A atuação de nutricionistas no PNAE e seus efeitos sobre o desempenho escolar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1980-53575326cdmm

Palavras-chave:

Desempenho escolar, Alimentação escolar, PNAE, Efeito local médio do tratamento

Resumo

A insegurança alimentar pode ser prejudicial ao desenvolvimento intelectual infantil, influenciando de forma negativa o desempenho escolar. Uma das maneiras de atenuá-la é por meio da alimentação escolar. Nesse sentido, este estudo analisou o efeito da atuação dos profissionais de nutrição nas escolas do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), como forma de promover a alimentação saudável, sobre o desempenho escolar, medido pelas notas de proficiência dos alunos do 5º ano no exame do SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de 2019. Para tanto, utilizou-se a abordagem do Local Average Treatment Effects (LATE), uma vez que há endogeneidade no componente do programa. Os resultados foram positivos, evidenciando que a atuação de nutricionistas como responsáveis técnicos do programa aumenta, em média, 12,3 e 36,84 pontos as notas nos testes de português e matemática, respectivamente. As evidências encontradas mostram a importância do PNAE e do papel do nutricionista no desempenho escolar, já que a inserção desse profissional promove uma alimentação escolar saudável e essa pode contribuir para o desenvolvimento cognitivo infantil. Destaca-se o maior impacto da atuação dos nutricionistas do PNAE em alunos com nível socioeconômico mais baixo, sugerindo que ela gerou maior ganho para classe socioeconômica com alunos mais vulneráveis.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Caroline de Deus, Universidade Federal de Viçosa

    Doutoranda em Economia Aplicada 

  • Maria Micheliana da Costa Silva, Universidade Federal de Viçosa

    Professora adjunta 

Referências

Alaimo, K., C. M. Olson e E. A. F. Jr. 2001. “Food insufficiency and American school-aged children’s cognitive academic and psychosocial development”. Pediatrics 1 (108): 44-53.

Albuquerque Neto, L. C., A. F. Santos, M. E. Duarte, G. M. R. Sousa e A. V. Medeiros Júnior. 2015. “Programa Nacional de Alimentação Escolar como incentivo educacional na cidade de Aracati (CE)”. Artigo apresentado no XXI Congresso Brasileiro de Economia, Curitiba, setembro.

Anderson, M. L., J. Gallagher e E. R. Ritchie. 2018. “School meal quality and academic performance”. Jornal of Public Economics, 168: 81-93.

Angrist, J. D., G. W. Imbens e D. B. Rubin. 1996. “Identification of causal effects using instrumental variables”. Journal of the American Statistical Association 91 (434): 444-455.

Barros, R. P., R. Mendonça, D. D. Santos e G. Quintaes. 2001. “Determinantes do desempenho educacional no Brasil”. Pesquisa e Planejamento Econômico 31 (1): 1-42.

Belot, M. e J. James. 2011. “Healthy school meals and educational outcomes”. Journal of Healthy Economics 30 (3): 489-504.

Benedicto, B. V., E. C. Teixeira. 2020. “O efeito do perfil do diretor escolar sobre a proficiência dos alunos no estado de Minas Gerais.” Economia Aplicada 4 (1): 5-28.

Brasil. 2009. Lei nº 11947, de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica. Acesso em: 16/03/2021. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11947.htm.

Camargo, P. e E. Pazello. 2014. “Uma análise do efeito do Programa Bolsa Família sobre o desempenho médio das escolas brasileiras”. Economia Aplicada 18 (4): 623-640.

Case, A., A. Fertig e C. Paxton. 2005. “The lasting impact of childhood health and circumstance”. Journal of Health Economics 24 (2): 365-389.

Cireno, F., J. Silva e R. P. Proença. 2013. “Condicionalidades, desempenho e percurso escolar de beneficiários do Programa Bolsa Família”. In Programa Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadania, organizado por Campello, T. e M. C. Neri, 297-304. Brasília: IPEA.

Coleman-Jensen, A., M. P. Rabbitt, C. Gregory e A. Singh. 2017. “Household food security in the United States in 2016”. Economic Research Service no. 237, U.S. Department of Agriculture.

