“Educar é Higienizar”: as diretrizes do ensino de Higiene nas Escolas Normais paulistas e o papel do professor no livro de Biologia Educacional

Autores

  • Samira Martins Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v11i1p259-285

Palavras-chave:

Higiene Escolar, Escolarização, Biologia Educacional, Historiografia da educação

Resumo

Este artigo tem como objetivo discorrer sobre as diretrizes de Educação Higiênica e o papel da professora primária na veiculação da mensagem de higiene nas escolas paulistas para a conformação de cidadãos saudáveis e eficientes ao Estado durante a Era Vargas. Para isto, analisamos o livro Biologia Educacional: noções fundamentais (1969) de Antônio de Almeida Junior. Essa obra foi utilizada como livro didático nas Escolas Normais paulistas, a partir de 1938 e sua última edição foi publicada em 1969. As diretrizes sobre higiene contidas no livro visavam instruir a futura professora a seguir seu papel de missionária da mensagem de higiene, para regenerar seus alunos através da educação.  A partir da perspectiva foucaultiana, operamos com o conceito de disciplina e biopoder como ferramenta de análise objetivando conhecer a rede de enunciados, da medicina, higiene e da educação escolar. A metodologia adotada para esta discussão volta-se para a pesquisa qualitativa de caráter bibliográfico e análise documental. Um das conclusões que este estudo levantou é que os enunciados veiculados no livro funcionaram como estratégias de disciplinamento de condutas e corpos, objetivando o saneamento dos problemas econômicos do país, tendo a futura professora primária e os alunos como ferramenta e alvos da transformação econômica e social.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ALMEIDA JUNIOR, Antonio Ferreira. Biologia Educacional: Noções fundamentais. 22ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1969.

CARVALHO, Marta Maria Chagas de. Quando a história da educação é a história da disciplina e da higienização das pessoas. In: FREITAS, Marcos César. de. (org.). História social da infância no Brasil. São Paulo: Cortez, 2001, p. 291-309.

CARVALHO, Marta Maria Chagas de. Educação: a doutrina ensinada na Escola Normal e sua depuração. In: CARVALHO, Marta Maria Chagas de. Sampaio Dória. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massanaga, 2010, p. 70-86.

DÁVILA, Jerry. Diploma de brancura: política social e racial no Brasil. Tradução de Claudia Sant’Ana Martins. São Paulo: Editora Unesp, 2006.

DE LUCA, Tania Regina. A Revista do Brasil: um diagnóstico para a (N)ação. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A vontade de saber. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. 9º ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. 42. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.

GANDINI, Raquel. Almeida Junior. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.

Mota, André. Higienizando a raça pelas mão da educação ruralista: o caso do Grupo Escolar Rural do Butantã em 1930. Interface: Comunicação, Saúde e Educação, v14, p. 9-22, jan.-mar. 2010. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=180114110002. Acesso em: 15 set. 2021.

ROCHA, Heloísa Helena Pimenta. A higienização dos costumes: educação escolar e saúde no projeto do Instituto de Hygiene de São Paulo. 1. ed. Campinas: Mercado de Letras; FAPESP, 2003.

ROCHA, Heloísa Helena Pimenta. Professora primária: uma missionária? Revista de Educação (Campinas), v. 2, p. 15-21, 1997. Disponível em: https://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/article/download/454/434 Acesso em: 20 set. 2021.

ROQUETTE PINTO, Edgar. Ensaios de Antropologia Brasiliana. 3. ed. São Paulo: Ed. Nacional; Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1982.

SANTOS, Luiz Antônio de Castro. O pensamento sanitarista na Primeira República: Uma ideologia de construção da nacionalidade. Revista de Ciências Sociais, v.28, n.2, p.193-210, 1985. Disponível em; http://www.bvshistoria.coc.fiocruz.br/lildbi/docsonline/antologias/eh-594.pdf. Acesso em: 21 set. 2021.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 17° Ed. São Paulo: Cortez, 1997.

VERZOLLA, Beatriz Lopes Porto. As representações do Mal: As imagens da Doença e da Degeneração Racial nos Livros Didáticos (1920 e 1930). In: MOTA, André.; MARINHO, M. G. S. M. C. (org.) Eugenia e história: ciência, educação e regionalidades. São Paulo: CDG Casa de Soluções e Editora, 2013, p. 49-72.

VIVIANI, Luciana Maria. Formação de professoras e Escolas Normais paulistas: um estudo da disciplina Biologia Educacional. Revista Educação e Pesquisa, v. 31, n. 2, p. 201-213, maio-ago, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/Ld9hmXHzNDV9V4sZkHsy6fv/?lang=pt. Acesso em: 25. set. 2021.

VIVIANI, Luciana Maria; BUENO, Belmira Oliveira. A Biologia Educacional nas Escolas Normais paulistas: uma disciplina da eficiência física e mental. Revista Portuguesa de Educação, v. 19, p. 43-65, 2006. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/374/37419103.pdf. Acesso em: 25 set. 2021.

VIVIANI, Luciana Maria; GIL, Natália de Lacerda. A expansão e a eficiência da Escola Rural em São Paulo: Atuação e posicionamentos de Almeida Junior a partir de estatísticas oficiais. Revista História da Educação – RHE, v.15, n.34, mai.- ago. 2011, p. 147-170. Disponível: https://seer.ufrgs.br/asphe/article/view/20355. em: Acesso em: 25 set. 2021.

Downloads

Publicado

2022-10-09

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Martins, S. (2022). “Educar é Higienizar”: as diretrizes do ensino de Higiene nas Escolas Normais paulistas e o papel do professor no livro de Biologia Educacional. Epígrafe, 11(1), 259-285. https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v11i1p259-285