O impacto da religião no crescimento econômico: uma análise empírica para o Brasil em 1991, 2000 e 2010

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/0101-41614835lbe

Palavras-chave:

Crescimento, Comportamento, Natureza Humana, Capitalismo, Brasil.

Resumo

Uma questão intrigante aos economistas é explicar o motivo de algumas nações crescerem e se destacarem mais que outras ao longo do tempo. Além dos modelos de crescimento tradicionais, que consideram trabalho, capital fixo e humano, existem formulações complementares que incluem fatores culturais para analisar essa relação. Ao se remeter às questões culturais, a religião é uma das variáveis que mais influencia os indivíduos, pois oferece uma forma de conduta de vida e hábitos diários, praticados pelos fiéis. Isso ocorre porque cada religião possui uma doutrina específica, regida por valores éticos e morais, os quais influenciam e, em alguns casos, determinam o modo de vida das pessoas. Em relação ao campo religioso brasileiro, assim como em todo o mundo, são perceptíveis as transformações ocorridas desde 1980, em que a proporção da população cristã-protestante cresceu 15,55 pontos percentuais, enquanto a proporção da população católica declinou aproximadamente 24,10%. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi o de verificar se uma proporção maior de protestantes tradicionais e pentecostais possui relação positiva com a renda per capita dos municípios brasileiros, além de testar empiricamente a importância das variáveis capital fixo e capital humano. Com esse intento, resgatou-se os conceitos teóricos sobre os modelos de crescimento econômico, aliado ao debate acerca das principais religiões do Brasil. Para a análise empírica, utilizou-se a regressão por meio da técnica de dados em painel, com base em microdados dos Censos de 1991, 2000 e 2010. Os resultados obtidos são relevantes, pois mostram que a expansão do protestantismo tradicional e pentecostal contribuiu positivamente para aumentar o nível de renda do país. Desse modo, o trabalho trouxe luz à importância da economia da religião em questões relacionadas ao crescimento econômico.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Almeida, R. 2000. “Religião na metrópole paulista”. Revista Brasileira de Ciências Sociais”. Revista Brasileira de Ciências Sociais 19 (56): 15-17.

Almeida, R. 2004. Religião na metrópole paulista. Revista Brasileira de Ciências Sociais 19 (56): 15-27.

Alves, J. E. D., Cavenaghi, S. M.; Barros, L. F. W. 2014. “A transição religiosa brasileira e o processo de difusão das filiações evangélicas no Rio de Janeiro”. Horizonte 12 (36): 1055-1085.

Anuatti-Neto, F; Narita, R. T. 2004. “A influência da opção religiosa na acumulação de capital humano: um estudo exploratório”. Estudos Econômicos (São Paulo) 34 (3): 453-486.

ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL (ATLAS). “Dados para o Brasil”. Disponível em < http://www.atlasbrasil.org.br/>. Acesso em: 10 mai. 2018.

Azzi, C., Ehrenber, R. G. 1975. “Household Allocation of Time and Church Attendance”. Journal of Political Economy 83 (1): 27-56.

Barro, R. J. 2000. “Inequality and Growth in a Panel of Countries”. Journal of Economic Growth, local 5 (1): 5-32.

Barro, R. J., Mccleary, R. M. 2003. “Religion and Economic Growth across Countries”. American Sociological Review 68 (5): 760-814.

Barro, R. J., Sala-I-Martin, X. 2003. “Economic Growth”. 2. ed. edition. Massachusetts: Institute of Technology, 654 p.

Becker, G. S. “Investment in Human Capital: 1962. ‘A Theoretical Analysis’”. Journal of Political Economy70 (5) 9–49.

Becker, S. O., Woessmann, L. “Was Weber Wrong? A Human Capital Theory of Protestant Economic History”. Quarterly Journal of Economics 124 (2): 531-596.

Bernardelli, L. V., Gomes, C. E., Michellon, E. 2017. “Religião e desenvolvimento econômico: uma análise para o Brasil à luz do catolicismo e protestantismo”. Revista de Economia Mackenzie 13 (1): 164-186.

