Formação experiencial e aprendizagem biográfica: refletir para atribuir sentidos às experiências?
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-4634202248241700porPalavras-chave:
Experiência, Aprendizagem experiencial, Formação experiencial, Aprendizagem biográfica, BiograficidadeResumo
A ideia de que a experiência de vida pode constituir uma fonte de aprendizagem e de desenvolvimento não é, de todo, nova. Aliás, as experiências de vida quando são pensadas e refletidas adquirem uma dimensão formativa. No entanto, a experiência é, por si só, um conceito impreciso e que comporta um conjunto diversificado de significados. Nesse contexto, qual a relação entre experiência e aprendizagem? Acresce a essa questão, outras consideradas, de igual modo, importantes, tais como: Qual o papel formativo das experiências? E qual o papel da reflexão? Essas são algumas das questões que tentaremos responder. O presente artigo, de natureza teórica, procura refletir sobre os conceitos de aprendizagem e/ou formação experiencial e aprendizagem biográfica no quadro teórico-conceptual da educação e formação de adultos. A partir das principais perspectivas teóricas apresentadas e discutidas, os três conceitos assumem um sentido idêntico referente ao papel ativo do indivíduo, assim como à sua capacidade de refletir e, posteriormente, de atribuir sentidos e/ou significados às experiências vivenciadas. Acreditamos que a relevância desses conceitos teóricos se prende, precisamente, com a possibilidade de analisar os múltiplos significados e sentidos que os indivíduos atribuem quer às experiências, quer às aprendizagens adquiridas ao longo das suas vidas.
Downloads
Referências
ALHEIT, Peter. Biographical learning: theoretical outline, challenges and contradictions of a new approach in adult education. In: ALHEIT, Peter et al. (ed.). The biographical approach in European adult education. Wien: Verbond Wiener Volksbildung, 1995. p. 55-74.
ALHEIT, Peter. Biographical learning – within the new lifelong learning discourse. In: ILLERIS, Knud (ed.). Contemporary theories of learning. learning theorists… in their own words. London: Routdlege, 2009. p.116-128.
ALHEIT, Peter. Mentality and intergenerationality as framework conditions of ‘lifelong learning’. conceptional consequences of a multigenerational study in East Germany. Investigar em Educação, Porto, II Série, n. 5, p. 29-51, 2016.
ALHEIT, Peter. On a contradictory way to the “learning society”: a critical approach. Studies in the Education of Adults, London, v. 31, n. 1, p. 66-82, 1999.
ALHEIT, Peter. Stories and structures: an essay on historical times, narratives and their hidden impact on adult learning. Studies in the Education of Adults, London, v. 37, n. 2, p. 201-212, 2005.
ALHEIT, Peter. The “biographical question’ as a challenge to adult education. International Review of Education, Hamburg, v. 40, n. 3, 1994, p. 283-298.
ALHEIT, Peter; DAUSIEN, Bettina. Biographicity as a basic resource of lifelong learning. In: ALHEIT, Peter et al. (ed.). Lifelong learning inside and outside schools. v. 2. Roskilde: Roskilde University: University of Bremen and University of Leeds, 2000. p. 400-422.
ALHEIT, Peter; DAUSIEN, Bettina. Processo de formação e aprendizagens ao longo da vida. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 177-197, 2006.
ALHEIT, Peter; DAUSIEN, Bettina. Processos de formación y aprendizaje. In: ALHEIT, Peter; DAUSIEN, Bettina (org.). En el curso de la vida. Educación, formación, biograficidad y género. Xàtiva: Instituto Paulo Freire de España y Crec, 2007. p. 35-47.
ALHEIT, Peter; DAUSIEN, Bettina. The double face of lifelong learning: two analytical perspectives on a “silent revolution”. Studies in the Education of Adults, London, v. 34, n. 1, p. 3-22, 2002.