Corrêa, R. S., F. C. Rockett, P. B. Rocha, V. L. Silva e V. R. Oliveira. 2017. “Atuação do Nutricionista no Programa Nacional de Alimentação Escolar na Região Sul do Brasil”. Ciência & Saúde Coletiva 22 (2): 563-574.

Curi, A. Z. e A. P. Curi. 2016. “A Relação Entre A Municipalização Do Ensino Fundamental E O Desempenho Escolar No Brasil.” Anais do XLIII Encontro Nacional de Economia, ANPEC - Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia. Acesso em: 31/01/2013. Disponível em: https://www.anpec.org.br/encontro/2015/submissao/files_I/i12d33dc884dcc73d63da65d03815b7fd8b.pdf.

Da Costa Silva, M. M. 2020. “Demanda individual de alimentos e estado nutricional infantil: Uma análise da influência do Programa Bolsa Família”. Economia Aplicada 24 (1): 127-162.

Da Silva, I. V., M. T. Da Silva e N. D. Da Silva Lima. 2020. “Fatores preditivos de desempenho escolar em avaliações do SAEB: influência da gestão escolar.” Research, Society and Development 9 (10), p.e9509109423-e9509109423.

Diaz, M. D. M. 2012. “Qualidade do gasto público municipal em ensino fundamental no Brasil”. Revista de Economia Política 32(1): 128-141.

Dotter, D. D. 2013. “Breakfast at the desk: The impact of universal breakfast programs on academic performance”. Acesso em: 18/07/2021. Disponível em: https://www.appam.org/assets/1/7/Breakfast_at_the_Desk_The_Impact_of_Universal_Breakfast_Programs_on_Academic_Performance.pdf.

Chaisemartin, Clément de. 2017. “Tolerating defiance? Local average treatment effects without monotonicity”. Quantitative Economics 8 (2): 367–96.

Faught, E. L., P. L. Williams, N. D. Willows, M. Asbridge e P. J. Veugelers. 2017. “The association between food insecurity and academic achievement in Canadian school-aged children”. Public Health Nutrition 15 (20):2778-2785.

Figlio, D. N. e J. Winicki. 2005. “Food for thought: the effects of school accountability plans on school nutrition”. Journal of Public Economics 89 (2-3): 381-394.

FNDE. 2017. “PNAE Histórico”. Portal do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Acesso em: 27/04/2021. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-sobre-o-programa/pnae-historico.

FNDE. 2019. “Programa Nacional de Alimentação Escolar”. Caderno de Legislação, Normativas do PNAE.

Franco, A. M. e N. A. Menezes-Filho. 2017. “Os determinantes do aprendizado com dados de um painel de escolas do SAEB”. Economia Aplicada 21 (3): 525-548.

Frisvold, D. E. 2015. “Nutrition and cognitive achievement: An evaluation of the School Breakfast Program”. Journal of Public Economics, 124: 91-104.

Glewwe, P. e A. L. Kassouf. 2012. “The impact of the Bolsa Escola/Familia conditional cash transfer program on enrollment, dropout rates and grade promotion in Brazil”. Journal of Development Economics 97 (2): 505-517.

Glewwe, P. e H. Jacoby. 1995. “An economic analysis of delayed primary school enrollment in a low-income country: The role of childhood nutrition”. Review of Economics and Statistics 77 (1): 156-169.

Gomes, S. M. F., T. Cavalcanti e A. M. Magalhães. 2015. Qual a relação entre a merenda escolar e o desempenho de escolas públicas brasileiras? Revista Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos 4 (1).

Gomes-Neto, J. B., E. A. Hanushek e R. H. Leite. 1997. “Health and schooling: evidence and policy implications for developing countries”. Economics of Education Review 16 (3): 271-282.

Hanushek, E. A. 2013. Economic growth in developing countries: The role of human capital. Economics of Education Review 37: 204-212.

Hanushek, E. A. e D. D. Kimko. 2000. “Schooling, labor force quality, and the growth of nations”. American Economic Review 90 (5): 1184-1208.