Bueno, R. L. S. 2011. “Econometria de Séries Temporais”. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 360 p.

Cameron, A. C., Trivedi, P. K. 2005. “Microeconometrics: methods and application”. Cambridge: Cambridge University Press. 1058 p.

Ehrl, P. 2017. “Minimum comparable areas for the period 1872-2010: an aggregation of Brazilian municipalities”. Estudos Econômicos (São Paulo) 47 (1) 215-229.

Ekelund Junior, R. B., Hébert, R. F., Tollison, R. D. 2002. “An Economic Analysis of the Protestant Reformation. Journal of Political Economy” 110(3): 646-671.

Ferreira, P. C., Ellery Jr, R., Gomes, V. 2008. “Produtividade agregada brasileira (1970-2000): declínio robusto

e fraca recuperação”. Estudos Econômicos (São Paulo) 38 (1): 31-53.

Firme, V. A. C., Simão Filho, J. “Análise do crescimento econômico dos municípios de minas gerais via modelo MRW (1992) com capital humano, condições de saúde e fatores espaciais, 1991-2000”. Economia Aplicada 18 (4): 679-716.

Freston, P. 2001. “Evangelicals and Politics in Asia, Africa and Latin America”. Cambridge University Press, 214 p.

Gaarder, J., Hellern, V., Notaker, H. 2005. “O Livro das Religiões”. São Paulo: Companhia das Letras. 336 p.

Greene, W. 2012. “Econometric analysis”. 7ed. New York: Pearson, 1241 p.

Huntington, S. P. 1996. “The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order”. New York: Simon & Schuster, 367 p.

IBGE. “Anuário Estatístico do Brasil 2016”. v. 76. Rio de Janeiro. p. 457. Disponível em: < https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/20/aeb_2016.pdf>. Acesso em: 10 mai. 2018a.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Governo Federal (Org.). “Censo Demográfico 2010: Resultados gerais da amostra. 2010”. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/

resultados_gerais_amostra/resultados_gerais_amostra_tab_uf_microdados.shtm>. Acesso em: 10 mai. 2018.

Inglehart, R., Baker, W. E. 2000. “Modernization, Cultural Change, and the Persistence of Traditional Values”. American Sociological Review 65 (1): 19-51.

IPEA - INSTITUTO DE ECONOMIA APLICADA. “Base de Dados do Brasil”. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br/>. Acesso em: 10 mai. 2018.

Keyes, Charles F. 2002. “Weber and Anthropology. Annual Review of Anthropology” 31 (1): 233-255.

Landes, D. 1998. “The Wealth and Poverty of Nations: Why some are so Rich and some so Poor”. London: W.W. Norton & Company, 676 p.

Laveleye, E. 1985. “Do Futuro dos Povos Católicos: Estudo de Economia Social”. 2ed. Tradução por Dr. Miguel Vieira Ferreira. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 98 p.

Lenski, G. E. 1961. “The religious factor: a sociological study of religion’s impact on politics, economics, and family life”. Garden City: Doubleday, 448 p.

Lutero, M. 2004. “Martinho Lutero: V 1 – Os Primórdios Escritos de 1517 a 1519”. 2. ed. Canoas: Editora da

Ulbra, 469 p. (Obras Selecionadas). Comissão Interluterana de Literatura São Leopoldo.

Mankiw, N. G., Romer, D.; Weil, D. 1992. “A contribution to the empirics of economic growth”. The Quarterly Journal of Economics 107(2): 407- 437.

Marcantonio Junior, A. 2016. “Income Shocks and Pentecostal Upsurge in Brazil (1991-2000). 2016”. 56 f.

Dissertação (Mestrado) - Curso de O Programa de Pós-graduação em Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Mariano, R. 2013. “Mudanças no campo religioso brasileiro no Censo 2010”. Debates do NER (UFRGS. Impresso) 14 (1): 119-137.

Mariano, R. 2011. “Sociologia do crescimento pentecostal no Brasil: um balanço. Perspectiva Teológica” 43 (119): 11-36.