ALHEIT, Peter; HERNÁNDEZ-CARRERA, Rafael. La doble visión de la educación permanente: dos perspectivas analíticas. Linhas Críticas, Brasília, DF, v. 24, p. 627-653, 2018.
ANTIKAINEN, Ari. Between structure and subjectivity: life-histories and lifelong learning. International Review of Education, Hamburg, v. 44, n. 2/3, p. 215-234, 1998.
BERTAUX, Daniel; THOMPSON, Paul. Introduction. In: BERTAUX, Daniel; THOMPSON, Paul (Ed.). Pathways to Social Class: A Qualitative Approach to Social Mobility. Oxford: Clarendon Press, 1997, p. 1-31.
BIESTA, Gert; TEDDER, Michael. Agency and learning in the lifecourse: Towards an ecological perspective. Studies in the Education of Adults, London, v. 39, n. 2, p. 132-149, 2007.
BROCKMAN, Michaela. Identity and apprenticeship: the case of English motor vehicle maintenance apprentices. Journal of Vocational Education & Training, Abingdon, v. 62, n. 1, p. 63-73, 2010.
BRON, Agnieszka; WEST, Linden. Time for stories: the emergence of life history methods in the social sciences. International Journal of Contemporary Sociology, Georgia, v. 37, n. 2, p. 158-175, 2000.
BRUNER, Jerome. Acts of meaning. Cambridge: London: Harvard University Press, 1990.
CALHA, António. Entre Brobdingnag e Lillipt: a apresentação de si na narrativa autobiográfica produzida nos processos de reconhecimento, validação e certificação de competências. 2014. 329 f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2014. Disponível em: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/8375/1/Antonio%20Calha.pdf Acesso em: 29 jun. 2020.
» https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/8375/1/Antonio%20Calha.pdf
CANÁRIO, Rui. Aprender sem ser ensinado: a importância estratégica da educação não formal. In: LIMA, Licínio et al. (Org.). A educação em Portugal (1986-2006): alguns contributos de investigação. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação, 2006. p. 159-206.
CANÁRIO, Rui. Educação de adultos: um campo e uma problemática. Lisboa: Educa, 2000.
CAVACO, Carmen. Aprender fora da escola: percursos de formação experiencial. Lisboa: Educa, 2002.
CAVACO, Carmen. Experiência e formação experiencial: a especificidade dos adquiridos experienciais. Educação Unisinos, São Leopoldo, v. 13, n. 3, 2009, p. 220-227.
CAVACO, Carmen. Formação experiencial de adultos não escolarizados: saberes e contextos de aprendizagem. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 41, n. 3, p. 951-967, 2016.
CAVACO, Carmen. Formador de adultos: o potencial (trans)formador da biografia. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 17, n. 44, p. 1-20, 2021.
CHARLIER, Evelyne; ROUSSEL, Jean-François; BOUCENNA, Sephora. L’apprentissage par l’experience: une thématique centrale dans la formation d’adultes. In: CHARLIER, Evelyne; ROUSSEL, Jean-François; BOUCENNA, Sephora (ed.). Expériences des adultes et professionalités des formateurs. Bruxelles: De Boeck, 2013. p. 9-17.
CHRISTENSEN, Mette Krogh. Exploring biographical learning in elite soccer coaching. Sport, Education and Society, v. 19, n. 2, 2011, p. 204-222.
COSTA, Conceição Leal; BISCAIA, Constança; PARRA, Andrés Argüello. Aprender pensando sobre a própria vida – um ateliê biográfico na formação de educadores/professores. Revista de Sociología de la Educación, València, v. 11, n. 2, p. 258-279, 2018.
DAUSIEN, Bettina. Sobre la construcción social de la biografia. In: ALHEIT, Peter; DAUSIEN, Bettina (org.). En el curso de la vida: educación, formación, biograficidad y género. Xàtiva: Instituto Paulo Freire de España y Crec, 2007. p. 67-73.
