"Quem furta mais e esconde": o roubo de escravos em Pernambuco, 1832-1855

Autores

  • Marcus J.M. de Carvalho Autor

Resumo

Através da an´álise de registros policiais e de casos em tribunais, o autor constatou que os roubos de escravos em Pernambuco foram frequentes no período de 1832 a 1855. O maior número desses crimes ocorreu na década de 1840, época de declínio do tráfico internacional de escravos para essa província. Em geral, roubavam-se os escravos em Recife, capital da província, para vendê-los aos engenhos. Entretanto os senhores de engenho também compravam escravos roubados de outros engenhos e, em alguns casos, participavam ativamente dos roubos. Apesar de sua condição legal igualá-los a um bem móvel, os escravos raramente se mantinham como objetos passives nesses crimes; somente sua
conivência podia assegurar o êxito da ação. Portanto, os cativos possuíam urn poder de barganha que podiam utilizar para melhorar sua situação no regime escravista. Ser roubado significava, de fato, escolher outro senhor, que poderia ser melhor ou pior que o anterior. Nesta segunda hipótese, permanecia ainda a possibilidade de voltar para o dono original. 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ABREU E LIMA, José Inácio de. Necrologia do Brigadeiro Caspar Menezes de Vasconcellos Drummond. In:GONÇALVES DE MELLO, JosÉ Antonio. O Diário de Pernambuco e a História Social do Nordeste. Edição Comemorativa dos 150 anos. Recife, 1975, vol. II.

ANDRADE, Manoel Correia de. A Guerra dos Cabanos. Rio de Janeiro, Conquista, 1965.

CALLADO, João Pereira. História de Lagoa dos Gatos. Recife , Centro de Estudos de História Municipal, 1981.

CORDEIRO, Carlos Antônio (org.). Código Criminal do Império. Rio de Janeiro, Typographia Quirino e Irmão, 1861.

COSTA PORTO, José da. Os Tempos da Praieira. Recife, Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 1981.

EISENBERG, Peter. Modernização sem Mudança. Rio de Janeiro, Paz e Terra/UNICAMP, 1977.

FIGUEIRA DE MELLO, Jerônimo Martiniano. A Voz do Brasil. In: Autos do Inquérito da Revolução Praieira. Brasília, Senado Federal, 1979.

FREITAS, D6cio. Os Guerrilheiros do Imperador. Rio de Janeiro, Graal, 1978.

FREYRE, Gilberto. O Escravo nos Anuncios de Jornais Brasileiros do Século XIX. São Paulo, Nacional, 1979 (Brasiliana, vol. 370).

FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mocambos. Rio de Janeiro, José Olympio, 1961.

FREYRE, Gilberto. O Velho Félix e suas Memórias de urn Cavalcanti. Rio de Janeiro, José Olympio, 1959.

HOBSBAWM, Eric. Bandits. New York, 1971.

LIMA SOBRINHO, Barbosa. A Revolução Praieira. Revista do Arquivo Público de Pernambuco (5): 30-34, Recife, 1948.

MARSON, Isabel. Movimento Praieiro, Imprensa, Ideologia e Poder Politico. São Paulo, Moderna, 1980.

MATTOSO, Katiade Queirós. Ser Escravo no Brasil. São Paulo, Brasiliense, 1982.

MELLO REGO. Rebellião Praieira. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1899.

NABUCO, Joaquim. Urn Estadista do Império. Rio de Janeiro, Gamier, 1897.

NABUCO DE ARAUJO, José Thomaz. Justa Apreciação do Predominio do Partido Praieiro, ou História da Dominação da Praia. Recife, Companhia Editora de Pernambuco, 1977.

NARO, Nancy. The 1848 Praieira Revolt in Brazil. Tese de Doutorado, University of Chicago, 1981.

PERDIGAO MALHEIROS, Agostinho Marques. A Escravidão no Brasil, Ensaio Jurídico, Histórico e Social. Petropólis, Vozes, 1976, vol. I.

PESSOA DE MELLO, Urbano Sabino. Apreciação da Revolta Praieira em Pernambuco. Brasilia, Senado Federal, 1978.

STAMPP, Kenneth. The Peculiar Institution, Slavery in the Ante-Bellum South. New York, A. Knopf Inc., 1959.

VANDERWOOD, Pau d. Discorder and Progress. University of Nebraska, 1981.

VEIGA, Glaúcio. O Desembarque de Sirinha em. Recife, Imprensa Universitária, 1978.

Downloads

Publicado

01-12-1987

Como Citar

Carvalho, M. J. de. (1987). "Quem furta mais e esconde": o roubo de escravos em Pernambuco, 1832-1855. Estudos Econômicos (São Paulo), 17(Especial), 89-110. https://www.revistas.usp.br/ee/article/view/157409