Formação experiencial e aprendizagem biográfica: refletir para atribuir sentidos às experiências?

Autores

  • Catarina Doutor Universidade de Lisboa
  • Natália Alves Universidade de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-4634202248241700por

Palavras-chave:

Experiência, Aprendizagem experiencial, Formação experiencial, Aprendizagem biográfica, Biograficidade

Resumo

A ideia de que a experiência de vida pode constituir uma fonte de aprendizagem e de desenvolvimento não é, de todo, nova. Aliás, as experiências de vida quando são pensadas e refletidas adquirem uma dimensão formativa. No entanto, a experiência é, por si só, um conceito impreciso e que comporta um conjunto diversificado de significados. Nesse contexto, qual a relação entre experiência e aprendizagem? Acresce a essa questão, outras consideradas, de igual modo, importantes, tais como: Qual o papel formativo das experiências? E qual o papel da reflexão? Essas são algumas das questões que tentaremos responder. O presente artigo, de natureza teórica, procura refletir sobre os conceitos de aprendizagem e/ou formação experiencial e aprendizagem biográfica no quadro teórico-conceptual da educação e formação de adultos. A partir das principais perspectivas teóricas apresentadas e discutidas, os três conceitos assumem um sentido idêntico referente ao papel ativo do indivíduo, assim como à sua capacidade de refletir e, posteriormente, de atribuir sentidos e/ou significados às experiências vivenciadas. Acreditamos que a relevância desses conceitos teóricos se prende, precisamente, com a possibilidade de analisar os múltiplos significados e sentidos que os indivíduos atribuem quer às experiências, quer às aprendizagens adquiridas ao longo das suas vidas.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ALHEIT, Peter. Biographical learning: theoretical outline, challenges and contradictions of a new approach in adult education. In: ALHEIT, Peter et al. (ed.). The biographical approach in European adult education. Wien: Verbond Wiener Volksbildung, 1995. p. 55-74.

ALHEIT, Peter. Biographical learning – within the new lifelong learning discourse. In: ILLERIS, Knud (ed.). Contemporary theories of learning. learning theorists… in their own words. London: Routdlege, 2009. p.116-128.

ALHEIT, Peter. Mentality and intergenerationality as framework conditions of ‘lifelong learning’. conceptional consequences of a multigenerational study in East Germany. Investigar em Educação, Porto, II Série, n. 5, p. 29-51, 2016.

ALHEIT, Peter. On a contradictory way to the “learning society”: a critical approach. Studies in the Education of Adults, London, v. 31, n. 1, p. 66-82, 1999.

ALHEIT, Peter. Stories and structures: an essay on historical times, narratives and their hidden impact on adult learning. Studies in the Education of Adults, London, v. 37, n. 2, p. 201-212, 2005.

ALHEIT, Peter. The “biographical question’ as a challenge to adult education. International Review of Education, Hamburg, v. 40, n. 3, 1994, p. 283-298.

ALHEIT, Peter; DAUSIEN, Bettina. Biographicity as a basic resource of lifelong learning. In: ALHEIT, Peter et al. (ed.). Lifelong learning inside and outside schools. v. 2. Roskilde: Roskilde University: University of Bremen and University of Leeds, 2000. p. 400-422.

ALHEIT, Peter; DAUSIEN, Bettina. Processo de formação e aprendizagens ao longo da vida. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 177-197, 2006.

ALHEIT, Peter; DAUSIEN, Bettina. Processos de formación y aprendizaje. In: ALHEIT, Peter; DAUSIEN, Bettina (org.). En el curso de la vida. Educación, formación, biograficidad y género. Xàtiva: Instituto Paulo Freire de España y Crec, 2007. p. 35-47.

ALHEIT, Peter; DAUSIEN, Bettina. The double face of lifelong learning: two analytical perspectives on a “silent revolution”. Studies in the Education of Adults, London, v. 34, n. 1, p. 3-22, 2002.

