O papel da violência escolar no abandono da carreira docente: proposta de uma matriz analítica
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-4634202248238747%20Palavras-chave:
Violência escolar, Formação de professores, Abandono docente, Sociologia da educaçãoResumo
A violência escolar é tema de pesquisa no Brasil desde os anos 1980 e está entre os principais desafios enfrentados pela educação no país. O objetivo central deste artigo é discutir o papel das experiências de violência escolar no abandono da carreira docente. Para isso, entrevistamos uma ex-professora que, assim como muitas outras, abandonou a docência após sofrer exaustão emocional em decorrência das violências sofridas na escola. A partir da literatura e da investigação narrativa dos relatos da ex-docente, consideramos importante reconhecer que a violência escolar é uma experiência objetivamente regulada e subjetivamente vivida. Enquanto realidade objetivamente regulada, a violência pode ser classificada como crime, incivilidade e violência simbólica. Como experiência subjetivamente vivida, podemos distinguir diferentes graus de banalização que, no sentido empregado por Arendt, designa a superfluidade e a superficialidade das relações humanas em sistemas totalitários. Juntas, as duas dimensões, objetiva e subjetiva, formam o que denominamos matriz da violência escolar, uma ferramenta analítica potencialmente útil para investigar como a violência influencia os percursos profissionais docentes. Os resultados ainda permitiram entender como os diversos agentes escolares (alunos, diretor e a própria professora) participam da produção da violência escolar e como as partes envolvidas têm percepções conflitantes. Por fim, implicações na formação de professores são discutidas.
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