Ciclovias, atividade física no lazer e hipertensão arterial: um estudo longitudinal
DOI:
https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2023.37109.008Palavras-chave:
Ciclovias, Atividade física no lazer, Hipertensão arterialResumo
Residir nas proximidades de áreas verdes e em regiões com altos índices de caminhabilidade contribui para diminuir o risco de doenças, mas existem poucos estudos longitudinais em países de baixa e média rendas. Em São Paulo houve uma política importante de implementação de ciclovias e já é conhecido o efeito protetor das práticas de atividades físicas em doenças como a hipertensão arterial. Para verificar as relações entre possíveis mudanças na exposição às ciclovias a até 1 km das residências com as práticas de Atividade Física no Lazer (AFL), utilizamos dados de uma coorte onde foram avaliadas n=1.431 pessoas entre 2014/2015 e 2020/2021. As AFL e a hipertensão foram avaliadas por questionários. A disponibilidade de ciclovias a até 1 km dos endereços residenciais foi avaliada entre 2015 e 2020 por georreferenciamento e foram calculadas as mudanças no período. Foram realizadas associações estatísticas bivariadas e análises multiníveis. Houve aumento na hipertensão (de 26,2% para 35,6%) e na AFL (de 36,4% para 47,6%), mas foram associadas inversamente em ambos os períodos (p<0,001). O aumento das ciclovias foi mais localizado em regiões centrais da cidade. As análises multiníveis mostraram que as pessoas que foram expostas a manutenção positiva ou aumento da exposição de ciclovias tiveram mais chances de praticarem AFL no período (OR=1,39 IC95% 1,07-1,79). No entanto, é preciso ampliar esta estrutura por toda a cidade de São Paulo, para que possamos diminuir as iniquidades ambientais e contribuir de forma mais efetiva para a prevenção da hipertensão.
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