Hanushek, E. A. e L. Woessmann. 2010. Education and economic growth. International Encyclopedia of Education 2: 245-252.

Heckman, J. 2007. The economics, technology, and neuroscience of human capability formation. Proceedings of the national Academy of Sciences 104 (33): 13250-13255.

Heckman, J. 2008. Schools, Skills, and synapses. Economic Inquiry 46 (3): 289-324.

Heckman, J., R. Pinto e P. Savelyev. 2013. “Understanding the mechanisms through which an influential early childhood program boosted adult outcomes”. American Economic Review 103 (6): 2052–2086.

Hochfeld, T., L. Graham, J. Moodley e E. Ross. 2016. “Does school breakfast make a difference? An evaluation of an in-school breakfast programme in South Africa”. International Journal of Educational Development 51: 1-9.

Hoynes, H. W., L. Mcgranahan e D. W. Schanzenbach. 2015. “Snap and food consumption”. University of Kentucky Center for Poverty Research Discussion Paper Series.

Imberman, S. A. e A. Kugler. 2014. “The effect of providing breakfast on achievement and attendance: evidence from an in-class breakfast program”. Journal of Policy Analysis and Management 33 (3): 669-699.

Imbens, G. W. e J. D. Angrist. 1994. “Identification and Estimation of Local Average Treatment Effects”. Econometrica 62 (2): 467-475.

IBGE. 2017. Pesquisa de Orçamentos Familiares, 2017 – 2018. Manual do Agente de Pesquisa, Rio de Janeiro.

IBGE. 2021. Microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, 2017 – 2018, Rio de Janeiro.

INEP. 2020. Resumo Técnico: Resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Brasília: INEP/Ministério da Educação.

Jyoti, D. F., E. A. Frongillo e S. J. Jones. 2005. “Food insecurity affects school childrens academic performance, weight gain, and social skills”. Journal of Nutrition 135 (12): 2831-2839.

Kaur, Randeep. 2021. “Estimating the impact of school feeding programs: Evidence from mid-day meal scheme of India”. Economics of Education Review 84: 102171.

Kroth, D. e F. Gonçalves. 2019. “O impacto dos gastos públicos municipais sobre a qualidade da educação: uma análise de variáveis instrumentais entre 2007 e 2011”. Planejamento e Políticas Públicas, 53.

Lazear, E. P. 2001. “Educational production”. The Quarterly Journal of Economics 116(3): 777-803.

Lee, D. W. e T. H Lee. 1995. “Human capital and economic growth tests based on the international evaluation of educational achievement”. Economics Letters 47 (2): 219-225.

Leos-Urbel, J., A. E. Schwartz, M. Weinstein e S. Corcoran. 2013. “Not just for poor kids: the impact of universal free school breakfast on meal participation and student outcomes”. Economic of Education Review 36: 88-107.

Logan, C. W., P. Connor, E. L. Harvill, J. Harkness, H. Nisar, A. Checkoway, L. R. Peck, A. Shivji, E. Bein, M.

Levin e A. Enver. 2014. “Community eligibility provision evaluation”. Abt Associates for the USDA, Food and Nutrition Service.

Lourenço, R. L., J. C. H. B. Nascimento, F. F. Sauerbronn e M. A. S. Macedo. 2017. “Determinantes sociais e pedagógicos das notas do IDEB”. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração 11 (4): 27-43.

Machado, P., B. Schmitz, D. Gonzáles-Chica, A. Corso, F. Vasconcelos e C. Gabriel. 2018. Compra de alimentos da agricultura familiar pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE): estudo transversal com o universo de municípios brasileiros. Ciência & Saúde Coletiva 23 (12).

Ministério da Saúde. 2015. Orientações para Avaliação de Marcadores de Consumo Alimentar na Atenção Básica. Secretaria de Atenção à Saúde, Brasília.

Mello, A. L., P. O. Vidal Junior, L. R. Sampaio, L. A. S. Santos, M. C. S. Freitas e G. A. V. Fontes. 2012. “Perfil do nutricionista do programa nacional de alimentação escolar na região Nordeste do Brasil”. Revista de Nutrição 25 (1): 119-132.

