Uma autobiografia operária: a memória entre a entrevista e o romance

Autores

  • J. Sergio Leite Lopes Universidade Federal do Rio de Janeiro; Departamento de Antropologia do Museu Nacional
  • Rosilene Alvim Universidade Federal do Rio de Janeiro; Instituto de Filosofia e Ciências Sociais; Departamento de Antropologia Cultural

Resumo

TRATA-SE da apresentação e análise de uma rara autobiografia romanceada feita por um trabalhador e entregue aos pesquisadores após entrevista realizada com o autor em trabalho de campo na vila operária da cidade de Paulista, em Pernambuco. Apesar de apresentar metáforas e fábulas comuns ao gênero de literatura para leitura em voz alta, como o cordel, o autor domina uma narrativa elaborada com três versões de uma história comum, vista por três personagens, com pequenos mistérios e surpresas: só no meio da narrativa é que o leitor percebe se tratar de uma autobiografia. Por meio de uma narrativa ficcional de sua história vivida, o autor aborda suas origens rurais, a importância de alguns membros do grupo familiar na sua infância e adolescência; aspectos não-revelados nas entrevistas que versavam sobre sua participação recente no trabalho industrial. A experiência de migração para os centros metropolitanos, a diversidade de trabalhos na indústria, a relação com a leitura e a autodidaxia desse filho caçula são fatores, como em outras autobiografias operárias de que se tem conhecimento em escala internacional, para explicar esse trabalho reflexivo por escrito sobre o passado e suas origens sociais.

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Publicado

1999-12-01

Edição

Seção

Dossiê Memória

Como Citar

Lopes, J. S. L., & Alvim, R. (1999). Uma autobiografia operária: a memória entre a entrevista e o romance . Estudos Avançados, 13(37), 105-124. https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/9490