País do futuro? Conflitos de tempos e historicidade no Brasil contemporâneo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2022.36105.006

Palavras-chave:

Nação, Temporalidade, Futuro

Resumo

O ensaio se propõe a pensar os conflitos de tempos no Brasil contemporâneo a partir do diagnóstico de uma perda da evidência do horizonte moderno de futuro. Busca-se interrogar de que modo essa perda de evidência do horizonte de futuro como sincronizador social se revela tanto na implosão do tempo da Nova República, como na emergência do tempo planetário na história nacional, expresso pelos efeitos da mudança climática. Em ambas as dimensões, que agora se entrecruzam de maneira decisiva, a singularidade temporal da nação é profundamente colocada em questão.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ADORNO, S. Medo, violência e insegurança. In: LIMA, S. de; PAULA, L. de (Org.) Segurança pública e violência: o Estado está cumprindo seu papel? São Paulo: Contexto, 2006.

ANDERS, G. Le temps du fin. Paris: Éditiond de l’Herne, 2007.

ANDRADE, Daniel Pereira. Neoliberalismo. Crise econômica, crise da representatividade democrática e reforço da governamentalidade, Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, v.8, n.1, 2019.

ANTUNES, R. O privilégio da servidão. O novo proletariado de serviços da era digital. São Paulo: Boitempo, 2018.

ARAUJO, V. L. de. A experiência do tempo: conceitos e narrativas na formação nacional brasileira (1813-1845). São Paulo: Hucitec, 2008.

AVILA, A. L. de. Qual passado escolher? Uma discussão sobre o negacionismo histórico e o pluralismo historiográfico, Revista Brasileira de História, v.41, n.87, 2021.

AVRITZER, L.; KERCHE, F.; MARONA, M. (Org.) Governo Bolsonaro. Retrocesso democrático e degradação da política. São Paulo: Autêntica, 2021.

AYKUT, S.; DAHAN, A. Gouverner le climat ? Vingt ans de négociations internationales. Paris: Presses de Sciences Po, 2015.

BIANCHI, B.; CHALOUB, J.; WOLF, F. O. (Org.) Democracy and Brazil: Colapse and Regression. New York: Routledge, 2021.

BONNEUIL, C.; FRESSOZ, J.-B. L’Évenement Anthropocène. La Terre, l’histoire et nous. Paris: Seuil, 2013.

BROWN, W. Undoing the demos. Neoliberalism’s Stealth Revolution. New York: Zone Books, 2015.

BUSTAMANTE, T.; MENDES, C. H. Freedom Without Responsibility: the Promise of Bolsonaro’s COVID19 Denial. Jus Cogens, v.3, 2021.

CARVALHO, J. M. de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

CESARINO, L. Pós-verdade e a crise do sistema de peritos: uma explicação cibernética. Ilha Revista de Antropologia, v.32, p.73-96, 2021.

CHAKRABARTY, D. The Climate of History in a Planetary Age. Chicago: Chicago University Press, 2021.

CHARBONNIER, P. Abondance at liberté. Une histoire environnementale des idées politiques. Paris: La Découverte, 2020.

CHUN, W. Updating to remain the same. Habitual New Media. Cambridge: MIT Press, 2016.

COSTA, A. de C.; VEIGA, A. B. E. da. O acontecimento Terra. O que nos faz pensar, Rio de Janeiro, v.29, n.48, jan.-jun., 2021.

CREDIT SUISSE REASEARCH INSTITUTE. Global wealth report 2021.

DANOWSKI, D.; VIVEIRO DE CASTRO, E. Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins. Florianópolis: Instituto Socio-ambiental, 2014.

DARDOT, P.; LAVAL, C. Dominer. Enquête sur la souveraineté de l’État en Occident. Paris: La Découverte, 2020.

DAVIS, W. The limits of neoliberalism. Authority, Sovereignty and the Logic of Competition. London: SAGE Publications, 2014.

DE LA CADENA, M. Cosmopolítica indígena nos Andes: reflexões conceituais para além da “política”, Maloca, Revista de Estudos Indígenas, Campinas, v.2, 2019.