DELORY-MOMBERGER, Christine. A pesquisa biográfica ou a construção compartilhada de um saber do singular. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica, Salvador – Bahia, v. 1, n. 1, 2016, p. 133-147.
DELORY-MOMBERGER, Christine. Fundamentos epistemológicos da pesquisa biográfica em educação. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 27, n. 1, p. 333-346, 2011.
DEWEY, John. Experiencia y educación. Madrid: Biblioteca Nueva, 2004.
DIEPSTRATEN, Isabelle; DU-BOIS-REYMOND, Manuela; VINKEN, Henk. Trendsetting learning biographies: concepts of navigating through late-modern life and learning. Journal of Youth Studies, London, v. 9, n. 2, p. 175-193, 2006.
DOMINICÉ, Pierre. A formação de adultos confrontada pelo imperativo biográfico. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 32, n. 2, p. 345-357, 2006.
DOMINICÉ, Pierre. Learning from our lives. San Francisco: Jossey-Bass, 2000.
DOMINICÉ, Pierre. O processo de formação e alguns dos seus componentes relacionais. In: NÓVOA, António; FINGER, Matthias (org.). O método (auto)biográfico e a formação. Lisboa: Ministério da Saúde: Centro de Formação e Aperfeiçoamento Profissional, 1988. p. 51-61.
DUNCAN, Sam. Biographical learning and non-formal education: questing, threads and choosing how to be older. Studies in the Education of Adults, London, v. 47, n. 1, p. 35-48, 2016.
ECCLESTONE, Kathryn; BIESTA, Gert; HUGHES, Martin. Transitions and learning through the lifecourse. London: Routledge, 2010.
FERRAROTTI, Franco. Sobre a Autonomia do Método Biográfico. In: NÓVOA, António; FINGER, Matthias (org.). O Método (auto)biográfico e a formação. Lisboa: Ministério da Saúde, 1988. p. 17-34.
FIELD, John. Learning Transitions in the adult life course: agency, identity and social capital. In: MERRILL, Barbara (ed.). Learning to change? The role of identity and learning careers in adult education. Frankfurt: Peter Lang, 2009. p. 17-32.
GLASTRA, Folke; HAKE, Barry; SCHEDLER, Petra. Lifelong learning as transitional learning. Adult Education Quarterly, Thousand Oaks, v. 54, n. 4, p. 291-307, 2004.
HALLQVIST, Anders. Biographical learning: two decades of research and discussion. Educational Review, v. 66, n. 4, 2014, p. 497-513.
HALLQVIST, Anders; ELLSTRÖM, Per-Erik; HYDÉN, Lars-Christer. The many faces of biographical learning. Studies in the Education of Adults, London, v. 44, n. 1, p. 70-84, 2012.
JARVIS, Peter. Adult education in the social context. London: Croom Helm, 1987.
JARVIS, Peter. An analysis of experience in the process of human learning. Recherche et formation, Paris, v. 70, n. 2, p. 15-30, 2012.
JARVIS, Peter. Learning to be a person in society. London: Routledge, 2009.
JARVIS, Peter. Lifelong learning and the learning society. London: Routledge, 2006b.
JARVIS, Peter. Towards a comprehensive theory of human learning. London: Routledge, 2006a.
JOSSO, Marie-Christine. Experiências de vida e formação. Lisboa: Educa, 2002.
JOSSO, Marie-Christine. Formação de adultos: aprender a viver e a gerir as mudanças. In: CANÁRIO, Rui; CABRITO, Belmiro (org.). Educação e formação de adultos: mutações e convergências. Lisboa: Educa, 2005. p. 115-125.
JOSSO, Marie-Christine. L’experience formatrice: un concept en construction. In: COURTOIS, Bernadette; PINEAU, Gaston (coord.). La formation expérientielle des adultes. Paris: La Documentation Française, 1991. p. 191-199.
KOLB, David. Experiential learning: experience as the source of learning and development. New Jersey: Prentice-Hall, 1984.
