Mito e história: o quebra-cabeça em torno das mulheres e da democracia no Tratado Político de Espinosa

Autores

  • Antônio David Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2021.186585

Palavras-chave:

Mulheres, Democracia, Poder, Direito, Experiência, Mito, Hist´ória

Resumo

Foco de intensa discussão entre os comentadores de Espinosa, o inacabado capítulo XI do Tratado Político apresenta o que parecem ser as razões da exclusão das mulheres na democracia. Contrapondo-nos a essa leitura, procuramos mostrar a presença do contradiscurso na passagem em questão. Ao cabo, mostramos que o problema em questão permite vislumbrar de que maneira articulam-se as noções de mito e história em Espinosa.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

AGUILAR, C. (2013). “Publico y privado en Spinoza”, in: TATIÁN, D. (comp.). Spinoza, noveno coloquio. 1a ed. Córdoba: Brujas, pp. 197-202.

ANDRADE, F. D. (2010) “Impossibilidade da violência na democracia de Espinosa”, in: Conatus, vol. 4, n. 8, dez. pp. 47-53.

ANDRADE, F. D. (2001). Pax spinozana. Direito natural e direito justo em Espinosa. Tese (Filosofia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

BALIBAR, E. (2005). Spinoza et la politique. Réimpression de la 3ème édition. Paris: Presses Universitaires de France.

BALZA, I. (2014). “Los feminismos de Spinoza: corporalidad y renaturalización”, in: Daimon. Revista Internacional de Filosofía, nº 63, pp. 13-26.

BATTISTI, G. S. (1977). “Democracy in Spinoza’s unfinished Tractatus Politicus”, in: Journal of the History of Ideas, vol. 38, n. 4, oct.-dec, pp. 623-34.

BOVE, L. (2002). “Introduction”, in: spinoza. Traité Politique. Traduction d’Émile Saisset revisée par Laurant Bove. Introduction et notes par Laurent Bove. Paris: Librairie Générale Française.

CAMPOS, A. (2012). Spinoza’s revolutions in natural law. New York: Palgrave Macmillan.

CANASLAN, E. (2017). “Los otros de Spinoza”, in: BRODOSKY, V. et. al. (comp.). Spinoza, decimo segundo coloquio: Spinoza y los otros. 1a ed. Córdoba: Universidad Nacional de Córdoba, pp. 37-43.

CHAUI, M. (2000). A nervura do real. Imanência e liberdade em Espinosa (Vol. 1 – Imanência). São Paulo: Companhia das Letras.

CHAUI, M. (2016). A nervura do real II. Imanência e liberdade em Espinosa (Vol. 2 – Liberdade). São Paulo: Companhia das Letras.

CHAUI, M. (2011). Desejo, paixão e ação na Ética de Espinosa. São Paulo: Companhia das Letras.

CHAUI, M. (1981). “Linguagem e liberdade: o contradiscurso de Baruch Espinosa”, in: Da realidade sem mistérios ao mistério do mundo (Espinosa, Voltaire, Merleau-Ponty). São Paulo: Editora Brasiliense, pp. 10-103.

CHAUI, M. “Notas para um rodapé selvagem (as mulheres no tp)”. Não publicado.

CHAUI, M. (2003). Política em Espinosa. São Paulo: Companhia das Letras.

CHAUI, M. (1976). “Terceira margem. Notas para um rodapé selvagem”, in: Almanaque. Cadernos de Literatura e Ensaio, nº 2, pp. 54-8.

COOPER, J. E. (2018). “Statesmen versus Philosophers Experience and Method in Spinoza’s Political Treatise”, in: MELAMED, Y. Y..; SHARP, H. (ed.). Spinoza’s Political Treatise. A Critical Guide. Cambridge University Press, pp. 29-46.

DAVID, A. (2019a). “Ad usum vitae. Causalidade e história em Espinosa”, in: Dois pontos, vol. 16, n. 3, nov. pp. 1-23.

DAVID, A. (2019b). “O sábio e o ignorante. Espinosa e a emenda da vida”, in: Discurso, vol. 49, no 2, pp. 261-278.

DAVID, A. (2018). “O vulgo e a interpretação da obra de Espinosa”, in: Cadernos Espinosanos, nº 39, jul.-dez, p. 141-62.

DUROX, F. (1994). “Puissance et utopie au péril de la différence sexuelle”. In: D’ALLONES, M. R.; RIZK, H. Spinoza: Puissance et Ontologie. Actes du Colloque organisé par le Collège International de Philosophie les 13, 14, 15 mai 1993 à la Sorbonne. Paris: Éditions Kimé, pp. 127-38.

