A representação dos curdos no melodrama turco: "Sila, prisioneira do amor"

Autores

  • Pricyla Weber Imaral Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v10i1p505-536

Palavras-chave:

Curdo, Curditão, Nacionalismo turco, Telenovela, Turquia

Resumo

 

Este artigo retoma de maneira resumida a analise desenvolvida a respeito das representações das populações curdas nas telenovelas (séries) turcas, buscando entender o poder da mídia em influenciar na percepção de nacionalidade dos cidadãos. A pesquisa feita através da telenovela “Sila Prisioneira do Amor” Sila, originalmente é um drama turco (série contendo três temporadas), escrito por Gül Oğuz[1] e distribuídas pela emissora ATV. Foi exibida pela primeira vez em 2006 na Turquia. No Brasil, chegou em de 2016, foi adaptada para telenovela com título em português, Sila, Prisioneira do Amor contendo 199 episódios, transmitida pela Rede Bandeirantes em horário nobre. Sila, assim como no Brasil, teve grande público em toda América Latina, alcançando mais de dezesseis países do continente. A partir da análise da telenovela foi desenvolvido um estudo a respeito da narrativa melodramática como maneira de promover estilos de vida e cultura. Neste cenário, buscamos extrair os estereótipos que corroboram para a estigmatização da população curda no país através dos meios de telecomunicação, neste caso, o melodrama turco “Sila, prisioneira do amor.” Nos alicerçamos então, na fonte ficcional para expor como os processos de silenciamento histórico estão implícitos na trama e trazem uma reflexão sobre o que seria uma cultura “atrasada.”  Neste aspecto entendemos o melodrama como um auxiliar pedagógico que atua na educação do ethnos nacional. Entendendo a televisão como uma ferramenta que auxilia no processo de modernização do país, que há anos encontra-se alinhadas às ideologias do desenvolvimento, para moldar seus públicos e trazê-los para a modernidade nacional conforme aponta Abu-Lughod (2002).

Palavras Chave: Curdo, Curditão, Nacionalismo turco, Telenovela, Turquia.

 

[1]Produtora, diretora e escritora. Fundou “Most Production” uma produtora da voltada para atrações de entretenimento. Entre seus trabalhos mais famosos estão, “Hatirla Gönüll” e “Hayat Sarkisi”

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

SILA, PRISIONEIRA DO AMOR, 2016: (Brasil)

FONDATION INSTITUT KURDE DE PARIS: https://www.institutkurde.org/

ALMEIDA, Heloísa. “Muito mais coisas”: Telenovela, consumo e gênero. (Tese de Doutorado). Campinas - SP: Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e

Ciências Humanas da Universidade de Campinas, 2001.

__________. Consumidoras e heroínas: gênero na telenovela. Estudos Feministas. Florianópolis. Vol. 15 280, p. 177-192, 2007.

__________. Classe média para a indústria cultural. Psicologia USP. São Paulo. Vol. 26, p. 27-36, 2015

ABU-LUGHOD, Lila. Dramas of Nationhood, The politics of Television in Egypt. Chicago:The University of Chicago Press, 2005.

ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas: Reflexões sobre a origem e a

difusão do nacionalismo. São Paulo: Editora Schwarcz, 2008.

APPADURAI, Arjun. O medo do pequeno número: Ensaio sobre a geografia da raiva.

São Paulo: Iluminuras, 2009.

ARCOS, Javier C.“El Kemalismo: Un caso de centralitarismo práctico-radical en la

disyuntiva identitaria turca. Mustafá Kemal Atatürk (1881-1938)”USACH, Santiago, p. 83-100, 2011.

BINER, Zerrin. Ö. Acts of Defacement, Memory of Loss Ghostly Effects of the “Armenian Crisis” in Mardin, Southeastern Turkey. History & Memory. Vol. 22, p. 68-94, 2010.

CASTORIADIS, Cornelius. El Imaginario Social Instituyente. Zona Erógena. Nº 35, 1997.