KRALIK, Debbie; Visentin, Kate; van Loon, Antonia. Transition: a literature review. Journal of Advanced Nursing, Oxford, v. 55, n. 3, p. 320-329, 2006.
NESTOR, Karen. Understanding biographicity: redesigning and reshaping lives in young adulthood. 2015. 318 f. Thesis (Doctoral in Education) – The Faculty of the Graduate School of Education and Human Development, George Washington University, Washington, 2015. Disponível em: https://scholarspace.library.gwu.edu/concern/gw_etds/8s45q8830 Acesso em: 19 jun. 2020.
» https://scholarspace.library.gwu.edu/concern/gw_etds/8s45q8830
PASSEGGI, Maria da Conceição. Narrativas da experiência na pesquisa-formação: do sujeito epistêmico ao sujeito biográfico. Roteiro, Joaçaba, v. 41, n. 1, p. 67-86, 2016.
PASSEGGI, Maria da Conceição. Reflexividade narrativa e poder auto(trans)formador. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v.17, n. 44, p. 1-21, 2021.
PINEAU, Gaston. Formation expérientielle et théorie tripolaire de la formation. In: COURTOIS, Bernadette; PINEAU, Gaston (coord.). La formation expérientielle des adultes. Paris: La Documentation Française, 1991. p. 29-40.
PIRES, Ana Luísa. Reconhecimento e validação das aprendizagens experienciais. Sísifo, Lisboa, n. 2, p. 5-20, 2007.
SCHMIDT, Benito Bisso. Biografia e regimes de historicidade. Métis, Caxias do Sul, v. 2, n. 3, p. 57-72, 2003.
SOUZA, Elizeu Clementino. Proposta pedagógica: histórias de vida e formação de professores. In: BRASIL. Ministério da Educação. Salto para o futuro: histórias de vida e formação de professores. Brasília, DF: SEED/MEC, 2007. p. 3-13.
STAUBER, Barbara. Biography and gender in youth transitions. New Directions for Child and Adolescent Development, n. 113, p. 63-75, 2006.
STAUBER, Barbara. Taking the biographical approach seriously – what does it mean for the concept of biographicity? Revista de Sociología de la Educación, València, v. 11, n. 2, p. 216-227, 2018.
TEDDER, Michael; BIESTA, Gert. Biography, transition and learning in the lifecourse: the role of narrative. In: FIELD, John; GALLACHER, Jim; INGRAM, Robert (ed.). Researching transitions in lifelong learning. London: Routledge, 2009a. p. 76-90.
TEDDER, Michael; BIESTA, Gert. Learning from life and learning for life: exploring the opportunities for biographical learning in the lives of adults. [S. l.: s. n.], 2007. Disponível em: www.learninglives.org Acesso em: 13 abr. 2020.
» www.learninglives.org
TEDDER, Michael; BIESTA, Gert. What does it take to learn from one’s life? Exploring opportunities for biographical learning in the lifecourse. In: MERRILL, Barbara (ed.). Learning to change? the role of identity and learning careers in adult education. Frankfurt: Peter Lang, 2009b. p. 33-48.
WEST, Linden et al. (ed.). Using biographical and life history approaches in the study of adult and lifelong learning: European perspectives. Frankfurt: Peter Lang, 2007.
ZEITLER, André; GUÉRIN, Jérôme; BARBIER, Jean-Marie. La construction de l’expérience. Recherche et Formation, Paris, n. 70, p. 9-14, 2012.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Educação e Pesquisa
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
A publicação do artigo em Educação e Pesquisa implica, automaticamente, por parte do(s) autor(es) a cessão integral e exclusiva dos direitos autorais da primeira edição para a revista, sem quaisquer honorários.
Após a primeira publicação, os autores têm autorização para assumir contratos adicionais, independentes da revista, para a divulgação do trabalho por outros meios (ex.: repositório institucional ou capítulo de livro), desde que citada a fonte completa, com as referências da mesma autoria e dos dados da publicação original.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões da revista.