Moreira, I., A. Freitas, A. Freitas, R. C. Miranda e A. Alves Júnior. 2021. “Papéis e desafios das cooperativas da agricultura familiar no processo de implementação do PNAE em cidades de Minas Gerais, Brasil”. Espacio Abierto 30 (3):196-227.

Nandi, A., J. R. Behrman, S. Bhalotra, A. B. Deolalikar e R. Laxminarayan. 2018. “The human capital and productivity benefits of early childhood nutritional interventions”. In Child and Adolescent Health and Development, editado por Bundy, D. A. P., N. Silva, S. Horton, D. T. Jamison e G. C. Patton, 285-302. Whashington DC: International Bank for Reconstruction and Development / The World Bank.

Novaes, T. G., L. L. Mendes, L. F. F. Almeida, A. Q. Ribeiro, B. V. D. L Costa, R. M. Claro e M. C. Pessoa. 2022. “Availability of food stores around Brazilian schools”. Ciência & Saúde Coletiva 27 (6): 2373-2383.

OCDE. 2019. “Pisa 2018 results, Brazil”. Country note I-II. Acesso em 16/03/2021. Disponível em https://www.oecd.org/pisa/publications/PISA2018_CN_BRA.pdf.

Oliveira, M. C. F., A. I. Coelho, M. M. Dias e J. B. Chaves. 2021. Orientações para os gestores: Novas perspectivas sobre o PNAE. Viçosa: UFV, DNS.

Pereira, A. C. D., M. M. Da Costa Silva e M. Oliveira Júnior. 2021. “Alimentação e desempenho escolar: uma avaliação da influência do PRONAF sobre os resultados do IDEB”. Artigo apresentado no 59º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER) & 6º Encontro Brasileiro de Pesquisadores em Cooperativismo (EBPC), Brasília (DF), UnB.

Pinto, Cristine e Naercio Menezes Filho. 2017. Avaliação Econômica de Projetos Sociais. Fundação Itaú Social. 3ª ed.

Pontili, R. M. e A. L. Kassouf. 2007. “Fatores que afetam a frequência e o atraso escolar, nos meios urbano e rural, de São Paulo e Pernambuco”. Revista de Economia e Sociologia Rural 45 (1): 27-47.

Rosenbaum, P. R. e D. B. Rubin. 1983. The central role of the propensity score in observational studies for causal effects. Biometrika, 70 (1): 41-55.

Scorzafave, L. G., J. N. P. Ferreira e T. A. Dorigan. 2015. “Efeito das políticas de bonificação aos professores sobre a desigualdade de proficiência no ensino fundamental”. VIII Reunião da ABAVE-Avaliação de Larga Escala no Brasil: Ensinamentos, Aprendizagens e Tendências.

Silva, C., M. Gazolla, M. Marini e R. Triches. 2021. Programa Nacional de Alimentação Escolar: O desempenho de estados e municípios brasileiros na aquisição de alimentos da agricultura. Revista Econômica do Nordeste 52 (2): 121-138.

Silva Filho, G. A. 2019. “Efeito da formação docente sobre proficiência no início do ensino fundamental”. Revista Brasileira de Economia 73: 385-411.

Sobral, F. e V. M. H. Costa. 2008. “Programa Nacional de Alimentação Escolar: Sistematização e importância”. Alimentos e Nutrição 19 (1): 73-81.

Sorhaindo, A. e L. Feinstein. 2006. “What is the relationship between child nutrition and school outcomes?” In Wider Benefits of Learning Research Report. London: Centre for Research on the Wider Benefits of Learning.

Wooldridge, J. M. 2010. Econometric analysis of cross section and panel data. Cambridge: MIT Press.

Downloads

Publicado

28-06-2023

Edição

Seção

Artigo

Dados de financiamento

Como Citar

Deus, C. de, & Silva, M. M. da C. (2023). A atuação de nutricionistas no PNAE e seus efeitos sobre o desempenho escolar. Estudos Econômicos (São Paulo), 53(2), 411-455. https://doi.org/10.1590/1980-53575326cdmm