FELTRAN, G. Formas elementares da vida política: sobre o movimento totalitário no Brasil (2013-). Blog Novos Estudos Cebrap, São Paulo, 14 jun. 2020.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública: 2018. São Paulo: FBSP, 2018

FRANKENBERG, G. Técnicas de Estado. Perspectivas sobre o estado de direito e o estado de exceção. São Paulo: Editora da Unesp, 2018.

HARAWAY, D. Staying with the Trouble: Making kin in the Cthulhucene. Durham e Londres: Duke University Press, 2016.

HARTOG, F. Regimes de historicidade. Presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

HARTOG, F. Chronos. L’Occident aux prises avec le Temps. Paris: Gallimard, 2020.

HOCHULI, A. The Brazilianization of the World. American Affairs, v.V, n.2, Summer 2021.

IPCC, 2021: Summary for Policymakers. In: Climate Change 2021: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Masson-Delmotte, V., P. Zhai, A. Pirani, S. L. Connors, C. Péan, S. Berger, N. Caud, Y. Chen, L. Goldfarb, M. I. Gomis, M. Huang, K. Leitzell, E. Lonnoy, J.B.R. Matthews, T. K. Maycock, T. Waterfield, O. Yelekçi, R. Yu and B. Zhou (Ed.)]. Cambridge University Press, 2021.

IPSOS. Broken-System sentiment in 2021, julho, 2021.

JORDHEIM, H.; WIGEN, E. Conceptual Synchronisation: From Progress to Crisis, Millennium: Journal of International Studies, v.46, n.3, 2018.

KAPLAN, A. E. Climate trauma: foreseeing the future in dystopian film and fiction. London: Rutgers, 2016.

KLEIN, N. A doutrina do choque. A ascensão do capitalismo do desastre. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

KOPENAWA, D.; ALBERT, B. A queda do céu. Palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Cia. das Letras, 2015.

KOSELLECK, R. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto; PUC-Rio, 2006.

KRENAK, A. A vida não é útil. São Paulo: Cia. das Letras, 2020.

LATOUR, B. Diante de Gaia: oito conferências sobre a natureza no Antropoceno. São Paulo; Rio de Janeiro: Ubu Editora; Ateliê de Humanidades Editorial, 2020.

LATOUR, B.; CHAKTABARTY, D. Conflicts of planetary proportions – a conversation. Journal of the Philosophy of History, v.14, n.3, 2020.

MARQUES, L.; PARRON, T. P. Os sete pecados capitais da literatura sobre desigualdades. In: FERRERAS, N. (Org.) Desigualdades globais e sociais em perspectiva temporal e espacial. São Paulo: Hucitec, 2020.

MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Data. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

MENDES, C. H. O entulho autoritário era estoque. 451, edição 31, 2020.

MILANOVIC, B. Capitalism, Alone: The Future of the System That Rules the World. Cambridge: Harvard University Press, 2019.

MOMBAÇA, J. A plantação cognitiva. In: Masp AfterAll. São Paulo: Masp, 2020.

MOTTA, M. S. da. A nação faz cem anos: A questão nacional no centenário da independência. Rio de Janeiro: Editora FGV; CPDOC, 1992.

MÜLLER, A.; IEGELSKI, F. O Brasil e o tempo presente. In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. de A. N. (Org.) O Brasil Republicano. O tempo da Nova República. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

NICOLAZZI, F. F. Brasil Paralelo: restaurando a pátria, resgatando a história. A Independência entre memórias públicas e usos do passado. Apresentação no Seminário 3x22: 1822 – Independência: Memória e Historiografia (24-28 de maio de 2021).

NUNES, R. Of what is Bolsonaro the name? Radical Philosophy, Winter 2020-2021.

PARRON, T. P. A política da escravidão na era da Liberdade: Estados Unidos, Brasil e Cuba (1787-1846). São Paulo, 2015. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

PINHEIRO-MACHADO, R.; SCALCO, L. From Hope to Hate: The Rise of Conservative Subjectivity in Brazil. HAU: Journal of Ethnographic Theory, v.10, n.1, 2020.

PINTO, G. E.; PIRES, A.; GEORGES, M. R. R. O Antropoceno e a mudança climática: a percepção e a consciência dos brasileiros segundo a pesquisa Ibope, Desenvolvimento e Meio Ambiente, v.54, jul./dez. 2020.