ESPINOSA, B. (2016). “Epístolas: Espinosa e Boxel”, in: Cadernos Espinosanos, nº 35, jul.-dez, (Apresentação, preparação do texto latino, tradução e notas de Samuel Thimounier pp. 523-571.

ESPINOSA, B. (2015). Ética. Tradução Grupo de Estudos Espinosanos; coordenação Marilena Chaui. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

ESPINOSA, B. (2019). “Correspondência entre Espinosa e Oldenburg”. In: FERREIRA, S. T. A correspondência entre Espinosa e Henry Oldenburg. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Filosofia, Universidade de São Paulo, São Paulo, p. 100-219.

ESPINOSA, B. (2009). Tratado Político Tradução, introdução e notas Diogo Pires Aurélio. São Paulo: Martins Fontes.

ESPINOSA, B. (2003). Tratado Teológico-político. Tradução, introdução e notas Diogo Pires Aurélio. São Paulo: Martins Fontes.

FEREZ, C. A. (2008). “El concepto de soberanía en Spinoza. Una lectura desde el Barroco”, in: TATIÁN, D. (comp.). Spinoza: cuarto coloquio. 1a ed. Córdoba: Brujas, pp. 161-70.

FEREZ, C. A. (2018). “Gobernar a las mujeres. La proposición xi, 4 del Tratado Político de Spinoza, o los problemas de la relación naturaleza e historia”, in: JABASE, A. L. et. al. (comp.). Spinoza Maledictus. Córdoba: Universidade Nacional de Córdoba, pp. 57-70. Republicado como (2020). “Gobernar a las mujeres: la proposición xi, 4 del Tratado Político, de Spinoza, o los problemas de la relación naturaleza e historia”. Aurora, vol. 32, nº 56, maio- ago. pp. 334-345.

FERREIRA, M. L. R. (2018). “Corpo potência e política – Espinosa e os direitos das mulheres”, in: Araucaria. Revista Iberoamericana de Filosofía, Política y Humanidades. Año 20, n. 39, Primer semestre, pp. 251-170.

FERREIRA, M. L. R. (2003a). “Descartes, Espinosa e os ecofeminismos”, in: Uma suprema alegria: escritos sobre Espinosa. Lisboa: Quarteto, p. 73-90.

FERREIRA, M. L. R. (2003b). “Haverá salvação para as mulheres? A hipótese do livro v da Ética de Espinosa”, in: Uma suprema alegria: escritos sobre Espinosa. Lisboa: Quarteto, pp. 250-267.

FERREIRA, M. L. R. (2007a). “Determinismo e salvação em Espinosa. O papel do corpo”, in: Conatus, vol. 1, n. 1, jul., pp. 55-65.

FERREIRA, M. L. R. (2007b). “Espinosa a partir de um poema”, in: Conatus, vol. 1, n. 2, dez., pp. 61-8.

FERREIRA, M. L. R. (2017) “Natureza/naturezas - contributos spinozianos para uma mundividência pós-humana”, in: BECKER, R. C. Spinoza e nós, volume 2. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, p. 35-48.

BECKER, R. C. (2010). “Spinoza, Hobbes e a condição feminina”. In: FERREIRA, M. L. R. (org.). O que os filósofos pensam sobre as mulheres. São Leopoldo: Unisinos, p. 115-36.

FRAGOSO, E. A. R. “A liberdade política da mulher no Tratado político de Spinoza”, in: tatián, d. (comp.). (2013). Spinoza, noveno coloquio. 1a ed. Córdoba: Brujas, pp. 143-152. Republicado como “A condição política da mulher no Tratado político de Benedictus de Spinoza”. In: BECKER, R. C. et al (org.) (2017). Spinoza e nós, volume 2. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, p. 300-11.

GATENS, M. (2003). Imaginary bodies. Ethics, power and corporeality. London and New York: Routledge.

GATENS, M. (2018). “The Condition of Human Nature. Spinoza’s Account of the Ground of Human Action in the Tractatus Politicus”, in: MELAMED, Y. Y.; SHARP, H. (ed.). Spinoza’s Political Treatise. A Critical Guide. Cambridge University Press, pp. 47-60.

GATENS, M. (2009). “The politics of the imagination”, in: GATENS, M. (ed.). Feminist interpretations of Benedict Spinoza. Pennsylvania: The Pennsylvania University Press, pp. 189-210.