ALHEIT, Peter; HERNÁNDEZ-CARRERA, Rafael. La doble visión de la educación permanente: dos perspectivas analíticas. Linhas Críticas, Brasília, DF, v. 24, p. 627-653, 2018.

ANTIKAINEN, Ari. Between structure and subjectivity: life-histories and lifelong learning. International Review of Education, Hamburg, v. 44, n. 2/3, p. 215-234, 1998.

BERTAUX, Daniel; THOMPSON, Paul. Introduction. In: BERTAUX, Daniel; THOMPSON, Paul (Ed.). Pathways to Social Class: A Qualitative Approach to Social Mobility. Oxford: Clarendon Press, 1997, p. 1-31.

BIESTA, Gert; TEDDER, Michael. Agency and learning in the lifecourse: Towards an ecological perspective. Studies in the Education of Adults, London, v. 39, n. 2, p. 132-149, 2007.

BROCKMAN, Michaela. Identity and apprenticeship: the case of English motor vehicle maintenance apprentices. Journal of Vocational Education & Training, Abingdon, v. 62, n. 1, p. 63-73, 2010.

BRON, Agnieszka; WEST, Linden. Time for stories: the emergence of life history methods in the social sciences. International Journal of Contemporary Sociology, Georgia, v. 37, n. 2, p. 158-175, 2000.

BRUNER, Jerome. Acts of meaning. Cambridge: London: Harvard University Press, 1990.

CALHA, António. Entre Brobdingnag e Lillipt: a apresentação de si na narrativa autobiográfica produzida nos processos de reconhecimento, validação e certificação de competências. 2014. 329 f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2014. Disponível em: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/8375/1/Antonio%20Calha.pdf Acesso em: 29 jun. 2020.

» https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/8375/1/Antonio%20Calha.pdf

CANÁRIO, Rui. Aprender sem ser ensinado: a importância estratégica da educação não formal. In: LIMA, Licínio et al. (Org.). A educação em Portugal (1986-2006): alguns contributos de investigação. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação, 2006. p. 159-206.

CANÁRIO, Rui. Educação de adultos: um campo e uma problemática. Lisboa: Educa, 2000.

CAVACO, Carmen. Aprender fora da escola: percursos de formação experiencial. Lisboa: Educa, 2002.

CAVACO, Carmen. Experiência e formação experiencial: a especificidade dos adquiridos experienciais. Educação Unisinos, São Leopoldo, v. 13, n. 3, 2009, p. 220-227.

CAVACO, Carmen. Formação experiencial de adultos não escolarizados: saberes e contextos de aprendizagem. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 41, n. 3, p. 951-967, 2016.

CAVACO, Carmen. Formador de adultos: o potencial (trans)formador da biografia. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 17, n. 44, p. 1-20, 2021.

CHARLIER, Evelyne; ROUSSEL, Jean-François; BOUCENNA, Sephora. L’apprentissage par l’experience: une thématique centrale dans la formation d’adultes. In: CHARLIER, Evelyne; ROUSSEL, Jean-François; BOUCENNA, Sephora (ed.). Expériences des adultes et professionalités des formateurs. Bruxelles: De Boeck, 2013. p. 9-17.

CHRISTENSEN, Mette Krogh. Exploring biographical learning in elite soccer coaching. Sport, Education and Society, v. 19, n. 2, 2011, p. 204-222.

COSTA, Conceição Leal; BISCAIA, Constança; PARRA, Andrés Argüello. Aprender pensando sobre a própria vida – um ateliê biográfico na formação de educadores/professores. Revista de Sociología de la Educación, València, v. 11, n. 2, p. 258-279, 2018.

DAUSIEN, Bettina. Sobre la construcción social de la biografia. In: ALHEIT, Peter; DAUSIEN, Bettina (org.). En el curso de la vida: educación, formación, biograficidad y género. Xàtiva: Instituto Paulo Freire de España y Crec, 2007. p. 67-73.

