As contas dos escravos numa economia agrária: clientes de uma casa de comercial no interior de Santa Catarina (Brasil, 1875-1876)

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DOI:

https://doi.org/10.1590/http://dx.doi.org/10.1590/0101-41615024rlm

Palavras-chave:

Escravidão, Comércio, Escravo, Negócios, Conta corrente

Resumo

Discutimos os negócios dos escravos a partir das correntes como clientes de uma casa comercial em uma economia voltada para o mercado interno ao final do período escravista, evolvendo débitos e créditos, dinheiro e mercadorias. Os cativos forneceram milho e feijão e compraram um leque amplo de produtos, compreendendo alimentos, vestuário e utensílios. Em quase um terço dos lançamentos eles transacionaram dinheiro, representando a principal despesa debitada aos escravos, inclusive para o pagamento do seu escravista. Essas numerosas transações de valores substantivos dos escravos em pouco mais de um ano demonstram uma capacidade reiterada de manter negócios com a casa comercial. Embora apenas uma pequena parte deles alcançassem condições de acumular pecúlio, somente uma parcela ainda menor conseguiu sonhar com a liberdade.

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Biografia do Autor

  • Renato Leite Marcondes, Universidade de São Paulo. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto / Professor

    Departamento de economia da FEARP/USP. Doutor em economia

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Publicado

30-06-2020

Edição

Seção

Artigo

Como Citar

Marcondes, R. L. (2020). As contas dos escravos numa economia agrária: clientes de uma casa de comercial no interior de Santa Catarina (Brasil, 1875-1876). Estudos Econômicos (São Paulo), 50(2), 293-319. https://doi.org/10.1590/http://dx.doi.org/10.1590/0101-41615024rlm