Patrimônio cultural: saberes e fazeres no discurso cultural-epistemológico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2021.35103.014

Palavras-chave:

Patrimônio, Híbrido, Práticas conservacionistas, Natureza, Cultura

Resumo

O conceito de patrimônio é uma construção social, definida a partir da percepção do risco de desaparecimento de bens da criação humana e bens da natureza. A institucionalização de práticas patrimoniais em domínios separados cultura e natureza expressou o dualismo cartesiano mais amplo, por compreender de modo desarticulado os aspectos tangíveis e intangíveis dos bens a serem conservados e por ter em conta a valoração de criações “civilizatórias” e a menos valia das criações da cultura popular em sua interação com o meio ambiente. No entanto, as práticas conservacionistas desde o final do século XX acabaram por mostrar quão híbrido é o conceito, e que a eficácia da conservação só pode ocorrer a partir da superação da dualidade material/imaterial e da interação de diferentes saberes, tantos os científicos quanto os empíricos. 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ANDERSON, P. A crise da crise do marxismo. São Paulo: Brasiliense, 1984.

ARIÑO, A. La invención del patrimonio y la sociedad del riesgo. In: RODRIGUEZ M. A. La sociedad de la cultura. Barcelona: Ariel, 2007. p.71-88.

BHABHA, H. K. The Location of Culture. London, Routledge, 1994.

BECK, U. Risk Society – Towards a New Modernity. London: Sage Publications, 1992.

BECK, U.; GIDDENS, A.; LASH, S. Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna. São Paulo: Editora da Unesp, 1997.

BONFIL BATALLA, G. Nuestro patrimonio cultural: un laberinto de significados. In FLORESCANO, E. (Coord.) El patrimonio nacional de México. México: Conaculta, 1997. p.28-56.

BOUCHENAKI, M. The interdependency of the tangible and intangible cultural heritage. In: 14th ICOMOS General Assembly and International Symposium. Victoria Falls, Zimbabwe, 2003, p. 27-31.

CANDAU, J. Memória e Identidade. São Paulo: Contexto, 2011.

CHOAY, F. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Estação Liberdade; Ed. Unesp, 2001.

COMISSÃO GULBENKIAN. Para abrir as ciências sociais. São Paulo: Cortez Ed. 1996.

DAVALLON, J. À propos des régimes de patrimonialisation: enjeux et questions. In: Patrimonialização e sustentabilidade do património: reflexão e prospectiva. Lisboa: s. n., 2014.

DESCOLA, P. Par-de là nature et culture. Paris: Gallimard, 2005.

DURKHEIM, E. Da divisão do trabalho social. Lisboa: Presença, 1984.

FLORIT, L. O lugar da ‘natureza’ na teoria sociológica contemporânea. In: XXIV ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS. Petrópolis, Anpocs, Petrópolis, out. 2000.

FRANKLIN, S.; LURY, C.; STACEY, J. Global Nature, Global Culture. London: Sage Publications Ltd., 2000.

GOMBRICH, E. A História da arte. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

GONÇALVES, J. R. S. O patrimônio como categoria de pensamento. In. ABREU, R.; CHAGAS, M. (Org.) Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos. 2.ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009. p.25-33.

HARTOG, F. Régimes d’historicité. Présentisme et expériences du temps. Paris: Seuil. 2003.

HEINICH, N. O Inventário: um patrimônio em vias de desartificação? PROA – Revista de antropologia e arte, n. 5, 2014.

HINCHLIFFE, S.; WOODWARD, K. Introduction. In: HINCHLIFFE, S.; WOODWARD, K. (Ed.) The Natural and the Social: Uncertainty, Risk, Change. London; New York: Routledge, 2004. p.1-6.

HUNT, L. A nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

JEUDY, H. P. La machinerie patrimoniale. Paris: Circé, 2008.

JONES, O. Nature-Culture. Ed. R. Kitchin, N. Thrift . International Encyclopedia of Human Geography, Elsevier, v.7, t.1, p.309-323, 2009.

LATOUR, B. We Have Never Been Modern. Cambridge: Harvard University Press, 1993.

LATOUR, B. Jamais fomos modernos. São Paulo: Ed. 34, 1994.

LATOUR, B. When things strike back: a possible contribution of ‘science studies’ to the social sciences. British Journal of Sociology, v.51, n.1, p.107-23, 2000.