DELORY-MOMBERGER, Christine. A pesquisa biográfica ou a construção compartilhada de um saber do singular. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica, Salvador – Bahia, v. 1, n. 1, 2016, p. 133-147.

DELORY-MOMBERGER, Christine. Fundamentos epistemológicos da pesquisa biográfica em educação. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 27, n. 1, p. 333-346, 2011.

DEWEY, John. Experiencia y educación. Madrid: Biblioteca Nueva, 2004.

DIEPSTRATEN, Isabelle; DU-BOIS-REYMOND, Manuela; VINKEN, Henk. Trendsetting learning biographies: concepts of navigating through late-modern life and learning. Journal of Youth Studies, London, v. 9, n. 2, p. 175-193, 2006.

DOMINICÉ, Pierre. A formação de adultos confrontada pelo imperativo biográfico. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 32, n. 2, p. 345-357, 2006.

DOMINICÉ, Pierre. Learning from our lives. San Francisco: Jossey-Bass, 2000.

DOMINICÉ, Pierre. O processo de formação e alguns dos seus componentes relacionais. In: NÓVOA, António; FINGER, Matthias (org.). O método (auto)biográfico e a formação. Lisboa: Ministério da Saúde: Centro de Formação e Aperfeiçoamento Profissional, 1988. p. 51-61.

DUNCAN, Sam. Biographical learning and non-formal education: questing, threads and choosing how to be older. Studies in the Education of Adults, London, v. 47, n. 1, p. 35-48, 2016.

ECCLESTONE, Kathryn; BIESTA, Gert; HUGHES, Martin. Transitions and learning through the lifecourse. London: Routledge, 2010.

FERRAROTTI, Franco. Sobre a Autonomia do Método Biográfico. In: NÓVOA, António; FINGER, Matthias (org.). O Método (auto)biográfico e a formação. Lisboa: Ministério da Saúde, 1988. p. 17-34.

FIELD, John. Learning Transitions in the adult life course: agency, identity and social capital. In: MERRILL, Barbara (ed.). Learning to change? The role of identity and learning careers in adult education. Frankfurt: Peter Lang, 2009. p. 17-32.

GLASTRA, Folke; HAKE, Barry; SCHEDLER, Petra. Lifelong learning as transitional learning. Adult Education Quarterly, Thousand Oaks, v. 54, n. 4, p. 291-307, 2004.

HALLQVIST, Anders. Biographical learning: two decades of research and discussion. Educational Review, v. 66, n. 4, 2014, p. 497-513.

HALLQVIST, Anders; ELLSTRÖM, Per-Erik; HYDÉN, Lars-Christer. The many faces of biographical learning. Studies in the Education of Adults, London, v. 44, n. 1, p. 70-84, 2012.

JARVIS, Peter. Adult education in the social context. London: Croom Helm, 1987.

JARVIS, Peter. An analysis of experience in the process of human learning. Recherche et formation, Paris, v. 70, n. 2, p. 15-30, 2012.

JARVIS, Peter. Learning to be a person in society. London: Routledge, 2009.

JARVIS, Peter. Lifelong learning and the learning society. London: Routledge, 2006b.

JARVIS, Peter. Towards a comprehensive theory of human learning. London: Routledge, 2006a.

JOSSO, Marie-Christine. Experiências de vida e formação. Lisboa: Educa, 2002.

JOSSO, Marie-Christine. Formação de adultos: aprender a viver e a gerir as mudanças. In: CANÁRIO, Rui; CABRITO, Belmiro (org.). Educação e formação de adultos: mutações e convergências. Lisboa: Educa, 2005. p. 115-125.

JOSSO, Marie-Christine. L’experience formatrice: un concept en construction. In: COURTOIS, Bernadette; PINEAU, Gaston (coord.). La formation expérientielle des adultes. Paris: La Documentation Française, 1991. p. 191-199.