Martin, D. 1990. “Tongues of fire: the explosion of Protestantism in Latin America”, Oxford: Blackwell. 352 p.

Mccleary, R. M. 2011. “The Oxford Handbook of the Economics of Religion”. New York: Oxford University Press, 432 p.

Michellon, E. 2006. “O dinheiro e a natureza humana: como chegamos ao moneycentrismo?”. Rio de Janeiro: MK Editora, 256 p.

Michellon, E., Santos, R. G., Suzuki, W. O. 2012. “A Influência da Religião no Desenvolvimento dos Países”. In: IV Conferência Internacional de História Econômica & VI Encontro de Pós-Graduação em História Econômica, São Paulo, USP.

Neri, M. C., Melo, L. C. C. 2011. “Novo Mapa das Religiões”. Horizonte. Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião 9 (23): 637-673.

Olson, M. Jr. 1996. “Big Bills Left on Sidewalk: Why Some Nations Are Rich, and Others Poor”. Journal of Economic Perspectives 10 (1): 3–24.

PEW RESEARCH CENTER. Spirit and Power – A 10-Country Survey of Pentecostals. 2006. Disponível em:<http://www.pewforum.org/2006/10/05/spirit-and-power/>. Acesso em: 10 mai. 2018.

Reiff, L. O., Reis, E. J. 2016. “Estoque de capital em residências no Brasil (1970-1999)”. Texto para discussão 2265.

Reis, E. et al. 2011. “Áreas mínimas comparáveis para os períodos intercensitários de 1872 a 2000”. In: I Simpósio Brasileiro de Cartografia Histórica, 2011, Parati. I Simpósio Brasileiro de Cartografia Histórica. Belo Horizonte: CRCH.

Romer, D. 2012. “Advanced Macroeconomics”, 4 ed. University of California, Berkeley: McGraw-Hill, 738 p.

Sacerdote, B., Glaeser E. L. 2001. “Education and Religion”. National Bureau of Economic Research, working paper no 8080.

Schultz, T. W. “Investment in Human Capital. 1961. The American Economic Review” 51 (1): 1–17.

Smith, A. 2007. “An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations”. New York: Metalibri, 754p.

Smith, A. 2010. “The theory of moral sentiments”. Penguin Classics, 544 p.

Solow, R. M.A. 1956. “Contribution to the Theory of Economic Growth”. Quarterly Journal of Economics 70 (1): 65–94.

Stark, R. 1984. “Religion and conformity: Reaffirming a sociology of religion”. Sociological Analysis 45 (4) 273-282.

Stark, R., Glock, C, Y. 1968. “American piety: the nature of religious commitment. Los Angeles”: University of California Press, 1968. 230 p.

Stoll, D. 1990. “Is Latin America turning protestant?: the politics of evangelical growth”. Berkeley: University of California Press.

Weber, M. 2013. “A ética protestante e o espírito do capitalismo”. São Paulo: Martin Claret, 2013. 238 p.

Woodberry, R. D. 2011. “Religion and the Spread of Human Capital and Political Institutions”. In: Mccleary, R. M. (Org). The Oxford Handbook of the Economics of Religion. New York: Oxford University Press,. 432 p.

WORLD BANK (Org.). GDP per capita, PPP (current international $). Disponível em: <https://data.worldbank.

org/indicator/NY.GDP.PCAP.PP.CD?view=chart>. Acesso em: 10 mai. 2018.

Zalewski De Souza, N. L. 2007. “Religião e desenvolvimento: uma análise da influência do catolicismo e protestantismo no desenvolvimento econômico da Europa e América”. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre.

Downloads

Publicado

30-09-2018

Edição

Seção

Artigo

Como Citar

Bernardelli, L. V., & Michellon, E. (2018). O impacto da religião no crescimento econômico: uma análise empírica para o Brasil em 1991, 2000 e 2010. Estudos Econômicos (São Paulo), 48(3), 489-523. https://doi.org/10.1590/0101-41614835lbe