É atrativo tornar-se professor do ensino médio no Brasil? evidências com base em decomposições paramétricas e não paramétricas

Autores

  • Ariana Britto Universidade Federal Fluminense Autor
  • Fábio Waltenberg Universidade Federal Fluminense Autor

Palavras-chave:

diferencial de salários, professores, ensino médio, atratividade da carreira docente

Resumo

Neste artigo avalia-se a atratividade da ocupação de professor do Ensino Médio, tal
como expressa por diferenciais salariais entre essa categoria de professores e três grupos
de comparação. Os dados provêm da PNAD, anos de 2006 e 2009, e as metodologias
empregadas são a tradicional decomposição de Oaxaca-Blinder e uma alternativa não
paramétrica proposta por Ñopo (2008), que decompõe em quatro termos o diferencial
total, destacando o diferencial dentro de um suporte comum de características observáveis.
Os resultados indicam que professores do Ensino Médio possuem diferencial
de remuneração favorável, porém decrescente, quando comparados a funcionários
públicos e empregados do setor privado. Além disso, e de modo mais preocupante, em
comparação a profissionais com qualificação semelhante, a situação é desfavorável aos
professores, e mostra deterioração de 2006 para 2009. Resultados obtidos utilizando
ambas as metodologias indicam que este último diferencial em grande medida não é
atribuível às diferenças nas distribuições de características individuais, mas muito mais
à parcela não explicada, o que pode representar baixa valorização social de professores
ou diferenciais de produtividade pré-escolha ocupacional ou pós-escolha ocupacional.
Qualquer que seja a razão, o déficit de remuneração no mercado de trabalho docente
pode ser um dos fatores explicativos do baixo interesse de jovens talentosos pelas
licenciaturas com potenciais impactos negativos sobre a qualidade do aprendizado
dos futuros alunos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

AKERLOF, G. A.; KRANTON R. E., Economics and Identity, Quarterly Journal of Economics, 115,

ALVES, THIAGO; REZENDE PINTO, JOSÉ MARCELINO. Análise das características do trabalho

e da remuneração docente no Brasil a partir de dados demográficos e educacionais, Anais do

XXXIV Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação –

ANPED, Natal – RN, 2011. Disponível em: http://34reuniao.anped.org.br/images/trabalhos/GT05/GT05-735%20int.pdf. Acesso em 11 nov. 2011.

ANUATTI-NETO, FRANCISCO; FERNANDES, REYNALDO; PAZELLO, ELAINE T.; Avaliação dos

salários dos professores da rede pública do ensino fundamental em tempos de FUNDEF, Revista de Economia Aplicada, v.8, no.3, pp. 413-437, 2004.

ASADULLAH, M.N. Pay differences between teachers and other occupations: some empirical evidence from Bangladesh, Journal of Asian Economics, Oxford, v.17, n.6, pp. 1044-1065, 2006.

BARBER, MICHAEL; MOURSHED, MONA. How the world´s best performing school systems come out on top. Mc Kinsey, 2007.

BARBOSA, A. L. N. H. ; BARBOSA-FILHO, F. H. ; LIMA, J. R. F. Diferencial de salários e

determinantes na escolha de trabalho entre os setores público e privado no Brasil. Pesquisa e

Planejamento Econômico (Rio de Janeiro), v. 43, p. 89-118, 2013.

BARBOSA-FILHO, F.H.; PESSÔA, S.A.; AFONSO, L. E. Um estudo sobre os diferenciais de remuneração entre os professores das redes pública e privada de ensino. Revista de Estudos Econômicos, v. 39, no.3, pp. 597-628, São Paulo, 2009.

BARROS, R. P., MENDONÇA R., BLANCO, M. O mercado de trabalho para professores no Brasil.

Anais do XXIX Encontro Nacional de Economia – ANPEC, Salvador-BA, 2001.

BAUMOL, W.J; Health care, education and the cost disease: A looming crisis for public choice, Public Choice, vol. 77, pp. 17-28, 1993.

BECKER, K. L. A remuneração do trabalho do professor no ensino fundamental público brasileiro. 124 f. Dissertação (Mestrado em Economia), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

BLINDER, A. “Wage Discrimination: Reduced Form and Structural Estimates.” The Journal of Human Resources, VII, 4, pp. 436-55, 1973.

BOWLES, SAMUEL. Microeconomics: Behavior, Institutions and Evolution, Princeton University

Press, pp. 93-126, 2004.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resolução no. 2, de 28 de Maio de 2009. Fixa as Diretrizes

Nacionais para os Planos de Carreira e Remuneração dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública. Diário Oficial da União, seção 1, pp. 41 e 42, 2009.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Lei 11.738, de 16 de Julho de 2008. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11738.htm. Acesso em: 14 ago. 2011,2008.

CHANDUVÍ, J. S.. La situación laboral de los maestros respecto de otros profesionales. Implicancias para el diseño de políticas salariales y de incentivos. In: Es posible mejorar la educación peruana, Evidencias y Posibilidades, Patricia Arregui (ed.), GRADE Grupo de Análisis para el Desarrollo, Lima, Peru, pp.181-246, 2004.

COTTON, J., On the decomposition of wage differentials, Review of Economics and Statistics, v.70, no.2, p.236-243, 1988.

DAZA, N.; GAMBOA, L. An approximation to the Informal-formal wage gap in Colombia 2008-2012. Universidad del Rosario, Facultad de Economía, Documento de trabajo no. 138, pp. 91, 2013. FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS, A atratividade da carreira docente no Brasil: Relatório Final, São Paulo, 2009.