RAMALHO, J. R. Reestruturação produtiva, neoliberalismo e o mundo do trabalho no Brasil: anos 1990 e 2000. In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. de A. N. (Org.) O Brasil Republicano. O tempo da Nova República. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

RANCIÉRE, J. Tempos modernos. Arte, tempo, política. São Paulo: N-1 Edições, 2021.

REIS, D. A. Ditadura, anistia e reconciliação. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v.23, n.45, 2010.

ROSA, H.; SCHEUERMAN, W. E. (Org.) High-speed society. Social acceleration, power and modernity. Philadelphia: Pennsylvania University Press, 2009.

SASSEN, S. Expulsões. Brutalidade e complexidade na economia global. São Paulo: Paz e Terra, 2016.

SCHIAVINATTO, I. L. Imagens do Brasil: entre a natureza e a história. In: JANCSÓ, I. (Org.) Brasil: Formação do Estado e da Nação. São Paulo: Hucitec, 2003.

SETH, S. Razão ou raciocínio? Clio ou Shiva?. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, v.6, n.11, 2013.

SILVA, D. F. da. A dívida impagável. São Paulo: Oficina de Imaginação Política e Living Commons, 2019.

SILVA, T. R. da. Visão computacional e vieses racializados: branquitude como padrão no aprendizado de máquina. Anais do II COPENE Nordeste, João Pessoa, Paraíba, 2019.

STENGERS, I. A proposição cosmopolítica. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n.69, 2018.

STIEGLER, B. Il faut s’adapter. Sur un nouvel imperatif politique. Paris: Gallimard, 2019.

SÜSSEKIND, F. O Brasil não é longe daqui. São Paulo: Cia. das Letras, 1990.

TAILLANDIER, A. “Staring into the singularity” and other posthuman tales: transhumanists stories of future change. History and Theory, v.60, n.2, 2021.

TAMM, M.; SIMON, Z. B. More-than-Human History: Philosophy of History at the Time of the Anthropocene. In: KUUKKANEN, J.-M. (Ed.) Philosophy of History: Twenty-First- Century Perspectives. London: Bloomsbury, 2020.

TOLMASQUIN, A.; BONELA, D.; COTIA, R. Pandemia e visão de futuro: a percepção do público do Museu do Amanhã sobre o futuro a partir da pandemia do novo coronavírus, Ciência e Cultura, v.73, n., 2021.

TOUSSAINT, M. Ecocide: Towards International Recognition. Green European Journal, December, 2020.

TURIN, R. Tempos precários: historicidade, aceleração e semântica neoliberal. Dansk: Zazie Edições, 2019.

TURIN, R. Tempos pandêmicos e cronopolíticas. In: PELBART, P. P.; FERNANDES, R. M. Pandemia Crítica. Inverno 2020. São Paulo: Edições Sesc; N-1 Edições, 2021.

VALÉRY, P. La crise de l´esprit. In: ___. Œuvres complètes. Paris: Gallimard, 1960.

VENTURA, D.; PERRONE-MOISÉS, C.; MARTIN-CHENUT, K. Pandemia e crimes contra a humanidade: o caráter “desumano” da gestão da catástrofe sanitário no Brasil. Rev. Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v.12, n.3, 2021.

VISCARDI, C.; PERLATO, F. Cidadania no tempo presente. In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. de A. N. (Org.) O Brasil Republicano. O tempo da Nova República. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

WAINWRIGTH, J.; MANN, G. Climate Leviathan: A Political Theory of Our Planetary Future. New York: Verso, 2020.

YUSOFF, K. Geosocial Strata. Theory, Culture & Society, v.34, n.2-3, 2017.

ZALASIEWICZ, J. (Org.) The anthropocene as a geological time unit: a guide to the scientific evidence and current debate. Cambridge: Cambridge University Press, 2019.

Publicado

2022-06-03

Como Citar

Turin, R. (2022). País do futuro? Conflitos de tempos e historicidade no Brasil contemporâneo. Estudos Avançados, 36(105), 85-104. https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2022.36105.006