GULLAN-WHUR, M. (2009). “Spinoza e a igualdade da mulher”, in: Conatus, vol. 3, n. 6, dez., Tradução de Antonio Dilamar Araújo e Marsana Kessey. Revisão técnica de Emanuel Angelo da Rocha Fragoso. pp. 95-108.

HOBBES, T. (1999). Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural.

JAQUET, C. (2008). “L’actualité du Traité Politque de Spinoza”, in: JAQUET, C.; SEVERAC, P.; SUHAMY, A. La multitude libre. Nouvelles lectures du Traité Politique. Paris: Éditions Amsterdam, pp. 13-26.

JAMES, S. (2008). “Democracy and the good life in Spinoza’s philosophy”, in: HUENEMANN, C. Interprating Spinoza. Critical essays. New York: Cambridge University Press, pp. 128-146.

JAMES, S. (2018) “Politically Mediated Affects Envy in Spinoza’s Tractatus Politicus”, in: MELAMED, Y. Y..; SHARP, H. (ed.). Spinoza’s Political Treatise. A Critical Guide. Cambridge University Press, pp. 61-77.

JAMES, S.(2012). Spinoza on Philosophy, Religion, and Politics. The Theologico- Political Treatise. New York: Oxford University Press.

JESUS, P. B. M. (2021). “Semelhança, imitação afetiva e vida comum”, in: Cadernos Espinosanos, nº 44, jan.-jun., pp. 133-52.

KLEVER, W. (2017) “A teoria política radical de Van den Enden por trás da teoria política de Espinosa”, in: BECKER, R. C. et al (org.). Spinoza e nós, volume 2. Rio de Janeiro: Ed. puc-Rio, pp. 334-367.

LARRAURI, M. (2006). “Espinosa e as mulheres”, in: Kalagatos, vol. 3, nº 6, Tradução Emanuel Ângelo Fragoso, pp. 211-44.

LAZZERI, C. (1998). Droit, pouvoir et liberté. Spinoza critique de Hobbes. Paris: Presses Universitaires de France.

LORD, B. (2011). “‘Disempowered by nature’: Spinoza on the political capabilities of women”, in: British Journal for the History of Philosophy, 19 (6), pp. 1085-106.

LORD, B. (2017). “The Free Man and the Free Market: Ethics, Politics, and Economics in Spinoza’s Ethics IV”, in: MELAMED, Y. (ed.). Spinoza’s Ethics. A critical guide. Cambridge: Cambridge University Press.

LOYD, G. (2009). “Dominance and Difference: A Spinozistic Alternative to the Distinction Between ‘Sex’ and ‘Gender’”, in: GATENS, M. (ed.). Feminist interpretations of Benedict Spinoza. Pennsylvania: The Pennsylvania University Press, pp. 29-42.

MANZINI, F. “When Was Spinoza Not Young Any More?”, in: MELAMED, Y. (ed.). The Young Spinoza. A metaphysician in the making. New York: Oxford University Press, pp. 196-204.

MATHERON, A. (1986). “Femmes et serviteurs dans la democratie spinoziste”, in: Antropologie et politique au xviie siecle: etudes sur Spinoza. Paris: Librairie philosophique J. Verin, Paris, pp. 189-208.

MATHERON, A. (1988). Individu et communauté chez Spinoza. Paris: Les éditions du minuit.

MATHERON, A. (2009). “Spinoza and Sexuality”, in: GATENS, M. (ed.). Feminist interpretations of Benedict Spinoza. Pennsylvania: The Pennsylvania University Press, pp. 87-106.

MENDES, A. (2013). O que pode a multidão? Constituição e instituição em Espinosa. 2013. Tese (Direito) – Faculdade de Direito, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 130

MOREAU, P-F. (2010).“El concepto de ingenium en la obra de Spinoza” (I e II), in: Ingenium, nº 1, enero-junio 2009, p. 3-12; nº 3, enero-junio p. 80-93.

NEGRI, A. (2016). Espinosa subversivo e outros escritos. Tradução Herivelto Pereira de Souza; seleção dos textos, revisão técnica e apresentação Homero Santiago. Belo Horizonte: Autêntica Editora.

POLLOCK, SIR F. (1921). Chronicon Spinozanum. Tomus Primus. Hagae Comitis, Curis Societatis Spinozae, pp. 66-78.

RAMOND, C. (1995). Qualité et quantité dans la philosophie de Spinoza. Paris: Presses Universitaires de France.

RAMOND, C. (2007). Dictionnaire Spinoza. Paris: Ellipses Édition Marketing sa.