GILPIN, GREGORY A., Reevaluating the effect of non-teaching wages on teacher attrition, Economics of Education Review, v. 30, pp. 598-616, 2011.

GINTIS, HERBERT, The bounds of reason: Game theory and the Unification of the Behavioral Sciences, Princeton, Princeton University Press, 2009.

GUSTAFSSON, M. AND PATEL, F. Managing teacher pay system: What the local and international data are telling us, Stellenbosh, University of Stellenbosh. Disponível em: http://ideas.repec.org/p/sza/wpaper/wpapers99.html . Acesso em: 10 mai. 2011, 2008.

HAM, ROGER; JUNANKAR, P. N.; WELLS, ROBERT. Occupational Choice: Personality Matters.

IZA: Discussion Paper no. 4105, 2009.

HANUSHEK, E. A. AND RIVKIN, S. G, Teacher quality, In: Hanushek, E. A.; Welch F. (eds.), Handbook of the Economics of Education, Elsevier, v.2, pp. 1052-1078, 2006.

HARRIS, DOUGLAS N.; SASS, TIM R. What makes for a good teacher and who can tell?, National Center for Analysis of Longitudinal Data in Education Research, Working Paper no. 30, 2009.

HERNANI-LIMARINO, W., Are teachers well paid in Latin America and Caribbean? Relative wages and structure of returns of teacher, In: In: Vegas, E. (org.), Incentives to Improve Teaching: Lessons from Latin America, Washington: The World Bank, p.63-150, 2005.

HUMLUM, M. K.; KLEINJANS, K. J.; NIELSEN, H. S., An economic analysis of identity and career

choice, Economic Inquiry, v.50, no. 1, pp. 39-61, 2012.

JANN, BENN, A Stata implementation of the Blinder-Oaxaca decomposition, The Stata Journal Working Paper no.5, Swiss Federal Institute of Technology Zurich, 2008.

KUNZE, A. The determination of wages and the gender wage gap: A survey, IZA: Discussion Paper no. 193, 2000.

LIANG, X., Teacher pay in 12 Latin American countries: how does teacher pay compare to other professions, what determines teacher pay, and who are the teachers?, World Bank Human Development Department, LCSDH Paper Series, no. 49, 1999.

LOPEZ-ACEVEDO, G., Teacher´s salaries and Professional Profile in Mexico, Working Paper no.

, World Bank, Washington-DC, 2004.

MENEZES-FILHO, N.; E. PAZELLO. Do teachers’ wages matter for proficiency? Evidence from a funding reform in Brazil, Economics of Education Review, Vol. 26 (6), December, Pages 660–672, 2007.

MINCER, J., Schooling, Experience and Earnings., National Bureau of Economic Research, New

York, 1974.

MIZALA, A.; ÑOPO, H. Evolution of Teachers’ Salaries in Latin America at the Turn of the 20th

Century: How Much are they (Under or Over) Paid?). IZA: Discussion Paper no. 6806, 2012.

Disponível em SSRN: http://ssrn.com/abstract=2157948.

MIZALA, A.; ÑOPO, H. Teacher’s salaries in Latin America: How much are they (under or over) paid? IZA: Discussion Paper no. 5947, 2011.

MIZALA, A. AND P. ROMAGUERA, Teachers’ Salary Structure and Incentives in Chile, In: Vegas,

E. (org.), Incentives to Improve Teaching: Lessons from Latin America, Washington: The World

Bank, pp.103-151, 2005.

MORICONI, GABRIELA M.. Os professores públicos são mal remunerados nas escolas brasileiras: Uma análise da atratividade de carreira do magistério sob o aspecto da remuneração. 86 f. Dissertação

(Mestrado em Administração Pública e Governo), Escola de Administração de Empresas,

Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2008.

OAXACA, R., Male-female wage differentials in urban labor market, International Economic Review, Osaka, v.14, no. 23, pp. 693-709, 1973.

OAXACA, R.; RANSOM, M., On discrimination and the decomposition of wage differentials, Journal of Econometrics, v.61, pp.5-21, 1994.

OCDE. Education at a Glance, 2011. Disponível em http://www.oecd.org.

PIRAS, C. AND SAVEDOFF, W. D., How much do teachers earn?, Working Paper IDB no.375, Inter-American Development Bank, Washington, D.C, 1998.

PODGURSKY, M. Teacher compensation and collective bargaining, In: Hanushek, E. A.; Machin,

S.; Woessman, L. (eds.), Handbook of the Economics of Education (Draft), Elsevier, v.3, pp.

-313, 2010.

PSACHAROPOULOS, G., VALENZUELA, J. AND ARENDS, M. Teacher Salaries in Latin America:

A Review, Economics of Education Review. 15 (4). 401-406, 1996.

RATIER, RODRIGO. Por que tão poucos querem ser professor, Atratividade da carreira docente, Nova Escola, 2010 (229), São Paulo, p. 17, Jan./Fev. 2010. Disponível em: http://www.fvc.org.br/pdf/atratividade-carreira.pdf.

Downloads

Publicado

30-03-2014

Edição

Seção

Artigo

Como Citar

Britto, A., & Waltenberg, F. (2014). É atrativo tornar-se professor do ensino médio no Brasil? evidências com base em decomposições paramétricas e não paramétricas. Estudos Econômicos (São Paulo), 44(1), 5-44. https://www.revistas.usp.br/ee/article/view/42400