Representações das classes secundárias experimentais construídas por Gildásio Amado (1958-1973)

Autores

  • Fernanda Gomes Vieira Universidade do Estado de Santa Catarina
  • Norberto Dallabrida Universidade do Estado de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-4634202248246923

Resumo

Este trabalho tem o propósito de compreender as representações feitas por Gildásio Amado, considerado um mediador cultural, sobre as classes secundárias experimentais, que se constituíram no ensaio pioneiro de inovação pedagógica no ensino secundário brasileiro nas décadas de 1950 e 1960. Essas representações são analisadas em dois textos produzidos por Gildásio Amado como chefe da Diretoria do Ensino Secundário do Ministério da Educação e Cultura (MEC) durante a implantação das classes secundárias experimentais, e em outros dois textos, escritos por ele, após a realização do primeiro ciclo dessa experiência pedagógica. Para ler essa questão usou-se o conceito de representação do historiador Roger Chartier, que tem duas dimensões: a presentificação do ausente ou do que já passou, mas também, necessariamente, a construção desse ausente. Assim, a operação de produção de fatos e de processos passados é realizada a partir dos interesses e ideologias de seu autor. De um lado, analisa-se o olhar de Gildásio Amado, na condição de ocupante de alto cargo no MEC, sobre as classes secundárias experimentais no momento de sua entusiasmada implantação. De outra parte, procura-se compreender a visão desse autor também sobre as classes secundárias experimentais após a realização de seu primeiro ciclo, que apresenta um tom mais avaliativo. Busca-se, portanto, perceber as apreciações de Gildásio Amado sobre a primeira onda de renovação do ensino secundário brasileiro em dois momentos históricos diferentes.

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Publicado

2022-12-01

Como Citar

Representações das classes secundárias experimentais construídas por Gildásio Amado (1958-1973). (2022). Educação E Pesquisa, 48(contínuo), e246923. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202248246923