LATOUR, B. A esperança de Pandora. São Paulo: Edusc, 2001.

LATOUR, B. The Social as Association. In: GANE, N. The Future of Social Theory. London: Ed. Continuum, 2004.

LE GOFF, J. História e memória. Campinas: Unicamp, 2003.

LEITE, M. Hegemonia e crise na noção de ‘Gene’ nos 50 anos do DNA. Anais do 49º Congresso Nacional de Genética. Águas de Lindoia, 2003.

LENOBLE, R. História da ideia de Natureza. Lisboa: Edições 70, 2002.

LOWENTHAL, D. Natural and Cultural Heritage. International Journal of Heritage Studies. v.11, n.1, p.81-92, March 2005.

MCCORMICK, J. Rumo ao paraíso: a história do movimento ambientalista. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1992.

NASH, R. Wilderness and the American Mind. New Haven: Yale University Press, 2014.

PARSONS, T. The Structure of Social Action: a study in social theory with special reference to a group of recent European writers. New York: Free Press of Glencoe, 1961.

POULOT, D. Uma história do patrimônio no Ocidente. São Paulo: Estação Liberdade, 2009.

POULOT, D. A razão patrimonial na Europa. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n.34, 2012.

RAUTENBERG, M. Patrimônio, continuidade ou ruptura no uso e nas representações dos lugares? Jornades Nacionals de Patrimoni Etnològic, Barcelona, 2010.

SHAPIRO, R.; HEINICH, N. Quando há artificação. Sociedade e Estado, v.28, n.1, Jan./Apr. 2013.

SMITH, L. Uses of Heritage. New York: Routledge, 2006.

SMITH, L. El “espejo patrimonial” ¿ilusión narcisista o reflexiones múltiples? Antípoda, Rev. Antropol. Arqueol. Bogotá, n.12, p.39-63, Enero–Junio 2011.

STRATHERN, M. Reproducing the future. Essay on anthropology, Kindship and the new reproductive technologies. Nova York: Routledge, 1992.

STROSS, B. The Hybrid Metaphor: From Biology to Culture. The Journal of American Folklore, v.112, n.445, p.254-67, Summer 1999.

UNESCO. Convención para la protección del patrimonio mundial natural y cultural, 1972. Disponível em: . Acesso em: 14 fev. 2018.

UNESCO. Diretrizes para a Aplicação da Convenção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, 1992. Disponível em: <http://www.unesco.org/culture/ich/index.php?lg=es&pg=00026>. Acesso em: 28 fev. 2018.

UNESCO. Convenção para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial, 2003. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2016.

UNESCO. Recommandation sur le paysage urbain historique - Projet de texte revise. Paris: Unesco, 2011. Disponível em: <http://whc.unesco.org/fr/activites/638/>. Acesso em: 14 fev. 2018.

VALDEBENITO, R. M. G. Identidades territoriales y Patrimonio Cultural: la apropiación del patrimonio mundial en los espacios urbanos locales. Revista F@ro, ano 1, n.2, p.32-41, 2005.

VIVEIROS DE CASTRO, E. A inconstância da alma selvagem (e outros ensaios de antropologia). São Paulo: Cosac & Naify, 2002.

WATERTON, E.; SMITH, L. The recognition and misrecognition of community heritage, International Journal of Heritage Studies, v.16, n.1-2, p.4-15, 2010.

WEBER, M. A “objetividade” do conhecimento nas ciências sociais. In: COHN, G. Max Weber. São Paulo: Ática, 1997.

ZANIRATO, S. H. Paisagem cultural e espírito do lugar como patrimônios. Em busca de um pacto social de ordenamento territorial. Revista CPC, n.29, junho de 2020 (prelo).

ZANIRATO, S. H.; RIBEIRO, W. C. Patrimônio cultural: a percepção da natureza como um bem não renovável. Revista Brasileira de História, v.26, n.51, p.251-62, 2006.

Downloads

Publicado

2021-11-16

Como Citar

Zanirato, S. H., Rotondaro, T. G., Ferreira, M. L. M., & Isnart, C. (2021). Patrimônio cultural: saberes e fazeres no discurso cultural-epistemológico. Estudos Avançados, 35(103), 255-272. https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2021.35103.014