CHATTERJEE, Partha. Colonialismo, Modernidade e Política. “A nação em tempo heterogêneo”.

Salvador: Edufba, 2004.

DALKILIÇ, Neslihan.“The Architectural analysis of traditional houses of Midyat Mardin, Turkey”. International Journal Of Academic Research Diyarbakir Vol.4, p.10-31, 2012.

DEVÉS-VALDÉS, Eduardo. Pensamiento Periférico: Asia – África – América Latina – Eurasia y algo más. Una tesis interpretativa global. Santigo de Chile: Providencia, 2014.

ERDOGAN, Nezih. Narrative of resistance: Nacional identity and ambivalence in the Turkish melodrama between 1965 and 1975. Narratives of resistance, p. 259-271, 1998.

FEIERSTEIN, Daniel. El fin de la ilusión de autonomía. “Las contradicciones de la modernidad y su resolución genocida”. In: AA.VV. Genocidio. La administración de la muerte en la modernidad. Buenos Aires: Eduntref, 2005.

FILIZ, Kardan. “The dynamics of honor killing in Turkey: Prospect for action” Ankara: United Nations Population Fund, 2005.

GINSBURG, Faye D. ABU-LUGHOD, Lila. LARKIN, Brian. et al. Media Worlds. Londres:

Anthropology on New Terrain, 2002.

PÉREZ, Leonardo Cancino.

Aportes de la noción de imaginario social para el estudio de los movimientos sociales.

Polis Revista Latinoamericana, Nº 28. 2012.

SEZGIN, Dilara. WALL, Melissa A. Constructing the Kurds in the Turkish press: a case study of Hürriyet newspaper. Media culture and society, Vol.27, p.787-798, 2005.

HOLLANDA, Heloísa. B. Cultura como recurso. Salvador: Fundação Pedro Calmon. 2012.

HOBSBAWM, Eric. Nações e Nacionalismos desde 1780. Trad. Antônio Candido. Rio de Janeiro: Paz e terra,1991.

__________, RANGER, Terence. A invenção das tradições. São Paulo: Paz e Terra, 2014.

İÇLİ, Tülin. G. Blood Feud In Turkey: A Sociological Analysis . The British Journal of Criminology, Vol 34, p. 69–74, 1994.

ÖCALAN, Abdullah. Guerra e paz no Curdistão. International Initiative Edition. 2008.

OCAKLI, Feryaz. Politics in the Kurdish periphery: clan networks and local party

strategies in a comparative perspective. Middle Eastern Studies. Saratoga Springs, Vol. 53, p.571–584, 2017.

MBEMBE, Achille. Necropolítica seguido de Sobre el gobierno privado indirecto. Trad. ARCHAMBAULT, Elisabeth. Editorial Melusina, S.L 2006.

VAN BRUINESSEN, Martin. Agha, Shaikh and State: The Social and Political Structures of Kurdistan. London: Zed Books, 1992.

______________, ‘Kurdish identities and Kurdish nationalisms in the early twenty-first century’ Published in Turkish as: ‘Erken 21. Yüzyılda Kürt Kimlikleri ve Kürt

Milliyetçilikleri’, in: Elçin Aktoprak & A. Celil Kaya (eds), 21. Yüzyılda Milliyetçilik: Teori

ve Siyaset. Istanbul: İletişim, p. 1-16, 2016.

ZEYDANLIOGLU, Welat. The White Turkish Man’s burden: Orientalism, Kemalism and the Kurds Turkey. In: RINGS, Guido; IFE, Anne (Eds.), Neo-colonial mentalities in contemporary Europe? Language and discourse in the construction of identities. London: Cambridge Scholars Publishing, p. 1-23, 2008

Downloads

Publicado

2021-06-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Imaral, P. W. (2021). A representação dos curdos no melodrama turco: "Sila, prisioneira do amor". Epígrafe, 10(1), 505-536. https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v10i1p505-536