Cristãs-novas no Brasil Colônia: um olhar sobre o Marranismo

Autores

  • Ademir Schetini Júnior Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v3i3p137-155

Palavras-chave:

Tribunal do Santo Ofício, Brasil Colônia, Cristão-novismo, Criptojudaísmo feminino.

Resumo

Na Península Ibérica, a historiografia sobre a Inquisição ganhou impulso nos idos de 1990 e as pesquisas resultaram na produção de uma vasta literatura a respeito da atuação do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição. Em Portugal, as investigações foram facilitadas com a ampliação do acesso aos arquivos abrigados no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, no qual podem ser contabilizados mais de quarenta mil processos, além de variados núcleos documentais. A pesquisa ganhou maior complexidade com as recentes investigações relativas à presença feminina na documentação inquisitorial e, em particular, de mulheres acusadas de preservação de práticas judaicas. A teia das relações abrangidas pela territorialidade colonial – distando sujeitos, fortalecendo hierarquias e suscitando formas distintas de atuação – delimita o pano de fundo sobre o qual se assenta o presente trabalho, sobre o papel das mulheres associadas ao criptojudaísmo em três grupos de cristãos-novos, nas capitanias do Rio de Janeiro (GORENSTEIN, 2005), da Bahia (ASSIS, 2012) e de Pernambuco (VEIGA, 2013).

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Biografia do Autor

Ademir Schetini Júnior, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Graduação em História pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

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Publicado

2016-10-30

Como Citar

Schetini Júnior, A. (2016). Cristãs-novas no Brasil Colônia: um olhar sobre o Marranismo. Epígrafe, 3(3), 137-155. https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v3i3p137-155

Edição

Seção

Artigos