A continuidade punitiva na história do Brasil: da era colonial à redemocratização

Autores

  • Larissa Cabelo de Campos Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v10i1p132-162

Palavras-chave:

autoritarismo, neoliberalismo, militarismo, punitivismo, escravismo

Resumo

Este artigo buscou investigar quais os fatores levaram o Brasil a adotar uma política penal de encarceramento em passa, fazendo-o figurar as primeiras posições entre os países que mais prendem sua população – atualmente com mais de 700 mil indivíduos privados da liberdade.

Buscou-se investigar quais fatores contribuíram para a formação de uma cultura punitiva que levou o Brasil a adotar uma política penal de encarceramento em massa, fazendo-o figurar as primeiras posições entre os países que mais prendem sua população. A análise realizou um levantamento dos processos históricos que culminaram neste cenário, desde a colonização até o período imperial, bem como as duas ditaduras que marcaram o País. Concluiu-se que a construção do pensamento punitivo é um processo de continuidade, que perpassa toda a formação do Estado-nação. Constatou-se, dessa forma, uma divisão história de grupos sociais, em que há um reforço ideológico da separação de indivíduos entre “merecedores” e “não merecedores”.

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Publicado

2021-06-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Campos, L. C. de . (2021). A continuidade punitiva na história do Brasil: da era colonial à redemocratização. Epígrafe, 10(1), 132-162. https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v10i1p132-162