KOLB, David. Experiential learning: experience as the source of learning and development. New Jersey: Prentice-Hall, 1984.

KRALIK, Debbie; Visentin, Kate; van Loon, Antonia. Transition: a literature review. Journal of Advanced Nursing, Oxford, v. 55, n. 3, p. 320-329, 2006.

NESTOR, Karen. Understanding biographicity: redesigning and reshaping lives in young adulthood. 2015. 318 f. Thesis (Doctoral in Education) – The Faculty of the Graduate School of Education and Human Development, George Washington University, Washington, 2015. Disponível em: https://scholarspace.library.gwu.edu/concern/gw_etds/8s45q8830 Acesso em: 19 jun. 2020.

» https://scholarspace.library.gwu.edu/concern/gw_etds/8s45q8830

PASSEGGI, Maria da Conceição. Narrativas da experiência na pesquisa-formação: do sujeito epistêmico ao sujeito biográfico. Roteiro, Joaçaba, v. 41, n. 1, p. 67-86, 2016.

PASSEGGI, Maria da Conceição. Reflexividade narrativa e poder auto(trans)formador. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v.17, n. 44, p. 1-21, 2021.

PINEAU, Gaston. Formation expérientielle et théorie tripolaire de la formation. In: COURTOIS, Bernadette; PINEAU, Gaston (coord.). La formation expérientielle des adultes. Paris: La Documentation Française, 1991. p. 29-40.

PIRES, Ana Luísa. Reconhecimento e validação das aprendizagens experienciais. Sísifo, Lisboa, n. 2, p. 5-20, 2007.

SCHMIDT, Benito Bisso. Biografia e regimes de historicidade. Métis, Caxias do Sul, v. 2, n. 3, p. 57-72, 2003.

SOUZA, Elizeu Clementino. Proposta pedagógica: histórias de vida e formação de professores. In: BRASIL. Ministério da Educação. Salto para o futuro: histórias de vida e formação de professores. Brasília, DF: SEED/MEC, 2007. p. 3-13.

STAUBER, Barbara. Biography and gender in youth transitions. New Directions for Child and Adolescent Development, n. 113, p. 63-75, 2006.

STAUBER, Barbara. Taking the biographical approach seriously – what does it mean for the concept of biographicity? Revista de Sociología de la Educación, València, v. 11, n. 2, p. 216-227, 2018.

TEDDER, Michael; BIESTA, Gert. Biography, transition and learning in the lifecourse: the role of narrative. In: FIELD, John; GALLACHER, Jim; INGRAM, Robert (ed.). Researching transitions in lifelong learning. London: Routledge, 2009a. p. 76-90.

TEDDER, Michael; BIESTA, Gert. Learning from life and learning for life: exploring the opportunities for biographical learning in the lives of adults. [S. l.: s. n.], 2007. Disponível em: www.learninglives.org Acesso em: 13 abr. 2020.

» www.learninglives.org

TEDDER, Michael; BIESTA, Gert. What does it take to learn from one’s life? Exploring opportunities for biographical learning in the lifecourse. In: MERRILL, Barbara (ed.). Learning to change? the role of identity and learning careers in adult education. Frankfurt: Peter Lang, 2009b. p. 33-48.

WEST, Linden et al. (ed.). Using biographical and life history approaches in the study of adult and lifelong learning: European perspectives. Frankfurt: Peter Lang, 2007.

ZEITLER, André; GUÉRIN, Jérôme; BARBIER, Jean-Marie. La construction de l’expérience. Recherche et Formation, Paris, n. 70, p. 9-14, 2012.

Downloads

Publicado

2022-10-03

Como Citar

Formação experiencial e aprendizagem biográfica: refletir para atribuir sentidos às experiências?. (2022). Educação E Pesquisa, 48(contínuo), e241700. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202248241700por