ROCHA, M. C. L. (2012). “Algumas considerações sobre a condição das mulheres na teoria política de Spinoza”. In: . (comp.). Spinoza, octavo coloquio. 1a ed. Córdoba: Brujas, pp. 327-335.

RUBIO, L. E. (2008). “Historia, naturaleza humana y experiencia: nociones transitivas”, in: cordón, j. c.; garcía, m. k. c.. (coord.). Spinoza: de la física a la historia. Cuenca: Ediciones de la Universidad de Castilla-La Mancha, pp. 353-369.

SHARP, H. (2012). “Eve’s Perfection: Spinoza on Sexual (In)Equality”, in: Journal of the History of Philosophy, vol. 50, nº 4, oct. pp. 559-580.

SHARP, H. (2019). Feminism and Heterodoxy: Moira Gatens’s Spinoza”, in: Philosophy Today, vol. 63, issue 3, summer, pp. 795-803.

SHARP, H. (2011). Spinoza and the Politics of Renaturalization. Chicago; Londres: The University of Chicago Press.

SKEAFF, C. (2018). Becoming Political. Spinoza’s Vital Republicanism and the Democratic Power of Judgment. Chicago; Londres: University of Chicago Press.

SPINOZA, B. (1988). Correspondencia completa. Traducción, introducción, notas e índices Juan Domingo Sánchez Estop. Madrid: Hiperión.

SPINOZA, B. (2016). Political Traetise. In: The collected works of Spinoza, volume 2. Edited and Translated by Edwin Curley. Princeton; Oxford: Princeton University Press, p. 516-604.

SPINOZA, B. (2010). Politischer Traktat. Neu übersetzt, herausgegeben, mit Einleitung und Anmerkungen versehen von Wolfgang Bartuschat. Hamburg: Felix Meiner Verlag.

SPINOZA, B. (1972). Spinoza Opera. Im Auftrag der Heidelberger Akademie der Wissenschaften hrs. von Carl Gebhardt. Heidelberg, C. Winter.

SPINOZA, B. (2005). Traité politique. Troduction, notes, glossaires, index et bibliographie par Charles Ramond. Paris: Presses Universitaires de France.

SPINOZA, B. (1986). Tratado político. Traducción, introducción, índice analítico y notas de Atilano Dominguez. Madrid: Alianza Editorial.

SPINOZA, B. (2011). Trattato politico. Edizione critica del testo latino e traduzione italiana a cura di Paolo Cristofolini. Firenze: Edizioni ets, 2ª edizione.

STEINBERG, J. (2013). “Imitation, representation, and humanity in Spinoza’s Ethics”, in: Journal of the History of Philosophy, vol. 51, n. 3, july, pp. 383-407.

STERN, J. (2009). “The Orangist Myth, 1650-1672”, in: cruz, l.; frijhoff, w. (ed.). Myth in history, history in myth: proceedings of the Third International Conference of the Society for Netherlandic History (New York: June 5-6, 2006). Leiden and Boston: Brill.

TOSEL, A. (2008). Spinoza au l’autre (in)finitude. Paris: L’Harmattan.

VERBEEK, T. (2016). “Spinoza on natural rights”, in: campos, a. (ed.). Spinoza and law. Oxon; New York: Routledge, pp. 381-400.

VISENTIN, S. (2011). El movimiento de la democracia. Antropología y Política en Spinoza. Traducción de Augustín Volco. Córdoba: Encuentro Grupo Editor.

VISENTIN, S. (2017). “Espinosa republicano?”, in: BECKER, R. C. et al (org.). Spinoza e nós, volume 1. Rio de Janeiro: Ed. puc-Rio, pp 123-137.

VISENTIN, S. (2014). “O espaço da multidão”, in: GASSET, B. N. A. et al (org.). Spinoza e as Américas: volume 2. Fortaleza: Eduece, pp. 109-122.

WEST, D. (2009). “Reason, Sexuality and the Self in Spinoza”, in: gatens, m. (ed.). Feminist interpretations of Benedict Spinoza. Pennsylvania: The Pennsylvania University Press, pp. 107-124.

WEST, D. (2016). “Spinoza on positive freedom”, in: CAMPOS, A. (ed.). Spinoza and law. Oxon; New York: Routledge, pp. 367-380.

Downloads

Publicado

2021-12-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

David, A. (2021). Mito e história: o quebra-cabeça em torno das mulheres e da democracia no Tratado Político de Espinosa. Cadernos Espinosanos, 45, 87-133. https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2021.186585