metáfora e modelo

Autores

  • Michel Delon Universidade de Paris 1 – Panthéon-Sorbonne
  • Maria das Graças de Souza Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.2022.200487

Palavras-chave:

texto, tear, metáfora, modelo

Resumo

Diderot escreve, na Enciclopédia, um longo verbete, “Tear de meias”, no qual compara o tear a um raciocínio cuja conclusão seria o têxtil. Ele retoma esta comparação na Refutação de Helvétius: ali, é o próprio Leibniz que se torna uma máquina de reflexão, similar ao “tear de meias”. A opção materialista do homem máquina retoma uma tradição que assimila o texto ao tecido. Encontramos a mesma imagem no Fausto de Goethe, que é citado por Freud em A interpretação dos sonhos, e na novela de Henry James O motivo no tapete. A invenção é sempre cruzamento, tecelagem e mestiçagem, numa interação entre criação técnica e representação da atividade intelectual. O sistema de programação dos teares foi posteriormente adaptado às primeiras máquinas analíticas, ancestrais de nossos computadores atuais. A Enciclopédia teorizou esta interação, reabilitando os teares e concebendo o pensamento como um trabalho.

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Publicado

2022-06-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Delon, M. (2022). De Diderot a Freud: o tear como metáfora e modelo (M. das G. de Souza , Trad.). Discurso, 52(1), 5–14. https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.2022.200487