Racionalidade e legitimidade da política de repressão ao tráfico de drogas: uma provocação necessária

Autores

  • Francisco Alexandre de Paiva Forte UFC; Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

Palavras-chave:

Drogas ilícitas, Traficantes, Estado democrático de direito, Proibição, Legalização

Resumo

Este artigo discute o fracasso da atual política de repressão e proibição das chamadas "drogas ilícitas". Existe muito mais tabu baseado em pretensos saberes médico-sanitários mesclados com preconceitos e preceitos morais acerca dos perigos da drogadição do que conhecimento real e ações efetivas. Todas as evidências apontam para o fato de que tratar tanto o consumo de drogas quanto o comércio como caso de polícia, como crime, ou mesmo como uma conduta descriminalizada por parte do consumidor, mas fazendo recair toda a reprovação sobre os traficantes, estigmatizados como pessoas quase demoníacas, em nada contribui seja para reduzir o consumo seja para criar um mundo livre de drogas como pretende a ONU. A guerra contra as drogas liderada pelos Estados Unidos, além de desperdiçar vastas somas de dinheiro público e milhares e milhares de vidas humanas ano a ano, não leva em conta a dignidade humana, a racionalidade faz-se ausente e a legitimidade de tal política é erodida em face da crise de autoridade, da violência associada à repressão, da corrupção e de prisões superlotadas. Estas são ameaças ao Estado Democrático de Direito e o temor é que venhamos a repetir no Brasil a tragédia de Canudos se o Exército entrar na arena da luta contra as drogas.

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Publicado

2007-12-01

Edição

Seção

Dossiê Crime Organizado

Como Citar

Forte, F. A. de P. (2007). Racionalidade e legitimidade da política de repressão ao tráfico de drogas: uma provocação necessária . Estudos Avançados, 21(61), 193-208. https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/10275