A escrita de si na literatura japonesa: uma breve análise do Diário de Tosa e do Diário da efemeridade

Autores

  • Joy Nascimento Afonso Universidade Estadual Paulista (Assis-SP). Departamento de Letras Modernas.
  • Gabriela Kvacek Betella Universidade Estadual Paulista (Assis - SP). Departamento de Letras Modernas.

DOI:

https://doi.org/10.11606/ej.vi44.185993

Palavras-chave:

Diários, Literatura Japonesa, Diário de Tosa, Diário da Efemeridade

Resumo

Embora na atualidade a literatura oriental possa ser percebida com mais facilidade em nosso cotidiano, devido à globalização do mercado editorial e à possibilidade de acesso às traduções para a língua portuguesa, parece-nos que pouco se conhece de obras canônicas da cultura japonesa. Muito do que temos acesso hoje – obras representativas da literatura contemporânea – foi influenciado pela literatura clássica, por mais que possa parecer contraditório em termos de inovações da prosa. O presente artigo tem como objetivo analisar, de forma breve, duas obras clássicas da literatura japonesa sob o enfoque da voz narrativa diaristica, atualmente conhecida como produção intimista ou escrita de si. Apesar de constituírem de fato dois diários, as vozes narrativas das duas obras possuem características peculiares, refletem a sociedade e a cultura da época de maneira particular. Dessa forma, temos acesso, também, ao período de florescimento da cultura autóctone japonesa, onde escrita e literatura se formaram no país. Os dois diários aqui analisados, contemporâneos entre si, influenciaram profundamente a literatura japonesa, visto que foram as primeiras obras escritas utilizando-se da voz narrativa feminina. O Diário de Tosa, escrito pelo poeta Ki no Tsurayuki (872 – 945), tem como narradora uma dama que acompanha a viagem de retorno do governador de Tosa e seu séquito à capital Heian, e no Diário da Efemeridade, a autora conhecida apenas como Mãe de Michitsuna (936 – 995) assume a voz narrativa, a fim de relatar suas próprias memórias como dama da corte, casada com um dos príncipes regentes da Corte de Heian.

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Biografia do Autor

  • Joy Nascimento Afonso, Universidade Estadual Paulista (Assis-SP). Departamento de Letras Modernas.

    Docente da área de Japonês no Departamento de Letras Modernas na UNESP, Assis-SP/ Brasil. Doutoranda do Programa Literatura e Vida Social UNESP-Assis e mestre em Língua, Literatura e Cultura Japonesa pelo Departamento de Letras Orientais da FFLCH-USP, com ênfase em literatura moderna japonesa; joy.afonso@unesp.br.

  • Gabriela Kvacek Betella, Universidade Estadual Paulista (Assis - SP). Departamento de Letras Modernas.

    Docente da área de Italiano no Departamento de Letras Modernas na UNESP, Assis - SP/ Brasil. Doutora e mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada pela FFLCH-USP, pós-doc no IEB-USP, com trabalhos de análise de narrativas em primeira pessoa e gêneros híbridos autobiográficos: diários, cartas, autobiografia, crônica; kvacek.betella@unesp.br.

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Publicado

2020-12-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

A escrita de si na literatura japonesa: uma breve análise do Diário de Tosa e do Diário da efemeridade. (2020). Estudos Japoneses, 44, 21-37. https://doi.org/10.11606/ej.vi44.185993